ISSN-L: 0798-1015 • eISSN: 2739-0071 (En línea)
https://www.revistaespacios.com Pag. 20
Vol. 43 (12) 2022 • Art. 2
Recibido/Received: 30/09/2022 Aprobado/Approved: 10/12/2022 Publicado/Published: 15/12/2022
DOI: 10.48082/espacios-a22v43n12p02
Estudo de caso: avaliação da percepção do desenvolvimento
de competências técnicas de Administração de discentes de
Engenharia Civil
Case study: assessment of the perception of the development of technical competece of
management of civil engineering academics
PASSOS-DE-OLIVEIRA, Antonio Carlos S. do N.
1
OLIVEIRA, Irlane P.
2
CRUZ, Heitor B.
3
Resumo
O presente trabalho teve por objetivo analisar o grau de interpretação, qualidade argumentativa no
desenvolvimento da competência técnica de uma turma da disciplina de Noções de Administração para
Engenheiros, ministrada em uma Instituição de Ensino Superior no curso de Engenharia Civil durante o
período remoto, a partir da análise de vídeos apresentados pelos discentes. Como consequência,
observou-se a existência de dificuldades na interpretação da íntegra da competência, além de
carregarem estruturação argumentativa insuficiente, pelo menos conforme Toulmin, 2001.
Palavras-chave: competência; comunicação; estruturação argumentativa
Abstract
The present work aimed to analyze the degree of interpretation, argumentative quality in the
development of the technical competence in a class of the discipline of Notions of Administration for
Engineers, taught in a Higher Education Institution in the Civil Engineering course during the remote
period, by the analysis of videos presented by the students. As a consequence, difficulties were observed
in the interpretation of the competence in its entirety, in addition to carrying insufficient argumentative
structuring, at least according to Toulmin, 2001.
Keywords: competence; communication; argumentative structuring
1. Introdução
Em 2019, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação em Engenharia (DCNs) mudaram. Foram
instituídas competências que deveriam ser desenvolvidas ao longo do processo de formação, a fim de que essa
seja vista não como um corpo de conhecimento, mas sim como “Um processo que envolve as pessoas [...] que
1
Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará. Brasil. profnascimento@unifesspa.edu.br
2
Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará. Brasil. irlanepardinho06@gmail.com
3
Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará. Brasil. heitor.cruz@unifesspa.edu.br
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requer empatia, interesse pelo usuário, além da utilização de cnicas que permitam transformar a observação
em formulação do problema a ser resolvido” (Ministério da Educação, 2019, p.29) .
Conforme Durand (2015), a competência entendida como uma associação entre três dimensões: conhecimento,
habilidade e atitudes; podem ser um modelo [que] engloba não o processo de gestão, mas também de
estrutura organizacional, decisão estratégica e analogias sociais” (SOUZA et al. 2008 p.8), assim, pode-se aplicar
a visão de Durand para as competências instituídas com as novas DCNs. Partindo da flexibilização oferecida pelas
próprias DCNs, é possível entender o estabelecimento de competências gerais e a abertura para o surgimento
de competências específicas, as quais devem se moldar a depender das necessidades particulares de cada
formação.
Tratando-se do curso de Engenharia, entre as competências específicas é possível destacar a relevância apontada
pela existência de competências técnicas.
“A busca de soluções técnicas, como parte deste processo, se utiliza do conhecimento técnico da matemática,
das ciências, das ciências da engenharia, para que se alcance o resultado que seja tecnicamente viável e desejável
para o usuário final (Ministério da educação, 2019, p.29). Lawrence (2000) descreve as competências
ocupacionais ou técnicas como conhecimentos técnicos específicos usados em funcionalidades específicas, nesse
sentido, no cenário da engenharia.
As competências técnicas exploradas pelo plano de ensino de engenharia abrangem a avaliação de uma estrutura
organizacional, assim como, seus respectivos componentes, fundamentando-se em um arcabouço teórico
predeterminado, identificando pontos positivos, negativos, tangíveis ou não; fomento do desenvolvimento de
competências a partir da utilização de técnicas particulares e a elaboração e avaliação de políticas de inclusão,
motivação e aperfeiçoamento.
Tendo em vista a implementação esporádica do modelo de Ensino Remoto Emergencial (ERE) durante o período
letivo do ano de 2020, em função da pandemia provocada pelo SARS-CoV-2, questiona-se a efetividade no
desenvolvimento do novo plano de ensino: apesar do planejamento para aplicação da formação por
competências estar de certa forma preparado para instituição em meio ao ensino remoto, a problemática tem
sua ótica voltada para a recepção dos discentes às modificações implementadas.
Dessa forma, o presente trabalho analisa a percepção dos discentes frente a competência técnica, partindo de
um exercício de demonstração de assimilação de conteúdo adquirido e aplicado, de forma que possam ser
avaliadas sua capacidade de interpretação e capacidade argumentativa ao tentar demonstrar o desenvolvimento
individual da competência.
O método de análise argumentativa aplicado neste trabalho é descrito em Toulmin, 2001, o qual defende a
constituição do argumento a partir da conexão entre um dado e uma justificativa, que consequentemente
sustentam uma conclusão.
Sendo assim, esse trabalho pretende avaliar, a partir de um estudo de caso, a percepção do desenvolvimento da
competência técnica ligada a disciplina de Noções de Administração para Engenheiros de discentes do curso de
Engenharia Civil, de uma Instituição de Ensino Superior Pública (IESP) do sudeste do estado do Pará (Brasil). A
disciplina Noções de Administração para Engenheiros, foi ministrada completamente em suporte virtual, com
aulas síncronas e assíncronas, serviu de suporte para o implemento e análise do desenvolvimento das novas
DCNs. Pretende-se identificar dado, justificativa e conclusão, formando um argumento de acordo com a definição
de Toulmin (2001), assim avaliando a percepção presente no discurso dos discentes se sustenta enquanto um
argumento: eles desenvolveram ou não a competência e se percebem se sim ou não.
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1.1. Competência técnica de comunicação em suporte virtual
Leme (2005) define competência por meio da associação existente entre competências técnicas e competências
comportamentais. O autor agrupa, dessa forma, conhecimento e habilidade (o saber e o saber fazer) como
competências técnicas, que ao ser trabalhado em conjunto com a atitude (o querer fazer), interpretada como
competências comportamentais, gera a competência na íntegra.
Considerando se tratar de uma disciplina ministrada ao longo do período remoto devido a pandemia do SARS-
CoV-2, a comprovação do que se denomina competências comportamentais é desafiadora e de difícil verificação,
devido o desenvolvimento de atividades em suporte virtual inviabilizar a demonstração ao vivo, muitas das vezes
devido a questões como: fonecimento e acesso a internet, por exemplo. Assim, a tomada de atitudes,
relacionada ao querer fazer de Leme (2005), poderia ser simulada ou terceirizada pelo discente, sem se ter como,
conforme supracidade, constatar ou não a veracidade da autoria de uma ou outra atividade, caso ela fosse
assíncrona. Conclui-se que trabalhar o exercício de competências técnicas ao longo do período remoto traduziu-
se em um método pragmático de avaliação, desde que, se tivesse como visualizar a execuação da atividade, por
isso, a escolha pela apresentação do argumento por meio de audiovisual, mesmo que não sendo ao vivio,
mostraria algum engajamento em preparar-se para expor um argumento.
2. Metodologia
O estudo de caso desenvolvido em questão analisou uma turma da disciplina de Noções de Administração para
Engenheiros, componente curricular do curso de Engenharia Civil de uma Instituição de Ensino Superior Pública
no sudeste do Pará. Essa turma, constituída por oito discentes em seu sétimo período de curso, deveria
demonstrar o desenvolvimento das seguintes competências técnicas, respectiviamente, primeira, segunda e
terceira:
Utilizar cnicas para fomentar o desenvolvimento de competências, tanto pessoais, como também em
colaboradores, com a devida fundamentação científica.
Elaborar e avaliar políticas de inclusão, motivação e aperfeiçoamento de colaboradores, com bases e técnicas
que possuam amparo científico.
Avaliar com base em arcabouço teórico a estrutura organizacional e seus componentes, propondo melhorias e
valorando pontos positivos e negativos, tangíveis e intangíveis.
A fim de possibilitar o desenvolvimento de tais competências, houve a realização de rodas de conversa síncronas
semanais abordando temáticas específicas, atreladas ao proposto no conteúdo programático da disciplina de
Noções de Administração para Engenheiros. No intuito de preparar os discentes para as abordagens da
Administração, foi sugerida a leitura do livro Teoria Geral da Administração - Idalbeto Chiavenato, assim como,
assistir a vídeo-aulas (material assíncrono) voltadas ao assunto que seriam tratado na semana seguinte,
aplicando o método de sala de aula invertida.
A disciplina está dividida em 3 unidades. Assim, tanto o livro como as vídeo-aulas tratavam das abordagens
Clássica, Humanística, Neoclássica, Estruturalista, Comportamental e Sistêmica, as quais compõem a primeira
unidade da disciplna, ou seja, a Unidade 1 da disciplina. Nessa unidade foram realizadas quatro atividades, que
consistiam de questionamentos na roda de conversa, perguntas abertas sobre a aplicação de determinada
abordagem que estivesse sendo pauta da conversa no contexto da Engenharia Civil.
Para Unidade 2, foi fornecido um exercíco que figurou como como atividade 5 (essa unidade trataba sobre os
Níveis hierárquicos. Estudos sobre gerentes: papéis interpessoais, papéis de processamento de informações,
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papéis de decisão. Competências gerenciais); Na Unidade 3 (que trataba sobre A diversidade nas equipes.
Políticas Inclusivas nas organizações) também foi fornecido um exercício sendo ela a atividade 6 da disciplina.
Em ambas utilizou-se a estratégia de Aprendizagem baseada em Problemas. É possível visualizar nas figuras 1 e
2 as atividade 5 e 6, as quais foram selecionadas para serem expostas neste estudo, apenas a título de ilustração.
Para avaliar a percepção dos discentes, sobre terem ou não desenvolvido a competência técnica de comunicação,
foi solicitado um vídeo em que eles de maneira argumentativa expusessem, individualmente, por qual razão
entendiam que tinham desenvolvido a competência supracitada na disciplina. No presente trabalho, foram
analisadas as respostas dos discentes com relação à terceira competência técnica. Para auxiliar na exposição dos
resultados, os discentes foram denominados por algarismos arábicos, variando de 1 a 8.
Figura 1
Problema correspondente a unidade 2
Fonte: autores.
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Figura 2
Problema correspondente a unidade 3
Fonte: autores.
Com base no vídeo, foi analisado o argumento, de acordo com a visão de Toulmin (2001) sobre a estrutura
mínima de um argumento (figura 3). O Esquema de Argumento de Toulmin (2001), também conhecido como
Toulmin’s Argument Pattern (TAP), propõe uma estruturação para o argumento, baseada em alguns elementos
fundamentais: dado, justificativa e conclusão. Conforme Toulmin (2001), é possível estruturar um argumento
apenas com esses três elementos, contudo, a fim de que “um argumento seja completo, pode-se especificar em
que condições a justificativa apresentada é válida ou não, indicando um peso para tal justificativa”
(KASSEBOEHMER; QUEIROZ e SÁ, 2014, p. 151).
Dessa forma, os elementos necessários para a formação de um bom argumento devem incluir uma garantia, uma
refutação de justificativa e certos qualificadores morais que condicionem a validade da justificativa. Tais
elementos podem ser identificados e discutidos em diferentes interpretações e adaptações do TAP, como por
exemplo, em Zohar e Nemet (2002), como também, em Kelly e Takao (2002), entretanto este trabalho se
restringe ao uso da estrutura simplificada presente na Figura 3. Consoante o exposto nessa figura, é possível
associar um dado a uma conclusão caso exista uma justificativa capaz de comprovar a relação existente entre os
dois termos e caso exista uma garantia capaz de comprovar a veracidade da justificativa exposta.
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Figura 3
Estrutura de argumento
segundo Toulmin (2001)
Fonte: adaptado de Toulmin (2001)
3. Resultados e discussões
O discente 1, no que tange ao exercício da competência técnica 3, nos fornece a seguinte afirmação:
Ela foi realizada durante a apresentação 2, onde foram mostrados grupos da teoria estruturalista, que era
muito a parte do meu grupo, e falava sobre apego de regulamentos, sobre as resistências de mudanças,
sobre excesso de formalismo, e também sobre outros pontos bons né, que seriam a rapidez nas decisões, a
confiabilidade e a constância do dia a dia de trabalho”.
O discente 1 afirma que a competência foi “realizada” ao longo de sua apresentação. Reescrevendo a frase,
substituindo o artigo que faz referência à competência pela sua descrição, tem-se:
A avaliação com base em arcabouço teórico da estrutura organizacional e seus componentes, além da proposição
de melhorias e valoração de pontos positivos e negativos, tangíveis e intangíveis foram realizadas durante a
apresentação 2, onde foram mostrados grupos da teoria estruturalista e falamos sobre apego de regulamentos,
sobre as resistências de mudanças, sobre excesso de formalismo, e também sobre outros pontos bons né, que
seriam a rapidez nas decisões, a confiabilidade e a constância do dia a dia de trabalho.
Pode afirmar-se que houve uma avaliação da estrutura organizacional e seus componentes a partir dos fatores
elencados pelo discente (apego de regulamentos, resistências de mudanças, excesso de formalismo,rapidez nas
decisões confiabilidade e constância do dia a dia de trabalho). Percebe-se, na fala do discente 1, a frase: “e
também sobre outros pontos bons né” que a entender que todos os “pontos” elencados anteriormente
assumem caráter negativo e os subsequentes, portanto, caráter positivo. Desse modo, é possível afirmar que o
discente valorou pontos positivos e negativos, que podem ser interpretados como tangíveis ou intangíveis
individualmente.
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De certa forma, pode-se entender que o discente aplica o solicitado na competência, quando cita pontos
positivos e negativos que foram identificados no que se supõe ser a estrutura organizacional de uma empresa.
Contudo, não foi identificada a proposição de melhorias, tampouco o arcabouço teórico utilizado como base
para a realização de tal análise. Desse modo, o discente atende com sucesso apenas a uma das três orações que
fazem parte da competência técnica 3.
O discente 2, no que se refere à competência técnica 3, mostrou no vídeo um registro de uma apresentação que
ultilizou para responder atividade 5, na qual é possível visualizar um organograma que representa uma sugestão
de reestruturação de uma empresa. Não é possível visualizar (o discente também não cita) que fontes
acadêmicas utilizou para avaliar a estrutura organizacional, além disso, não é possível identificar se foram
valorados pontos positivos e negativos, tangíveis e intangíveis". Tampouco foi mencionado o conceito obtido
pelo discente 2 nessa apresentação, não se sabendo ao certo quanto de êxito foi obtido e, portanto, não é
possível confirmar o cumprimento da competência.
O discente 3 apresentou o seguinte discurso:
A gente trabalha essas informações, [...] um exemplo disso é a parte onde a gente fala da estrutura
organizacional aqui no slide 17 até o 20 a gente consegue trabalhar essa competência.”
O discurso apresentado pode ser interpretado de forma que o slide 17 até o 20 presente na apresentação do
discente é dado como garantia para o cumprimento da competência: O discente afirma que a competência foi
cumprida quando diz “a gente consegue trabalhar essa competência”, o verbo conseguir, utilizado na frase
ressalta o sucesso no processo de “trabalho” da competência, portanto conforme Toulmin (2001) se pode ter
figura 4:
Figura 4
Fonte: autores.
Caso “falar da estrutura organizacional” compreenda avaliar com base em um arcabouço teórico, propor
melhorias e valorar pontos positivos e negativos, tangíveis e intangíveis e isso possa ser comprovado ao observar
os slides 17 até o 20, o discente 3 cumpriu a competência.
Entretanto, como a existência da apresentação de slide foi apenas citada pelo discente e em nenhum momento
evidenciada, o foi possível identificar a avaliação da estrutura organizacional por meio desse discurso,
tampouco seria possível encontrar o arcabouço teórico utilizado, a proposição de melhorias e a valoração de
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pontos positivos e negativos sem a análise do conteúdo da apresentação de slides utilizada pelo discente na
apresentação. Portanto, como não é possível avaliar o conteúdo da apresentação do discente e como ele não fez
menção ao conceito obtido com a avaliação dessa apresentação, a competência não pode ser considerada
cumprida pelo discente 3, por ausência de garantia.
Quando não se tem acesso à garantia, é preciso que exista uma validação dela, nesse caso, o conceito obtido a
partir da avaliação do conteúdo da apresentação de slides seria determinante para assegurar que o conteúdo
dos slides 17 até 20 é coerente com o exposto no discurso.
O discente 4, por sua vez, apresenta a estrutura organizacional de uma empresa, realizada como soliticação de
uma atividade desenvolvida ao longo do período de exercício da disciplina. É possível identificar que o discente
obteve sucesso na criação de um modelo de estrutura organizacional, entretanto, até mesmo em sua fala, o
discente não cita a execução do solicitado no restante da competência, então não se pode afirmar que o discente
tem a capacidade de valorar pontos positivos e negativos, tangíveis e intangíveis de uma estrutura
organizacional, portanto o discente foi capaz de desenvolver apenas parte da competência:
“Avaliar em arcabouço teórico a esturtura organizacional e seus componentes. Bem, aqui foi um estudo de
caso que foi realizado ao longo da disciplina, onde o professor lançou o desafio de fazermos a reestruturação
organizacional dessa empresa, onde antes os departamentos estavam ligados à presidência, e eles tinham
um déficit de lucro. A partir do conhecimento adquirido foi possível fazer essa estrutura né, de acordo com
a teoria estruturalista da administração, que administra estruturas, pessoas e ambientes dependendo do tipo
de atividade desenvolvida por essa empresa.”
O discente 5 aparentemente não entendeu o objetivo da atividade: entendeu que as competências deveriam ser
aplicadas ao profissional da área de engenharia, contudo, em nenhum momento percebeu que deveria se colocar
no lugar de um profissional, afinal é isso que está a caminho de se tornar, e que essa atividade serviria para
comprovar não apenas o entendimento do significado das competências, mas também a sua aplicação.
“A nossa terceira competência ela diz que o profissional deve avaliar com base em arcabouço teórico a
estrutura ornaganizacional e seus componentes, propondo melhorias e valorando pontos positivos e
negativos. Então aqui a gente volta la nos tempos passados, na organização clássica onde era baseada na
hierarquia, cada um no seu quadrado, cada um com sua assunção de função e responsabilidade dentro da
empresa, então ele vai avaliar se aquela organização é a ideial, é a necessária pra aquela empresa, caso não,
ele vai trabalhar de uma maneira mais moderna, buscando novos conceitos, novas organizações e
implementando aquilo que ele acha correto e melhor para que ele e aquela empresa possam crescer em
produtividade.”
Dessa forma, esse discente gravou vídeos explicando o que as competências significavam, também fazendo uso
de sinônimos das palavras presentes em seus slides e em nenhum momento se propôs a defender a execução
particular de tais competências.
os discentes 6, 7 e 8 apresentaram registros imagéticos para comprovar a execução da competência, porém
deram a imagem como justificativa, sem explicar de que forma tal imagem ou tal situação ilustrada pela imagem
poderia ser capaz de representar o cumprimento da competência. Houveram dados iniciais e dados finais, mas
não houve argumentação capaz de comprovar a relação entre os primeiros e os últimos.
Outrossim, observou-se na apresentação do discente 7 (Figura 5) uma tentativa de resumir o conteúdo da
competência, supostamente suprimindo palavras consideradas desnecessárias para o entendimento da
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competência. Entretanto, a supressão realizada é radical de tal forma que exclui grande parte das ações
solicitadas:
Figura 5
Fonte: Autores.
Conclui-se que o discente 7 não foi capaz de desenvolver a competência, afinal o texto exposto em sua
apresentação não expressa a competência por completo e as ações suprimidas sequer são mencionadas ao longo
da oratória do discente.
Em suma, nenhum dos discentes foi capaz de desenvolver a competência em sua totalidade. A maioria
apresentou dados e justificativas para confirmar o exercício da competência, entretanto, por ausência de
garantias não foi possível alcançar a conclusão almejada. Ainda houveram aqueles que, de modo geral, não
atenderam à todos os requisitos solicitados, apresentando vídeos que comprovavam apenas a realização de uma
parcela do conteúdo descrito na competência. Observou-se também que os discentes não foram capazes de
apresentar uma estrutura argumentativa adequada à descrita por Toulmin (2001), tornando-se necessário
reformular e reordenar algumas sentenças para tornar plausível a identificação/ausência dos elementos.
Além disso, foi perceptível a carência interpretativa de alguns discentes, tendo em vista o conteúdo solicitado
pela atividade e o conteúdo apresentado nos vídeos, o que ressalta uma deficiência existente no entendimento
do que está sendo lido.
4. Considerações finais
O estudo de caso realizado no presente trabalho forneceu um cenário no qual o nivel argumentativo dos
presentes discentes pode ser considerado precário, caso seja analisado pela ótica do modelo apresentado por
Toulmin (2001). Tendo grande parte dos discentes se restringido apenas à parte inicial da competência e a
valoração de pontos positivos e negativos se fazer presente na menor parte dos resultados obtidos, isso sugere
a necessidade de se trabalhar com maior efetividade a interpretação textual e o entendimiento do que está
sendo solicitado.
A demanda por garantias que comprovem a veracidade das informações que são apresentadas foi o principal
aspecto que condenou o desenvolvimento da competência por parte dos discentes. Em suma, reafirma-se a
possibilidade de utilização do modelo TAP no intuito da construção de uma estrutura argumentativa adequada,
principalmente para verificação do alcance ou não do desenvolvimento de uma dada competência.
É importante que a avaliação do desenvolvimento de competências se apoie em uma analise que não seja
alicerçada exclusivamente na opinião pessoal do docente, como ainda, que esteja evidente ao discente os
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motivos que levem a considerar que ele não devenvolveu uma dada competência, nesse sentido, o modelo TAP
atende a questão.
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