Vol. 39 (Nº 35) Ano 2018. Pág. 7
Daniel Costa Vianna MUCCIOLO 1
Recebido: 21/03/2018 • Aprovado: 30/05/2018
RESUMO: Este artigo investiga os temas com mais ocorrência na pesquisa em educação no Brasil entre os anos de 2012 e 2017 nos periódicos acadêmicos mais bem avaliados pela CAPES. Sua metodologia consistiu na coleta e quantificação das palavras-chaves dos artigos publicados nestes periódicos. Os temas mais ocorrentes foram: educação, formação de professores, educação superior, educação especial e currículo. |
ABSTRACT: This article investigates the most frequent themes in educational research in Brazil between the years of 2012 and 2017 in the academic journals best ranked by CAPES. Its methodology consisted in the collection and quantification of the keywords of the articles published in these journals. The most frequent themes were: education, teacher training, higher education, special education and curriculum. |
Esse artigo busca responder uma indagação de quais seriam os temas que mais interessam os pelos pesquisadores do campo da educação no Brasil. Para isso, foi necessário realizar um levantamento sobre os temas dos artigos publicados nas revistas acadêmicas brasileiras focadas em educação e que são consideradas as que possuem mais impacto na comunidade científica pelo órgão que incentiva o crescimento da pós-graduação no Brasil. Para operacionalizar esta pesquisa, foram utilizadas técnicas de análise de bancos de dados que realizaram a quantificação das palavras-chaves dos artigos encontrados nestes periódicos. Esse estudo tem sua relevância pois através dele é possível obter um panorama da recente produção recente da pesquisa em educação no Brasil, podendo ser de grande valia para outros pesquisadores que se dedicam a pesquisa em educação no Brasil, contribuindo para entender o cenário atual ao apresentar dados recentes da publicação nacional da área.
Diversos autores se debruçaram sobre a pesquisa em educação no Brasil, sendo assim, foi possível encontrar estudos que colaboração para o entendimento da consolidação da pesquisa na área e apresentasse outros dados com relação a temática de interesse dos pesquisadores. Torna-se necessário também, uma incursão sobre a pós-graduação em educação no Brasil, pois segundo as autoras Macedo & Sousa (2010, p.166): “Em áreas como a educação, praticamente toda pesquisa é desenvolvida nos programas de pós-graduação ou por sujeitos formados para a pesquisa nesses programas”.
O estudo de Gatti (1983) realiza um levantamento sobre os cursos de pós-graduação brasileiros em educação nos anos de 1978 a 1981, trazendo informações de diversos aspectos das pesquisas realizadas, tais quais, o número de cursos, alunos, trabalhos de conclusão defendidos, o nível de formação dos docentes e outras. Uma das seções do artigo fala sobre o conteúdo das pesquisas, apresentando uma tabela com a porcentagem de ocorrência sobre cada assunto, a subdivisão é bem limitada e os conteúdos com maior ocorrência foram: Currículo (15%), Educação Não formal/Educação Popular (13%), Diversos (12%), Análise histórico-filosóficas (11%), Aluno (10%) e Ensino/Aprendizagem (10%). Segundo a autora: “Predominam os estudos de currículo, ou seja, aqueles estudos que se referem a disciplinas, suas estruturas ou conteúdos. Destes estudos, a maioria diz respeito ao ensino superior” (1983, p. 13). Essa temática encontrada pela autora e com uma distância temporal de quase quarenta anos do presente artigo apresenta um resultado diferente do observado atualmente que será apresentado na seção de resultados posteriormente.
Ferreira (2009) realiza uma análise das tendências da pesquisa educacional no Brasil, traçando resumidamente o histórico da consolidação do campo da pesquisa educacional, a autora afirma que a década 1930 marca início do desenvolvimento da produção na área e que os principais fatores que determinaram foram: o processo de industrialização do país, a criação do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (INEP), a circulação da Revista do Professor e o espaço educacional da Universidade São Paulo (USP). A autora também afirma que a década de 1960 consolidou um espaço para a pós-graduação tendo um grande aumento nos números de cursos da área e a consequência foi o aparecimento de “uma diversidade de metodologias, referências, abordagens, muitas vezes, até confusas, na área da pesquisa educacional. Do mesmo modo. Há uma preocupação maior em abordar sobre os processos e não produtos, debruçando-se sobre o cotidiano escolar, focalizando o currículo, as interações sociais na escola, as formas de organização do trabalho pedagógico, a aprendizagem da leitura e da escrita, as relações de sala de aula, a disciplina e a avaliação. Os enfoques também se ampliaram e diversificaram.” (p.48). Dentre os desafios da pesquisa em educação no Brasil a autora aponta a qualidade dos trabalhos como um dos maiores problemas a serem resolvidos, muito em função da necessidade de produção manter a produtividade como pesquisadores e com isso ela afirma ser: “comum encontrar trabalhos de professores universitários técnica e metodologicamente muito bem elaborados, mas que pouco acrescentam na produção de conhecimento. Publicados, portanto, unicamente para servir na obtenção de títulos.” p.51
Macedo & Sousa (2010 apresentam diversos dados quantitativos da realidade da pós-graduação brasileira. Os dados mais relevantes para o objetivo proposto no presente artigo o levantamento sobre as linhas de pesquisa aponta que: “temas como a política e gestão da educação (41), formação e trabalho docente (39), história da educação (27), didática e processos de ensino (22), aprendizagem e desenvolvimento (21) e currículo (20) são os mais presentes.” (MACEDO & SOUSA, p.171-172).
Campos e Favero (1994) também realizam um panorama da pesquisa em educação no Brasil, se debruçam bastante sobre a condição dos programas de pós-graduação apresentando suas realidades e desafios. Sobre as tendências e temas os autores afirmam que a produção acadêmica neste campo do saber teve na década de 70: “A preocupação com as desigualdades sociais e suas repercussões na escolaridade das camadas populares de um lado, e o ressurgimento dos movimentos sociais, muitos deles ligados a experiências de educação popular, de outro, fortalecem as abordagens críticas, de inspiração marxista, em particular gramsciana” (CAMPOS & FAVERO, 1994, p.13). Em seguida, na década de 80 retornaram as temáticas de cunho mais psicopedagógicos, e na década seguinte com a reemergência dos movimentos sociais e o crescimento das ONGs houve um aumento no interesse de temas como “meninos de rua, alfabetização de jovens e adultos, ensino noturno, escolas comunitárias, creches, educação do trabalhador” (idem, p.13). Os autores afirmam que devido a extensão territorial do Brasil e dado os diversos níveis de desenvolvimento nas regiões do país, ainda que se perceba tendências dominantes na pesquisa, elas vão coexistir pois algumas instituições tendem a manter-se atrelada as temáticas tradicionais enquanto outros estão preparados para incorporar mais rapidamente as mudanças.
Kuenzer & Moraes (2005) também se dedicam a história da pós-graduação em educação no Brasil e seus desafios, os autores destacam alguns pontos que acreditam prejudicar a qualidade da pesquisa em educação, como, as necessidades de atingir metas de produção, a redução na duração dos cursos de pós-graduação e um certo desdenho da teoria por parte dos pesquisadores que preferem enfatizar os aspectos práticos e não teóricos em suas pesquisas acadêmicas.
Os procedimentos metodológicos para realização desse estudo são as etapas da área do saber denominada: Descoberta do Conhecimento em Bases de Dados. Segundo Navathe & Elmasri (2005) ela é composta de seis etapas, seleção de dados, limpeza, enriquecimento, transformação ou codificação, Data Mining e construção dos relatórios de apresentação. Para parametrizar a seleção dos periódicos foi utilizado o sistema de avaliação dos periódicos de divulgação científica denominado Qualis, que é mantido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) um órgão governamental brasileiro responsável pelo incentivo à pesquisa. O Qualis é o resultado de uma análise das revistas que tem sido utilizada para divulgação científica dos docentes de cada área de atuação e possui uma classificação de 8 níveis (A1, A2, B1, B2, B3, B4, B5 e C). Para atribuir uma nota para as revistas, a CAPES analisa diversos quesitos sobre elas, o aspecto mais importante é se a revista se encontra indexada nas bases de dados científicas. Para o presente estudo, foram selecionadas as revistas com um estrato de A1 e A2, que são os dois níveis mais elevados da classificação. Outra delimitação com relação aos textos publicados nos periódicos, foi que apenas os textos classificados como artigos entraram para análise, sendo excluídos aqueles que não se caracterizam como pesquisa, como por exemplo, editoriais, resenhas e entrevistas.
Uma outra problemática sobre a análise seria de que os periódicos brasileiros de educação publicam artigos de pesquisadores de outras nacionalidades e em função do objetivo do presente artigo ser de apresentar um panorama da pesquisa em educação no Brasil, foram excluídos os textos que não foram publicados em português, pois ao explorar uma amostra destes textos foi constatado que se trata de textos em espanhol, inglês e francês que são de pesquisadores de outros países. Outra ressalva é que a Revista Ensino Superior da Unicamp não pode ser contabilizada pois não possui palavras-chaves nos seus artigos.
De acordo com Brandau et al (2005) as palavras-chaves são de grande importância, pois funcionam como mapas que guiam os pesquisadores até a informação correta, sendo assim, possibilita que os textos sejam encontrados e não caiam no esquecimento.
Foram recolhidos os dados provenientes de 43 periódicos brasileiros.
Um recorte temporal foi necessário para viabilizar a execução desse estudo, sendo assim, apenas os artigos publicados no período compreendido entre os anos de 2012 a 2017, retornando um total de 9.940 artigos.
Por mais que parte da coleta dos dados tenha sido realizada de forma automatizada nos resumos sobre os artigos nos sites dos periódicos, para não haver perda de dados, foi necessário para obter algumas palavras-chaves acessar o texto completo e copiá-las dos elementos pré-textuais manualmente, uma tarefa meticulosa que inviabilizou a realização da análise de uma janela temporal maior. Mesmo com a limitação, acredita-se ter sido coletado uma amostra relevante da produção mais recente. A listagem dos periódicos e o número de artigos em cada um deles estão presentes na tabela abaixo:
Tabela 1
Lista de periódicos e número de arquivos
ISSN |
Título |
Estrato |
Nº de artigos |
1982-5765 |
AVALIAÇÃO: REVISTA DA AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR |
A1 |
193 |
0101-3262 |
CADERNOS CEDES |
A1 |
85 |
0100-1574 |
CADERNOS DE PESQUISA(FCC) |
A1 |
239 |
1980-850X |
CIÊNCIA & EDUCAÇÃO |
A1 |
265 |
1678-4626 |
EDUCAÇÃO & SOCIEDADE |
A1 |
245 |
1678-4634 |
EDUCAÇÃO E PESQUISA |
A1 |
297 |
2175-6236 |
EDUCAÇÃO E REALIDADE |
A1 |
333 |
1982-6621 |
EDUCAÇÃO EM REVISTA |
A1 |
251 |
1984-6444 |
EDUCAÇÃO (UFSM) |
A1 |
236 |
1676-2592 |
EDUCAÇÃO TEMÁTICA DIGITAL |
A1 |
204 |
1984-0411 |
EDUCAR EM REVISTA |
A1 |
292 |
1809-4465 |
ENSAIO - AVALIAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO |
A1 |
194 |
2236-3459 |
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO |
A1 |
193 |
0103-7307 |
PRO-POSIÇÕES |
A1 |
159 |
1413-2478 |
REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO |
A1 |
254 |
2238-0094 |
REVISTA BRASILEIRA DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO |
A1 |
174 |
1982-7806 |
CADERNOS DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO |
A2 |
150 |
2178-2229 |
CADERNOS DE PESQUISA |
A2 |
213 |
1645-1384 |
CURRÍCULO SEM FRONTEIRAS |
A2 |
176 |
2238-1279 |
EDUCAÇÃO E CULTURA CONTEMPORÂNEA |
A2 |
255 |
1982-596X |
EDUCAÇÃO E FILOSOFIA |
A2 |
235 |
0102-7735 |
EDUCAÇÃO EM QUESTÃO |
A2 |
146 |
1981-2582 |
EDUCAÇÃO (PUCRS) |
A2 |
203 |
2177-6210 |
EDUCAÇÃO UNISINOS |
A2 |
182 |
1983-2117 |
ENSAIO: PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS |
A2 |
132 |
1984-932X |
ESTUDOS EM AVALIAÇÃO EDUCACIONAL |
A2 |
166 |
2179-8427 |
IMAGENS DA EDUCAÇÃO |
A2 |
138 |
1807-5762 |
INTERFACE - COMUNICAÇÃO, SAÚDE, EDUCAÇÃO |
A2 |
505 |
1518-8795 |
INVESTIGAÇÕES EM ENSINO DE CIÊNCIAS |
A2 |
173 |
2175-795X |
PERSPECTIVA |
A2 |
229 |
1809-4031 |
PRÁXIS EDUCATIVA |
A2 |
169 |
2175-3539 |
PSICOLOGIA ESCOLAR E EDUCACIONAL |
A2 |
251 |
1980-5470 |
REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL |
A2 |
195 |
2176-6681 |
REVISTA BRASILEIRA DE ESTUDOS PEDAGÓGICOS RBEP-INEP |
A2 |
181 |
1806-5104 |
REVISTA BRASILEIRA DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS |
A2 |
181 |
1678-166X |
REVISTA BRASILEIRA DE POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃO DA EDUCAÇÃO |
A2 |
165 |
2358-0194 |
REVISTA DA FAEEBA – EDUCAÇÃO E CONTEMPORANEIDADE |
A2 |
197 |
0104-5962 |
REVISTA DE EDUCAÇÃO PÚBLICA |
A2 |
198 |
1981-416X |
REVISTA DIÁLOGO EDUCACIONAL |
A2 |
178 |
1809-3876 |
REVISTA E-CURRICULUM |
A2 |
235 |
1984-686X |
REVISTA EDUCAÇÃO ESPECIAL |
A2 |
251 |
1982-5587 |
REVISTA IBERO-AMERICANA DE ESTUDOS EM EDUCAÇÃO |
A2 |
532 |
1981-7746 |
TRABALHO, EDUCAÇÃO E SAÚDE |
A2 |
240 |
Esses dados passaram por um processo de limpeza de dados que consistiu na padronização através da unificação dos caracteres separadores, formatação para caixa baixa, exclusão de dados inválidos e caracteres desnecessários. Após esse pré-processamento dos dados, eles foram analisados através de bibliotecas de mineração textual e análise estatística da linguagem de programação R. Kronberger & Wagner (2005) atentam para a necessidade de tratar os sinônimos para uma lista mais homogênea de resultados, nesse sentido, alguns resultados foram aglutinados com seus respectivos números de ocorrência, como por exemplo, EJA e Educação de Jovens e Adultos.
Uma questão que poderia ser uma problemática para a metodologia proposta é que, algumas revistas acadêmicas brasileiras costumam trabalhar com dossiês temáticos, e nesta edição completa ou parte dela é formada por um conjunto de artigos sobre um determinado tema. Isto poderia gerar uma concentração e disparidade na frequência de palavras-chaves alterando o resultado dos dados finais. Entretanto, quando se contrapõe a existência desses dossiês temáticos com o número total de artigos que foram analisados que correspondem a 9.940 artigos, considera-se que o efeito no montante total das palavras-chaves não é significante.
Os dados colhidos resultaram num total de 37.492 palavras-chaves no total e de 12.267 palavras-chaves distintas, o que pode ser considerado uma quantidade significativa para inferir conhecimento. A partir do resultado total o foi realizado um processamento dos dados que gerou uma listagem das palavras-chaves que tiveram mais frequência, resultando a tabela abaixo que contém as cinquenta palavras mais ocorrentes:
Tabela 2
Lista de palavras-chaves mais ocorrentes
Palavra-chave |
Frequência |
Educação |
611 |
Formação de professores |
475 |
Ensino/educação superior |
379 |
Educação especial |
358 |
Currículo |
281 |
Educação infantil |
184 |
Escola |
171 |
Políticas educacionais |
156 |
Avaliação |
152 |
Políticas públicas |
148 |
Aprendizagem |
133 |
História da educação |
132 |
Ensino médio |
126 |
Formação docente |
123 |
Política educacional |
121 |
Ensino |
111 |
Ensino de ciências |
109 |
Ensino fundamental |
107 |
Infância |
107 |
Inclusão |
103 |
Trabalho docente |
101 |
Formação |
91 |
Educação básica |
90 |
Educação inclusiva |
89 |
Representações sociais |
87 |
Educação a distância |
86 |
Gênero |
86 |
EJA/educação de jovens e adultos |
82 |
Trabalho |
80 |
Educação em saúde |
78 |
Atenção primária à saúde |
75 |
Alfabetização |
71 |
Educação ambiental |
71 |
Educação física |
71 |
Leitura |
69 |
Professores |
69 |
Inclusão escolar |
66 |
Cultura |
65 |
Docência |
65 |
Ética |
65 |
Universidade |
64 |
Pedagogia |
62 |
Educação popular |
59 |
Formação continuada |
59 |
Saúde mental |
59 |
Sistema único de saúde |
57 |
Discurso |
56 |
História |
56 |
Brasil |
55 |
Livro didático |
55 |
Abaixo é apresentado uma representação gráfica das 100 palavras mais ocorrentes através da técnica de visualização de dados chamada “nuvem de palavras”. Esta é utilizada amplamente por cientistas de dados, que consiste na disposição dos dados em que as palavras com maior ocorrência são representadas por uma fonte textual maior e as menos ocorrentes são menores. Tal técnica facilita a visualização dos principais termos:
Figura 1
Nuvem de palavras das 50 principais palavras-chaves
Como era de se esperar, a palavra-chave educação aparece em primeiro da lista, sendo a de maior presença por representar a área de estudo abordada. A formação de professores aparece como segundo tema mais frequente, também aparecendo a palavra-chave “formação docente”, o que retrata o desafio de preparar o professor, o termo “formação continuada de professores” teve 22 ocorrências, essa produção toda sobre esse tema, reflete o desafio da preparação para ocupar esse lugar de professor. A educação superior aparece como nível educacional com mais pesquisas direcionadas, um fato que pode explicar é que a maioria dos pesquisadores atuam como professores nos níveis de graduação e pós-graduação, em seguida vemos o interesse pelo ensino infantil, fundamental e finalmente o ensino médio. Essa produção voltada mais para o ensino superior é um fato que chama atenção pois ao comparar o número de alunos por nível educacional no Brasil existe menos alunos no nível superior do que nos outros.
Outra temática que obteve destaque foi a educação especial, também tendo uma representação pelos verbetes: inclusão, educação inclusiva e educação escolar. Esse tema é bastante pertinente a pesquisa, dado os grandes desafios de se educar portadores de necessidades especiais, criando ambientes que ao mesmo tempo que almejem diminuir as barreiras de acesso ao conhecimento devido à condição física ou mental do aluno e não produzam segregação e efeitos colaterais na integração e socialização da classe.
Os artigos que abordam o currículo também foram bastante presentes, sendo está a palavra-chave que ocupa a quinta posição na ordem de frequência. O planejamento das aulas em todos os níveis educacionais é uma etapa das mais fundamentais para qualquer professor, e nesse sentido, é plausível que se apareça tantas pesquisas sobre esse tema.
Em sétimo lugar da lista aparece o verbete “escola”, também era um tema esperado de estar presente na lista, dado a complexidade do funcionamento de tais instituições que diversas vertentes do pensamento sobre educação têm pontos de vista distintos sobre seus principais aspectos. A escola demanda um pensamento desde aspectos mais práticos como estrutura física e organograma, até discussões filosóficas e subjetivas sobre o papel do professor, relação aluno-professor e muitas outras.
Ao conseguir identificar as temáticas que estão sendo mais trabalhadas pelos pesquisadores foi possível traçar um panorama do interesse da pesquisa em educação no Brasil, esse levantamento é bastante importante pois ajuda compreender os desafios da educação no século XXI. Os dados obtidos nestes artigos poderão ser de grande utilidade para pesquisadores que se dedicam a história da pesquisa em educação no Brasil, pois, apresentam dados recentes para comparação com informações passadas. Também podem ser utilizados pelos programas de pós-graduação e órgãos governamentais envolvidos com pesquisa em educação, para balizarem a temáticas de projetos e eventos nesta área de conhecimento, uma vez que ao optarem por trabalhar os assuntos mais populares na área, contarão com a participação de mais pesquisadores e estudantes envolvidos, ajudando a fomentar o avanço da pesquisa em educação.
Brandau, R., Monteiro, R., & Braile, D. M. (2005). Importância do uso correto dos descritores nos artigos científicos. Revista Brasileira de Cirurgia Cardiovascular/Brazilian Journal of Cardiovascular Surgery, 20(1), VII-IX.
Campos, M. M., & Fávero, O. (2013). A pesquisa em educação no Brasil. Cadernos de pesquisa, (88), 5-17.
Ferreira, L. S. (2009). A pesquisa educacional no Brasil: tendências e perspectivas. Revista Contrapontos, 9(1), 43-54.
Gatti, B. A. (1983). Pós-graduação e pesquisa em educação no Brasil, 1978-1981. Cadernos de pesquisa, (44), 3-17.
Kronberger, N., & Wagner, W. (2002). Palavras-chave em contexto: análise estatística de textos. In M. Bauer & G. Gaskell. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som (pp. 416-441). Petrópolis: Vozes.
Kuenzer, A., & Moraes, M. (2005). Temas e tramas na pós-graduação em educação. Educação & Sociedade, 26 (93), 1341-1362.
Macedo, E., & Sousa, C. (2010). A pesquisa em educação no Brasil. Revista Brasileira de Educação, 15(43).
Navathe, S. B., & Elmasri, R. (2005). Sistemas de banco de dados. São Paulo: Pearson.
1. Docente na Uiversidade do Contestado. Psicólogo e Mestre em Psicologia. danielmucciolo@unc.br