The industry of hospital products and the support infrastructure in the inward of São Paulo's State
La industria de productos hospitalarios y de infraestructura de apoyo en el interior del estado de São Paulo
José Henrique Souza y Josmar Cappa
Os dados da RAIS apresentados na tabela 09 demonstram a concentração de empresas ligadas ao ramo da saúde no Estado de São Paulo. Este estado tem predominância de empresas de materiais e instrumentos médicos, mas, em termos absolutos concentra mais empresas do que qualquer outro estado, nas cinco classes de fabricantes. Os dados da RAIS demonstram que o Estado de São Paulo concentra mais de 45% dos fabricantes de produtos médicos do país. Das 2.620 empresas encontradas na RAIS, 1.187 estão em solo paulista. O segundo estado que mais tem fabricantes, Minas Gerais, é sede de apenas 267 empresas.
Prevalecem em todos os estados as empresas fabricantes de aparelhos e instrumentos para usos médico-hospitalares, odontológicos e de laboratórios e aparelhos ortopédicos (37,3%). Tal tendência, entretanto, é mais acentuada nos estados do Paraná e Santa Catarina com 55,4% e 47,8%, respectivamente. Rio de Janeiro e Goiás têm uma participação grande de fabricantes de medicamentos e, também, de instrumentos.
Tabela 9- Número de Empresas Industriais e de Manutenção de Produtos Médicos Por Estados
Classes: Fabricantes de... |
TOTAL |
MG |
RJ |
SP |
PR |
SC |
RS |
GO |
Produtos farmoquímicos |
197 |
17 |
37 |
52 |
16 |
11 |
15 |
15 |
Medicamentos para uso humano |
647 |
68 |
81 |
256 |
34 |
25 |
47 |
35 |
Materiais para usos médicos, hospitalares e odontológicos |
411 |
50 |
27 |
198 |
33 |
16 |
20 |
14 |
Aparelhos e instrumentos para usos médico-hospitalares, odontológicos e de laboratórios e aparelhos ortopédicos |
1.154 |
117 |
76 |
541 |
108 |
55 |
80 |
37 |
Aparelhos e instrumentos de medida, teste e controle - exceto equipamentos para controle de processos industriais |
211 |
15 |
13 |
140 |
4 |
8 |
25 |
0 |
Total |
2.620 |
267 |
234 |
1.187 |
195 |
115 |
187 |
101 |
Fonte: Rais. Elaboração dos autores.
Utilizando uma segunda fonte de dados (cadastro da Abimo e de Fornecedores), concentrando o estudo no Estado de São Paulo e apenas em empresas produtoras de equipamentos e insumos médicos, isto é, exceto medicamentos, também pode-se notar o alto grau de concentração regional dessas indústrias. As empresas brasileiras de produtos médicos, exceto medicamentos, estão concentradas no estado de São Paulo (cerca de 75% dos fabricantes do país). Nesse estado foram identificadas 325 empresas e, aumentando o detalhamento para o nível de municípios, observa-se que, 192 delas (45%) estão na capital. O segundo município paulista com mais fabricantes é Ribeirão Preto com 18 empresas (4,16%), seguido de Campinas com 11, Barueri com 10 e Rio Claro, também com 10 empresas.
Considerando um polígono próximo à Viracopos compreendendo a Região Metropolitana de São Paulo e as cidades no entorno de Campinas, Sorocaba, Ribeirão Preto e São Carlos encontram-se 304 (70,2%) das 433 empresas de produtos médicos localizadas por nossa pesquisa.
Tabela 10 - Polígono Paulista de Fabricantes de Produtos Médicos
Cidade |
Número de fabricantes |
% do Total Nacional |
São Paulo |
192 |
44,3% |
Ribeirão Preto |
18 |
4,2% |
Campinas - Região Metropolitana |
14 |
3,2% |
Barueri |
10 |
2,3% |
Rio Claro |
10 |
2,3% |
Diadema |
7 |
1,6% |
Guarulhos |
6 |
1,4% |
Osasco |
6 |
1,4% |
São Carlos |
6 |
1,4% |
São Caetano do Sul |
5 |
1,2% |
Cidades com três fabricantes: Amparo, Cotia e São Roque |
9 |
2,1% |
Cidades com dois fabricantes: Itu, Mogi das Cruzes, Piracicaba e Sorocaba |
8 |
2,0% |
Total Regional |
304 |
70,2% |
Total Nacional |
433 |
100,0% |
Fonte: pesquisa dos autores
É conhecido o fato de que a concentração industrial pode ter impactos positivos na cadeia produtiva, especialmente se ocorre especialização e vínculos com agentes de apoio (instituições de classe, ensino, pesquisa, crédito e governo). Um número significativo de empresas que atuam em torno de uma atividade produtiva principal pode se beneficiar de uma infra-estrutura comum de apoio e da ampliação de fornecedores de insumos, máquinas, materiais, serviços industriais ou pesquisas universitárias. Pode-se tratar, nesse caso, da formação de um Arranjo Produtivo Local (APL).
Cassiolato e Szapiro (2003) acrescentam outras condições favoráveis, como, por exemplo: mão-de-obra qualificada; atividades correlacionadas; articulação externa para escoar a produção e captar tecnologia; interdependência entre as empresas e demais agentes; cooperação, solidariedade e reciprocidade e instituições locais capazes de promover o desenvolvimento, a inovação e o fluxo de informações sobre tecnologia e mercado.
A região do “polígono paulista de fabricantes de produtos médicos” concentra perto de 300 empresas e importantes centros formadores de mão-de-obra especializada tanto de nível técnico quanto superior. A área também conta com infra-estruturas de apoio à distribuição e ao contato com o mercado externo, grande número de hospitais e a presença de renomados centros pesquisa. A concentração de poder de compra, infra-estrutura e capacidade produtiva nessa região é um fator favorável para o avanço externo das empresas de produtos médico-hospitalares. O problema, portanto, é saber como o poder público poderia otimizar equipamentos como Viracopos, a infra-estrutura viária e a oferta tecnológica, a demanda hospitalar e a capacidade produtiva da indústria local de bens para a saúde humana.
O desenvolvimento industrial envolve o “upgrading” tecnológico de produtos ou processo, a entrada em atividades novas, crescimento do conteúdo local e controle de tarefas industriais tecnologicamente mais complexas. Para isso, a indústria local precisa entrar em segmentos mais sofisticados e que apresentem maiores riscos, curvas de aprendizagem, valor agregado e possibilidades expansão futura, como os dados internacionais do comércio de produtos médicos demonstram.
O apoio público, a exemplo do que ocorre nos países europeus e em países em desenvolvimento como Coréia e China, pode viabilizar a ampliação do uso da infra-estrutura física e humana necessárias à capacitação tecnológica empresarial. Disponibilizar serviços de apoio técnico, de informação e de pesquisa, desenvolvimento e transporte pode reduzir a vulnerabilidade das empresas brasileiras de produtos médicos. Caso contrário, essas indústrias podem tender a se dedicar apenas à fabricação de produtos de baixo conteúdo de conhecimento, ou as mudanças na fronteira logística e tecnológica mundiais continuarão a solapar as vantagens competitivas já adquiridas.