Espacios. Espacios. Vol. 30 (4) 2009. Pág. 10

O empreendedor brasileiro no mapa tecnológico de países em desenvolvimento

The Brazilian enterpriser in the technological map of developing countries

El emprendedor brasileño en el mapa tecnológico de países en desarrollo

Sieglinde Kindl da Cunha, Yára Lúcia Mazziotti Bulgacov y Maria Lucia Figueiredeo de Mesa


3. Metodologia

O estudo classifica-se como descritivo exploratório e comparativo uma vez que busca alguns fundamentos teóricos para descrever e comparar o potencial de inovação e risco dos empreendimentos nos países em desenvolvimento e explorar o assunto com a finalidade de alcançar uma melhor compreensão do tema (MALHOTRA, 2001). Foram selecionados os países da América Latina (Peru, México, Argentina, Chile, Colômbia, Bolívia, Equador, Uruguai e Brasil) e do BRIS (Brasil, Rússia, Índia e África do Sul) que participaram da pesquisa GEM em 2008, por classificarem-se como países emergentes, pelo papel da atividade empreendedora na geração de emprego e renda e para o catching up destes países.

No que tange ao delineamento, a presente pesquisa caracteriza-se como pesquisa documental com o uso de fontes secundárias e registros estatísticos, uma vez que as informações trabalhadas foram obtidas das tabelas disponibilizadas pela pesquisa com população adulta do Global Entrepreneurship Monitor – GEM e entrevistas com especialistas realizadas pelo GEM, para o ano de 2008.

3.1 O Conceito de Empreendedor da Pesquisa GEM

Para análise do potencial inovador dos empreendimentos, os dados da pesquisa GEM são agrupados utilizando a tipologia que classifica as empresas pela motivação (empreendedorismo por necessidade e por oportunidade) e pelo estágio (empresas nascentes, as iniciais e as estabelecidas) . Estas informações foram cruzadas com as informações das empresas que lançam produtos novos e pouco conhecidos ou conhecidos pelo mercado. Também foram utilizadas as informações dos empreendimentos que usam tecnologias novas ou tecnologias disponíveis no mercado. Para a análise do potencial de mercado das empresas inovadoras foram utilizados os dados sobre níveis de concorrência e expectativa de exportação. Com base na pesquisa GEM elaborou-se uma tipologia de inovação compatível com o conceito schumpeteriano de inovação. (Quadro 1).

Quadro 1
Relação entre os tipos de inovação no conceito de Schumpeter (1982)
e as variáveis utilizadas pela Pesquisa GEM.

Tipos de Inovação Variáveis correspondentes utilizadas na Pesquisa GEM
Novo produto e/ou serviço Grau de conhecimento do produto e/ou serviço no mercado
Novo Método de Produção Grau de utilização de novas tecnologias e processos
Novas fontes de matérias-prima Não há variável correspondente
Abertura de mercado Grau de concorrência e expectativa de exportação
Criação de um novo tipo de organização industrial Não há variável correspondente
Fonte: Elaboração dos autores

3.2. Modelo de Potencial de Inovação e Risco dos Empreendimentos em Países emergentes

Com a finalidade de ilustrar o ambiente propício dos diferentes países para empreendimentos inovadores utilizou-se o modelo de potencial de inovação e risco elaborado por Cunha (2008), que adapta a matriz de mercado tecnológico de Thukral et al (2008), às informações de potencial de inovação da pesquisa GEM. Com esta tipologia busca-se identificar os países com características de empreendimentos schumpeterianos, ou seja, que lançam no mercado, produtos ou processos que são radicalmente diferentes, que criam novos modelos de negócios e geram um diferencial competitivo no mercado.

Como indicadores sobre potencial de inovação utiliza-se a classificação definida na pesquisa GEM: o percentual de produtos novos lançados pelos empreendedores e a utilização de tecnologias disponíveis a menos de um ano. Para demonstrar o poder de mercado dos empreendimentos utilizam-se os indicadores de: quantidade de concorrentes e expectativa de exportação.

Figura 1.
Potencial Tecnológico e risco dos empreendimentos por países

Figura 1

O modelo do Potencial de Inovação (CUNHA 2008), representado na figura 1, mostra no eixo vertical o potencial dos empreendimentos em relação à novidade dos produtos no mercado. Os empreendimentos dos países selecionados que se encontram mais próximos da origem são menos inovadores, pois, lançam produtos já conhecidos por todos os consumidores. O eixo vertical apresenta a idade da tecnologia usada nos diferentes países, ou seja, se o grau de maturidade da tecnologia utilizada nos empreendimentos está mais próximo da origem, os empreendimentos caracterizam-se por utilizarem tecnologias já conhecidas e menos inovadoras.

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