ISSN 0798 1015

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Vol. 38 (Nº 35) Año 2017. Pág. 7

Orientação sexual: Uma proposta de formação continuada aos professores

Sexual orientation: A proposal for continuing education for teachers

Ângela Cristina Marques Couto MONTEIRO 1; Nilson Santos TRINDADE 2

Recibido: 04/04/2017 • Aprobado: 21/04/2017


Conteúdo

1. Introdução

2. Fundamentação Teórica

3. Considerações Metodológicas

4. Resultados e Discussão

5. Considerações Finais

Referências


RESUMO:

O presente artigo discute a formação de professores, cujo objetivo da pesquisa foi contribuir para a capacitação dos docentes no tocante a Orientação Sexual estabelecida nos Parâmetros Curriculares Nacionais. O desenho da pesquisa quanto aos objetivos é descritiva tem uma abordagem qualitativa, e corte transversal, não experimental, quanto aos procedimentos é do tipo pesquisa-ação, através das técnicas de observação direta, encontros de formação com os professores. O instrumento de pesquisa foi o questionário aplicado a uma amostra de 10 professores. Os resultados comprovam o interesse dos educandos envolvidos na pesquisa pelo conteúdo sexualidade, uma temática pouco discutida em sala da aula. Constatou-se a necessidade de investir na formação dos professores, a fim de amenizar as dificuldades em lidar com a orientação sexual em sala de aula.
Palavras chave: Sala de aula. Sexualidade. Interdisciplinar.

ABSTRACT:

This article discusses the training of teachers, whose objective was to contribute to the qualification of teachers with regard to sexual orientation established in the National Curricular Parameters. The research design regarding the objectives is descriptive has a qualitative approach, and cross-sectional, non-experimental, as far as the procedures is of the research-action type, through the techniques of direct observation, training meetings with the teachers. The research instrument was the questionnaire applied to a sample of 10 teachers. The results confirm the interest of the students involved in the research for the sexuality content, an issue not discussed in the classroom. It was verified the need to invest in teacher training in order to alleviate difficulties in dealing with sexual orientation in the classroom
Keywords: Classroom. Sexuality. Interdisciplinary

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1. Introdução

Espera-se que este estudo venha contribuir de forma positiva em relação à conscientização, o respeito à orientação e prevenção em relação à orientação sexual dos estudantes.

A pesquisa está fundamentada em saberes científicos, advindos das ciências sociais. O aporte teórico na qual se embasa nosso objeto fundamenta-se em uma literatura voltada para a discussão da importância da formação de professores, a linha de pesquisa será, na Formação dos Profissionais em Educação, visto que após análise de estudos anteriores da pesquisadora detectou-se a necessidade de trabalhar a formação dos professores em relação ao tema transversal orientação sexual, através dos blocos de conteúdos como um processo de intervenção pedagógica nas escolas.

A pesquisa busca contribuir para a capacitação dos docentes no tocante a Orientação Sexual através da teoria/prática em sala de aula em relação à sexualidade dos estudantes seja através de reflexões, debates, projetos de intervenção, estudos, pesquisas, entre outros, a fim de melhorar a aquisição de conhecimentos de forma interdisciplinar contribuindo para a educação e a cidadania.

A formação dos professores será por meio de estudos e pesquisas a fim de possibilitar o conhecimento e habilidades de modo que efetivamente possam ensinar com segurança os conteúdos propostos no tema transversal orientação sexual, para o terceiro e quarto ciclos que são organizados em blocos norteadores de forma clara e objetiva. Este trabalho apresenta a seguinte problemática: Como se dá a orientação sexual na formação continuada aos professores?

Sabendo que todos os educadores precisam estar preparados para assumir seu papel na sociedade, e por meio dos encontros de formação será possível refletir sobre sua prática docente, sendo que essa profissão só será satisfatória se levarmos em consideração nossa trajetória profissional, para podermos adaptamos as mudanças cada vez mais crescentes no campo educacional e enfrentarmos juntos as dificuldades encontradas diante a realidade da sala de aula.

2. Fundamentação teórica

Os educadores precisam sempre estar preparados para assumir seu papel na sociedade, e por meio dos encontros de formação é possível refletir sobre nossa prática docente.

Os encontros de formação de professores é uma prática de pesquisa relativamente nova. Segundo (TIBALLI; CHAVES, p. 211, 2003).

No Brasil como em outros países, esse posicionamento se fortalece a partir da década de 1980, também com a influência da etnografia nas pesquisas educacionais, com o avanço das investigações qualitativas e narrativas e com o desenvolvimento das análises críticas e contextuais.

Nas discussões em 1990 sobre a formação do professor as preocupações temáticas foram à valorização da escola, de seus profissionais no processo de democratização da sociedade brasileira, organização, currículos, projeto político-pedagógico, condições de trabalho e estudo.

Segundo Oliveira (1994, p.21),

Ao longo dos anos que se sucederam à reforma de 1946, percebeu-se que esta não atingia o objetivo primordial que toda estrutura curricular para a formação de professores deve perseguir: formar professores com a capacidade de exercer sua função docente com qualidade, dispondo de fundamentação teórica apropriada para analisar a escola diante das adversidades da relação educação x sociedade, somadas à competências técnicas que facilita ao aluno a aquisição de conhecimento sistematizado.

Nogueira, (2009). No Brasil a formação de professores, atingiu maior visibilidade pública a partir de1980, através das lutas salariais e por melhores condições de trabalho, as práticas de formação predominantes eram cursos, oficinas, seminários e palestras de modo geral, que não respondiam às necessidades pedagógicas mais imediatas dos professores.

O processo de formação do professor precisa ser contínuo, o educador precisa refletir sobre suas ações e práticas pedagógicas de forma coletiva com os demais educadores. A transformação acontece à medida que nos unirmos, pois, são as ações conjuntas que possibilitam ao profissional aperfeiçoar sua prática, estando diretamente ligada aos problemas vivenciados em sala de aula.

É indispensável que os professores busquem nos encontros de formação adaptar suas ações conforme as mudanças ocorridas com a globalização e que os conteúdos de orientação sexual esteja de fato no planejamento e na prática em sala de aula.

Maximo; Nogueira, (2009, p. 46),

Por meio da formação continuada o professor pode conquistar sua autonomia profissional, refletir sobre sua prática, construir teorias acerca de seu trabalho, já que é a reflexão na e sobre a ação que lhes permite participar ativamente dos problemas, analisar suas práticas, rever suas rotinas, inventar novas soluções.

Faz-se necessário um envolvimento sério por parte de toda comunidade escolar para que os conteúdos de orientação sexual sejam propostos nos currículos das escolas para discutir e refletir quais as ações metodológicas irá satisfazer as curiosidades e necessidades dos estudantes conforme sua idade e ano escolar, incentivar o educador a trabalhar de forma interdisciplinar, pois a troca de ideias só tem a contribuir em suas ações educativas.

De acordo com Batista (2008, p. 33) “Ao professor cabe a busca e a conquista de sua voz, resgatando o seu papel de professor e colocando em prática, no seu dia-a-dia, a sua vocação, revelando os sentimentos e desejos que lhe motivaram a fazer essa escolha profissional”.

Quirino (2014), afirma que é necessário realizar investimentos na formação inicial e continuada dos professores nas escolas nas diversas áreas do saber, especialmente quando se refere às temáticas de orientação sexual, principalmente pela necessidade urgente de mudança de paradigmas que norteiam à atual práxis pedagógica do ambiente escolar.

Na maioria dos lares como também nas escolas têm cultivado a cultura da repressão e da omissão, e isso só aumenta o número de jovens que engravidam precocemente e se contaminam com as DSTs, entre outros problemas de ordem fisiológica e psicológica.  É preciso que todos busquem rever suas atitudes.

Brasil (1998, p. 299), diz que a,

Orientação Sexual, não substitui nem concorre com a função da família, mas a complementa. Constitui um processo formal e sistematizado que acontece dentro da instituição escolar, exige planejamento e propõe uma intervenção por parte dos profissionais da educação.

Para que haja transformação na prática docente é preciso que o educador perceba que precisa mudar, não muda aquilo que não quer, só a partir da reflexão, do querer, é possível haver mudanças.

Nesse sentido, a práxis é uma das mais importantes manifestações de uma postura transformadora. De acordo com Vasconcellos (2003, p. 171), “Para se iniciar uma mudança, o sujeito precisa se desinstalar, entrar em conflito, estabelecer a tensão criativa”.

O profissional deve ter consciência da necessidade de promover novos modos de ensinar, a postura que deve ser adotada por todos profissionais críticos.

É indispensável mostrar que só ocorrerão mudanças na formação docente se o mesmo sentir essa necessidade, caso contrário a sua prática ficará na mesmice e conformismo. Segundo Batista (2008, p. 31) “É importante salientar que a formação não se faz antes da mudança e sim durante, num esforço de inovação e de procura de melhores percursos para a transformação da escola”.

Desta forma é imprescindível ao profissional buscar métodos que ajuste teoria e prática que desperte no estudante o interesse em aprender, pois, visto que a aprendizagem do educando depende da formação contínua ações teóricas e metodológicas e a intervenção do professor.

Por meio da formação o professor é possível refletir sua prática, analisá-la e propor novas soluções. Proporcionar na sala de aula um espaço de reflexão e discussões para que os estudantes possam compartilhar suas dúvidas, suas dificuldades, medos e angústias.

A epistemologia da prática reflexiva muito tem contribuído na formação docente, pois é preciso pensar novas estratégias educativas, e através da pedagogia do diálogo é possível transformar informações em conhecimentos.

Conforme afirma Moraes (2015, p. 24),

O professor que ama sua profissão é profundamente idealista. Muitas vezes, as agruras da lida diária da profissão e de alguns períodos difíceis da vida os impedem de perceber esse amor subjacente á escolha profissional realizada, que fica ali adormecido. Assim, o reencontro com sua própria essência, a partir de processos de autoformação e de autorrealização desenvolvidos, fez com que esse amor pela profissão docente escolhido aflorasse novamente, dando um novo sentido às suas escolhas profissionais e existenciais.

De acordo com a autora supracitada essa nova epistemologia obriga-nos a substituir a noção de objeto fixo e imutável pelo conceito de relação, interação, interconexão, reconhecendo que tudo está em movimento em processo de construção, desconstrução e reconstrução.

Segundo Tiballi; Chaves (2003) neste processo é importante que o professor conheça as bases filosóficas, epistemológicas, sociológicas, psicológicas e pedagógicas e as incorporem em sua prática pedagógica.

Veiga; Amaral (2006, p. 37), “[...] é necessário reconhecer que a globalização impõe novos requerimentos de qualificação profissional, aí incluindo, sem qualquer margem de dúvida, a formação de professores”.

Compreende-se que para acompanhar as mudanças de paradigmas é preciso refletir sobre a interdisciplinaridade e a formação através de cursos, palestras, oficinas para aquisição de suporte teórico e prático para o desenvolvimento de habilidades e competências para o docente atuar de forma eficaz.

A formação de professores não se constrói por acumulação (de cursos, de conhecimentos ou de técnicas), mas, sim “através de um trabalho de refletividade crítica sobre as práticas de re (construção) permanente de uma identidade pessoal” (NÓVOA, 1997, p. 25).

Bonfim (2009) relata que os educadores não estão recebendo a formação adequada para desenvolver ações para uma orientação sexual, e que esta temática é esquecida ou deixada de lado pelos mesmos.

Segundo Tiballi; Chaves (2003, p. 153),

[...] o professor, ao se tornar agente refletivo de sua prática pedagógica, passa a buscar automaticamente subsídios teóricos e práticos para iluminar questões decorrentes de sua reflexão, retornando as novas ações, que serão submetidas a outras reflexões, e assim sucessivamente. Trata-se de um processo não linear, de idas e vindas, avanços e retrocessos, cada vez mais amplos e complexos, de reflexão constante para e sobre a ação educativa.

A reflexão mencionada difere da prática rotineira do professor em sua lida cotidiana, ao despertar o caráter crítico, sistemático através das contribuições teóricas baseada no senso comum e nos conhecimentos prévios.

De acordo com Imbernón (2009, p. 18),

É preciso analisar o que funciona, o que temos de desaprender, o que é preciso construir de novo ou reconstruir sobre o velho. É possível modificar as políticas e as práticas de formação permanente do professorado? Como as mudanças atuais repercutem na formação do professorado?

Desta forma, é importante buscar meios, estratégias e reflexões individuais e coletivas em sua própria prática, onde a mesma poderá melhorar através da observação dos outros profissionais, nesse sentido a formação trará grandes benefícios e muito contribuirá para que de fato ocorram mudanças significativas entre teoria e prática do professor em sala de aula.

Nesse processo de formação do professor o objetivo é facilitar a compreensão e vencer os obstáculos da prática docente, e que através da reflexão possamos encontrar com o grupo soluções para os problemas encontrados no dia-a-dia do cotidiano escolar.

Segundo Vasconcellos (2003, p. 181),

Quanto à formação permanente, embora ainda embrionária em relação ao conjunto das redes de ensino, e muitas vezes com uma série de equívocos, têm crescido as práticas de programas de capacitação continuada, bem como de criação do espaço de trabalho coletivo nas escolas. Cabe as escolas criarem as condições que favoreçam esta formação permanente do educador, em termos de acesso a materiais, cursos, reciclagens, acompanhamento, tempo de pesquisa, etc. Entendemos, no entanto, que é fundamental nesta formação o espaço de trabalho coletivo constante na escola, concretamente, as reuniões pedagógicas semanais.

Será indispensável estimular os professores a produzir, aplicar e avaliar propostas, para melhorar sua prática trazendo a produção da inovação educacional.

As reflexões e ações discutidas nos encontros de formação, as experiências relatadas, tudo viabiliza e facilita o trabalho docente.

Na medida em que apresentam desafios ao pensamento e à ação dos profissionais envolvidos, as ações de formação continuada na escola reconhecem que as situações favorecem o processo cognitivo desses profissionais. Ou seja, reconhecem que as práticas e situações cotidianamente vivenciadas pelos professores e demais profissionais das equipes técnicas das escolas podem gerar pensamentos, problematizações, interrogações, questionamentos que, por sua vez, são capazes de desencadear ações, mecanismos, movimentos individuais e coletivos, de busca de soluções e respostas, cujo desenvolvimento, por seu turno, pode promover mudanças e gerar novas situações. (TIBALLI; CHAVES, 2003, p. 214).

Dessa forma as atividades de análise, discussão em grupos é um meio de contribuir para a melhoria da ação pedagógica, além de ampliar as potencialidades, já que há a partilha de ideias.

Sabemos que muitos professores precisam trabalhar em diferentes escolas para que possam desfrutar de alguns recursos para uso profissional e pessoal. Nesse sentido é preciso que as políticas educacionais observem que não poderá existir mudança se não dispor de formação, investimentos e ações que possam amenizar os problemas enfrentados pelos profissionais em educação.

Em consonância com Oliveira (1994, p. 9),

Os problemas ligados à formação do educador estão claros. As soluções, em boa parte, também. Falta, porém, ação governamental que articule uma profunda reestruturação das agências formadoras, provendo, paralelamente, salários dignos e formação continuada em serviço.

Precisamos ter consciência do nosso papel na sociedade e buscar, nos esforçarmos, nos unir, para vencermos os desafios que tanto nos afligem, sabendo que a família também precisa cumprir seu papel na educação dos seus filhos, não deixando que a escola preencha as lacunas deixadas por elas, o que tornará ainda mais distante o sucesso educacional.

Conforme Nunes; Silva (2006, p. 74),

Entre as dificuldades abordadas pelos professores, que destacamos em nossa experiência como educadores e como interlocutores em inúmeros movimentos de formação de professores e agentes de educação sexual, na questão da sexualidade, a maioria aponta a ausência de fundamentos científicos na análise destes comportamentos, baseando-se sempre nos elementos mais conservadores e tradicionais de uma cultura repressiva e negativista do sexo e suas dimensões reforçada pela família, pela religião e pela própria escola.

Nesse sentido, muitos profissionais da educação apontam a própria dificuldade pessoal em compreender a complexidade da sexualidade, todas essas dificuldades resultam na omissão da escola, muitas vezes ocasionada pela ausência de uma política curricular que contemple a sexualidade no espaço escolar.

Conforme Brasil (1997 apud BATISTA, 2008, p. 80) “Orientação Sexual, (...) é um direito de educando e educadores das escolas brasileiras e que é preciso construir a forma pela qual esses temas serão incorporados às práticas cotidianas”.

Ainda de acordo com o autor o professor precisa de suporte pedagógico para realizar um bom trabalho de orientação sexual, e que reuniões periódicas com os pais ofereçam a oportunidade de discussão e que é indispensáveis encontros com professores e funcionários a fim de levantar dúvidas sobre a orientação sexual.

(...) os professores, precisam se envolver num processo de crescimento, que requer comprometimento e esforço para que possam compartilhar reconhecer e identificar os obstáculos internos que os impedem de evoluir com relação à própria sexualidade para que, desse modo, possam percorrer um caminho no qual seus acompanhantes, os alunos, também evoluam e se descubram. (BATISTA, 2008, p. 85).

Refletindo sobre a necessidade de encontros de formação de professores para a pesquisa, Reis e Ribeiro (2002, p. 94) consideram que:

[...] é fundamental, portanto, investirmos na formação do profissional que realizará o trabalho de orientação sexual em sala de aula, proporcionando ao professor acesso a todo o conhecimento científico que é produzido em torno da sexualidade, levando-o a conhecer o desenvolvimento da criança e do adolescente, e a se atualizar na sua área de atuação, enfim, que seja preparado à luz da ciência para exercer um trabalho que se propõe não diretivista.

O tema da sexualidade está em debate em diferentes contextos. Porém, uma instituição específica tem sido privilegiada como um espaço propício para o ensino da sexualidade: a escola.

 Segundo Souza (2010, p. 37),

Quando a escola se omite das questões sexuais, está reforçando o tabu, da fuga, como se esse tópico não fizesse parte da educação. Fazemos isso, escapando, estará passando uma ideia de repressão que deveria ser trocada por uma visão nobre e positiva da sexualidade tirando a promiscuidade e colocando o natural.

Na década de 80, a orientação sexual ganha espaço devido à preocupação das pessoas com o vírus HIV/ AIDS e o grande índice de gravidez na adolescência.

Na década de 90, o governo brasileiro apresentou prerrogativas legais que incentivaram o ensino de orientação sexual como um tema transversal entre outras disciplinas acadêmicas, a partir da publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), propostos pelo Ministério da Educação e da Cultura (MEC) (BRASIL, 1997 e 1998). A existência dos PCNs não garante que o professor tenha formação na área para desenvolver de fato uma discussão adequada sobre a orientação sexual.

Segundo Quirino (2014, p. 79),

A educação sexual, no Brasil, foi incluída no currículo escolar a partir da década de 1960. Em 1971, as Diretrizes e Bases da Educação Brasileira começaram a promover programas de saúde escolares, nos quais a sexualidade era discutida, essencialmente, para prevenir a gravidez na adolescência e as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST). Após 1992, o foco de atenção voltou-se para prevenção do HIV/ AIDS. No fim dos anos 1990, uma abordagem mais positiva foi implantada através dos PCNs, embora estes ainda recebam críticas devido ao insuficiente conhecimento acerca das questões culturais e históricas que permeiam a sexualidade, pois ainda permanece definida como um aspecto biológico e essencial da vida humana, [...].

Muitos professores têm dificuldades em orientar os estudantes, seja por razões pessoais já que muitos não têm formação específica na área da sexualidade, não receberam orientação de como trabalhar o tema de acordo com a idade e ano escolar do estudante. 

Dessa forma, (BRASIL, 2000), apud QUIRINO (2014, 79), afirma que,

Os PCNs indicam o processo pedagógico de educação sexual deve ser formal e sistematizado no espaço escolar e que a intervenção deve ser realizada pelos/as educadores/as de forma planejada, abordando diversos pontos de vista, valores e crenças existentes na sociedade para ajudar o/a estudante a encontrar um ponto de auto referência por meio da reflexão, porém, as temáticas devem ser abordadas no limite de ação pedagógica, sem invadir a intimidade e o comportamento de cada pessoa.

A interdisciplinaridade na escola vem complementar as disciplinas, criando um vínculo comunicativo entre os professores, uma vez que juntos planejam suas aulas com uma visão global do conhecimento científico.

Nesse sentido, Nunes; Silva (2006, p. 61),

Esta busca pela formação integral do indivíduo é uma exigência dos tempos atuais, onde a formação fragmentada e a incapacidade de entendimento da globalidade da condição do homem e a conseqüente capacidade que este tem de entender a realidade em que atua e o mundo onde vive de maneira também global, já não encontram mais lugar numa sociedade interligada por várias formas de comunicação e de informações.

A partir dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), e utilizando-se também de outros teóricos que fundamentam o tema abordado, pretende-se formar grupos de professores de disciplinas diferentes para estudar, refletir e discutir sobre qual a metodologia será empregada para orientar os estudantes em relação aos conteúdos de orientação sexual para o terceiro e quarto ciclos de aprendizagem, obedecendo também a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDBEN 9394/96.

A proposta de trabalhar de forma interdisciplinar muitas vezes está no Projeto Político Pedagógico (PPP), mas na maioria das vezes, o tema transversal orientação sexual é ignorado pela escola e pelos próprios professores.

Melo; Menezes (2012, p. 124),

A escola, sendo capaz de incluir a discussão da sexualidade no seu Projeto Pedagógico, estará se habilitando a interagir com os jovens a partir da linguagem e do foco de interesse que marca essa etapa de suas vidas e que é tão importante para a construção de sua identidade.

Todos ganham com o trabalho interdisciplinar desde a integração com os demais profissionais, como em repensar sua prática docente, e buscar desenvolver um trabalho com competências e habilidades, através de diferentes olhares a busca de melhores desempenhos.

Em consonância com Quirino (2014, p. 27- 8),

A interdisciplinaridade questiona a segmentação do conhecimento, portanto refere-se a uma relação entre as disciplinas, cuja transversalidade diz respeito à dimensão da didática, por isso possibilita estabelecer relação entre o aprendizado dos conhecimentos teoricamente sistematizados e as questões da vida real (BARBOSA et al., BRASIL, 2000a).

É preciso o desempenho de toda comunidade escolar um planejamento em conjunto com os professores, coordenadores e gestores, que todos possam refletir dar sugestões, sugerir caminhos sobre a complementação dos conteúdos de orientação sexual de forma transversal e que cada escola possa de fato incluir não apenas no Projeto Político Pedagógico (PPP), mas no planejamento do professor.

Segundo Muller (2013, p. 72),

[...] a educação sexual na escola pode e deve incluir ações de capacitação para professores, coordenadores, gestores e toda equipe que lida com os alunos, como o pessoal da cantina, da limpeza etc. Além de abarcar também ações de sensibilização e orientação para pais e familiares. Isso ajudará a realizar uma educação sexual de maior qualidade, além de ampla e transformadora.

Na visão de Souza (2005) o trabalho de orientação sexual é dar esclarecimentos intencionais, e intervir, e ajudar a formar opiniões e valores. Não é educar e dar direções aos conhecimentos já existentes. É lapidar as ideias adquiridas do núcleo familiar ou social.

Souza (2005, p. 43) afirma que,

A orientação na escola é necessária porque os alunos, em todas as faixas etárias, conversam sobre sexo e as informações que trocam entre si são incompletas, erradas e preconceituosas. Se os jovens forem bem informados, iniciaram sua vida sexual mais tarde e com mais responsabilidade.

Segundo Suplicy et al. (1998, p. 8),

A Orientação Sexual é um processo formal e sistêmico que se propõe a preencher lacunas de informações, erradicar tabus, preconceitos e abrir discussões sobre as emoções e valores que impedem o uso dos conhecimentos na área da sexualidade.

3. Considerações Metodológicas

A pesquisa foi realizada com professores, no decorrer dos anos de 2015 e 2016, nas escolas públicas da Rede Municipal de Ensino Fundamental II da cidade de Lagoa do Ouro, Pernambuco, Brasil. As escolas funcionam nos três turnos.

O desenho da pesquisa teve uma abordagem qualitativa, quanto aos objetivos é descritiva, do tipo transversal longitudinal, não experimental, quanto aos procedimentos foi do tipo pesquisa-ação, quanto à natureza é aplicada, através do projeto de intervenção nas escolas, serão utilizados dados primários (observações, discussões, questionários, entre outros) e secundários (livros, internet, relatórios entre outros), também utilizamos para a coleta de dados, resultados dos encontros de formação com os professores, que foi discutido os aspectos teóricos e metodológicos da orientação sexual com os professores através dos blocos de conteúdos para terceiro e quarto ciclos.

A pesquisa teve como universo 60 professores e a amostra foi por conveniência com 10 professores, que lecionam do 6º ao 9º ano. Os instrumentos foram questionários aplicados antes e depois dos encontros de formação, contendo sete (07) questões mistas, análise de relatórios, observações, entre outros.

Considerou-se a deliberação da Resolução Nº 466/2012 do Ministério da Saúde em relação às pesquisas com seres humanos. O contato foi de forma direta, através de encontros de formação.

Foi feito a submissão do projeto de pesquisa através do CEP/CONEP, com o número do CAAE: 56934316.2.0000.5208, a pesquisa foi analisada e aprovada pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) foi obedecido o calendário sugerido na plataforma Brasil e seguido os procedimentos éticos, para darmos início ao recrutamento dos sujeitos.

O marco legal foi através de: autorização para a pesquisa nas Escolas; autorização de uso dos dados; Termo de Compromisso Livre e esclarecido – TCLE; validação dos questionários por três doutores da U.A; Lei Nº 9.394/96 - LDB; PCNs 1997 e 1998; Declaração dos Direitos Sexuais de 26.08.1999; Lei 60/2009 de 06 de agosto – Educação Sexual nas Escolas; PCNs 2013 no Estado de Pernambuco; Lei Nº 709/2016, no Estado de Pernambuco.

4. Resultados e Discussão

Para garantir o sigilo e o anonimato dos participantes criamos uma denominação “P1, P2, P3, P4, P5, P6, P7, P8, P9 e P10”, para cada professor.

 A tabela a seguir nos informa às disciplinas que os professores trabalham com suas respectivas turmas.

Tabela 1- Disciplinas e anos que foram trabalhados os conteúdos de orientação sexual

Denominação

Disciplina

Anos

P1

Matemática

8º ano

P2

Geografia

9º ano

P3

Arte

6º ao 9º ano

P4

História

9º ano

P5

Matemática

6º e 7º ano

P6

Português

7º ano

P7

Português

6º ano

P8

Português

7º ano

P9

Educação Física

6º ao 9º ano

P10

Ciências Naturais

9º ano

Fonte: O autor (2016)

Quando indagados se já participaram de algum curso de formação continuada sobre orientação sexual no município de Lagoa do Ouro - PE, as respostas foram unânimes, pois todos os professores inclusive os que têm mais tempo de magistério, informaram que nunca houve nenhuma formação, ou encontros para discussão dos conteúdos de orientação sexual nas escolas desse município, sendo esta a primeira vez que é proposto encontros de formação para discutir metodologias em como trabalhar essas temáticas nas escolas dessa cidade.

Muitos professores alegaram também a ausência de oficinas, palestras, e encontros de formações relacionados à orientação sexual. Observa-se que muito dos profissionais, ainda de forma camuflada, descrimina os homossexuais, que trazem preconceitos e tabus que vem se estendendo a cada geração.

Quando perguntados se aplicam os PCNs, especificamente do tema transversal, orientação sexual, para o terceiro e quarto ciclo, os P2, P3, P4, P5, P6, P7, P8 e P10, afirmou não possuir nenhum volume dos PCNs, apenas P1 e P9 afirmaram que possuía, mas lia muito pouco e não utilizava na elaboração de suas aulas.

Quando questionados sobre a importância desta formação sobre a orientação sexual no contexto interdisciplinar todos os sujeitos da pesquisa afirmaram ser fundamental esta preparação, pois será capaz de desenvolver competências e habilidades para trabalhar os conteúdos propostos para o terceiro e quarto ciclos e o trabalho do tema transversal orientação sexual.  

De acordo com Minayo (2007, p. 374),

(...) a objetivação é o resultado da interação entre teoria, método e criatividade do pesquisador diante do objeto. Esse conjunto de movimento se une na qualidade do produto final, de forma que o resultado da pesquisa reflita a compreensão mais cabal possível da realidade e uma interpretação “pensada”, contextualizada e complexa.

Aos professores foi solicitado para elencar alguns pontos positivos e negativos desta formação. Os relatos estão descritos na tabela 2.

Tabela 2 – Pontos positivos e negativos da formação

Denominação

Pontos Positivos

Pontos Negativos

P1

Melhoria do conhecimento, novas metodologias, entre outros.

Não relatou nenhum ponto negativo.

P2

Renovação metodológicas, melhora do ensino/aprendizagem

Dificuldade em trabalhar de forma interdisciplinar.

P3

Socialização, integração e respeito entre os profissionais de outras áreas.

Necessitariam de maior apoio e acompanhamento por parte dos demais integrantes da instituição.

P4

Atenção dos estudantes, socialização e incentivo a pesquisa.

Pouco tempo.

P5

A aprendizagem de forma mútua, o respeito as opiniões do outro.

Pouco tempo.

P6

Oportunidade de trabalhar a transversalidade na escola.

Pouco tempo.

P7

Conhecer novas metodologias, trabalhar a interdisciplinaridade na escola.

Pouco tempo, falta de recursos tecnológicos na escola.

P8

Troca de experiências e conhecimentos.

Pouco tempo.

P9

Discussão, análise e reflexão ao trabalhar de forma interdisciplinar.

Falta de acompanhamento do gestor nos momentos de socialização e apresentação dos trabalhos.

P10

Conscientização, troca de experiências entre outros.

Alguns estudantes não conseguiram se expressar de forma satisfatória.

Fonte: O autor (2016)

As discussões em grupos foram fundamentais, pois os docentes puderam expor as suas experiências no tocante a orientação sexual.

Conforme González (2005, p. 49),

A conversação representa uma aproximação do outro em sua condição de sujeito e persegue sua expressão livre e aberta. Nas conversações devemos partir do mais geral ao mais íntimo, aproveitando os momentos em que a própria conversação vai entrando nessas experiências. A conversação é um sistema que nos informa as características e o estado dos que nele estão envolvidos, e esta informação é que nos indica os limites dentro dos quais nos moveremos.

Estratégias metodológicas sugeridas para intervenção da orientação sexual

Através dos encontros de formação criamos a seguinte proposta metodológica para as escolas: selecionamos quais os conteúdos de orientação Sexual deveria ser vistos nas escolas conforme os PCNs; dinâmicas; gincanas; textos informativos; filmes; palestras, entre outros.

De acordo com Thiollent, (2008, p. 51). “O planejamento de uma pesquisa-ação é muito flexível. Contrariamente a outros tipos de pesquisa, não se segue uma série de fases rigidamente ordenadas”.

Procuramos, através das técnicas, proporcionarmos aos estudantes uma melhor compreensão e assimilação do tema. Utilizamos alguns livros encontrados nas pesquisas na internet, como também de outros recursos, a citar: revistas, manuais entre outros.

Os conteúdos propostos para trabalhar as temáticas de orientação sexual nas escolas foram:

Para a escolha dos conteúdos utilizamos outros recursos entre eles destacamos os livros, revistas, cartazes, álbum seriado, mural, desenhos, atividades, questionários, vídeos, textos entre outros.

Durante o trabalho da intervenção através das ações pedagógicas selecionamos com os professores as dinâmicas para serem vivenciadas de forma interdisciplinar. As temáticas voltadas à orientação sexual nas escolas foram às seguintes:

A tabela 3 informa os vários recursos utilizados pelos professores durante as suas aulas e o quadro 1 faz um comparativo entre as práticas dos professores antes e após a formação.

Tabela 3 - Recursos metodológicos utilizados para ministrar os conteúdos

Denominação

Recursos metodológicos utilizados

P1

Datashow, livros, dinâmicas e revistas.

P2

Datashow, mapas,dinâmicas, material impresso, entre outros.

P3

Papel, canetas coloridas, dinâmicas, gincanas, entre outros.

P4

Retroprojetor, material para confecção de cartazes, dinâmicas, gincanas  entre outros.

P5

Revistas, livros, dinâmicas, gincanas, material para confecção de cartazes.

P6

Datashow, dinâmicas, gincanas, atividades, papel e canetas coloridas.

P7

Material impresso, dinâmicas, gincanas, papel.

P8

Material impresso, papel.

P9

Material impresso, dinâmicas, gincanas, canetas coloridas, cartolinas, entre outros.

P10

Retroprojetor, dinâmicas, gincanas, caixa de som, papel, canetas coloridas.

Fonte: O autor (2016)

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Quadro 1- Comparativo antes e após encontros de formação de professores.

ANTES DA FORMAÇÃO

APÓS A FORMAÇÃO

Não trabalhava os conteúdos de Orientação Sexual;

Trabalho interdisciplinar dos conteúdos de orientação sexual conforme a proposta dos PCNs;

Ausência de proposta metodológica, para vivenciar os conteúdos de Orientação Sexual.

Primeira proposta metodológica para ser vivenciadas nas escolas;

 

Projeto de Intervenção nas escolas de Ensino Fundamental II.

Fonte: O autor (2016)

Diante os resultados da pesquisa os aspectos positivos foram vários entre eles, a troca de experiências, desenvolvimento de novas estratégias, proposta metodológicas, socialização, respeito com as outras disciplinas, incentivo a pesquisa. Os pontos negativos foram: dificuldade em trabalhar os conteúdos de forma interdisciplinar, falta de incentivo e participação dos gestores nas escolas, material didático e tecnológico insuficiente, pouco tempo para trabalhar as temáticas propostas.

 Foi observado que houve uma transformação na prática dos professores que participaram dos encontros de formação comparando o antes e pós-pesquisa.

5. Considerações finais

Diante dos fatos expostos, observou-se que embora a sexualidade esteja presente na vida do estudante, os professores pesquisados demonstraram estarem despreparados para abordarem e assumirem a responsabilidade de colocar em prática os conteúdos voltados à orientação sexual em sala de aula.

Os processos e etapas da pesquisa foram lentos, árduo e envolvente para todos os participantes. Esses profissionais serão sementes que trarão mudanças mais significativas. Foi possível constatar que o desempenho e o sucesso não são lineares para todos os docentes, há aqueles que desenvolveram um melhor trabalho em suas turmas, a ação foi efetivada já que houve planejamento, socialização, trabalho coletivo, a participação ativa do grupo e a troca de experiências.

Os momentos de discussão, análise e diálogo apontavam para uma realização do trabalho coletivo, enfocando sempre a importância da discussão em conjunto e a forma que as decisões iriam ser tomadas nos encontros de formação, fortalecendo as atitudes de cooperação, de responsabilidade, de autonomia do grupo, estes foram fatores essenciais para a realização de um trabalho qualitativo diferenciado.

Por meio do estudo, se notou os aspectos positivos e negativos ao trabalhar os conteúdos de forma interdisciplinar, além de observar a participação do professor nas ações, reflexões e discussões nos encontros de formação através da pesquisa-ação.

Através das observações realizadas, percebeu-se, ainda, que ocorreram mudanças significativas na prática dos professores que participaram da pesquisa após os encontros de formação.

É inegável que houve transformação na prática docente os quais apresentaram um novo olhar sobre as questões voltadas a sexualidade. A participação dos estudantes nos seminários e ações desenvolvidas durante a intervenção nas escolas foi satisfatória.

Todos os objetivos da pesquisa foram alcançados com sucesso, uma vez que, conseguimos elaborar uma proposta de intervenção pedagógica envolvendo a interdisciplinaridade em relação ao trabalho da orientação sexual nas escolas de Ensino Fundamental II do município de Lagoa do Ouro, Pernambuco, Brasil.

Recomenda-se que essa proposta metodológica possa contribuir para que outros profissionais possam utilizá-la em sala de aula, em outros municípios, estados e em outros países.

Que os pais possam conversar com seus filhos sobre a prevenção da gravidez e DSTs na adolescência.

Que novas pesquisas sejam realizadas, novos projetos sejam desenvolvidos na área investigada, dando oportunidades para aqueles que de fato dão as mãos a essa grande e desafiadora profissão com a tarefa de educar para a vida.

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1. Doutora em educação. Aluna do Programa de Pós-Doutoramento da Universidad Iberoamericana – PY, em parceria com o Instituo IDEIA - BR. E-mail: angelacoutomonteiro@hotmail.com

2. Doutor em educação. Aluno do Programa de Pós-Doutoramento da Universidad Iberoamericana – PY, em parceria com o Instituo IDEIA - BR. E-mail: nilsonufpa17@gmail.com


Revista ESPACIOS. ISSN 0798 1015
Vol. 38 (Nº 35) Año 2017

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