ISSN 0798 1015

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Vol. 38 (Nº 07) Año 2017. Pág. 15

O estado da arte das Unidades de Conservação como intrumento de preservação da Biodiversidade Brasileira

State of the art of Conservation Units as instrument preservation of Brazilian Biodiversity

Maycon Jorge Ulisses Saraiva FARINHA 1; Luciana Ferreira da SILVA 2; Luciana Virginia Mario BERNADO 3

Recibido: 26/08/16 • Aprobado: 24/09/2016


Conteúdo

1. Introdução

2. Unidades de Conservação da Natureza

3. Metodologia

4. Resultados e discussões

5. Considerações finais

Referências bibliograficas


RESUMO:

O objetivo é analisar a produção científica sobre as unidades de conservação, a partir de 2012 e indicar a quantidade de áreas protegidas no Brasil. A pesquisa trata-se de uma bibliometria, realizada nas bases: Web of Science, Scopus, Periódicos Capes, Scielo e Spell. Os principais resultados identificados tratam-se da diversificação temática das pesquisas realizadas em unidades de conservação. Esta variedade pode estar relacionada as diferentes áreas de formação dos profissionais que desenvolveram estas pesquisas. Observa-se a contribuição das diferentes categorias de unidades de conservação brasileira para preservação da biodiversidade, em número de unidades destacam-se as Reservas Privadas do Patrimônio Natural.
Palavras Chave: Preservação do Meio Ambiente; Unidades de Conservação; Biodiversidade.

ABSTRACT:

The objective is to analyze the scientific production on protected areas from 2012 and indicate the number of protected areas in Brazil. Research it is a bibliometric held in databases: Web of Science, Scopus, Capes, Scielo and Spell. The main results identified these are the thematic diversification of research in protected areas. This variety can be related to the different areas of training of professionals who developed this research. Notes the contribution of the different categories of Brazilian protected areas to conserve biodiversity in number of units there are the Private Natural Heritage Reserves
Keywords: Preservation of the Environment; Conservation units; Biodiversity.

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1. Introdução

No Brasil a criação da Lei n. 9.985/2000, instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC. Para o Ministério do Meio Ambiente (2006) as unidades de conservação que integram o SNUC, são divididas em dois grupos: Unidades de Proteção Integral e Unidades de Uso Sustentável. O primeiro grupo atua na preservação da natureza e o uso de recursos naturais é indireto, com exceções previstas em lei. No segundo caso, promove a preservação ambiental a partir do uso sustentável de parte dos recursos naturais existentes.

As unidades de conservação do Brasil estão localizadas em áreas públicas e privadas. Destaca-se a importância das áreas privadas devido o valor monetário das terras brasileiras ser elevado e desta forma, os agentes públicos podem ter dificuldades para conseguir preservar grandes extensões territoriais (STOLTON et al., 2014). Assim em conjunto, a realização de ações pelos meios público e privado, auxiliam na preservação de diferentes recursos naturais presentes nos biomas brasileiros.

O objetivo do artigo é analisar a produção científica sobre as unidades de conservação, a partir de 2012 e indicar a quantidade de áreas protegidas no Brasil. A escolha do ano remete-se a implantação do Novo Código Florestal brasileiro, ao qual faz referências as unidades de conservação.

2. Unidades de Conservação da Natureza

Dentre as ações para a preservação da biodiversidade, está a implantação das unidades de preservação, que foram caracterizando-se conforme as alterações dos códigos florestais brasileiros (DRUMMOND et al., 2010). A partir do Código Florestal de 1934, o Brasil teve a criação da primeira unidade de conservação na cidade do Rio de Janeiro, esta criação estava relacionada a beleza das unidades (PÁDUA, 1978). Em 2000, é instituído SNUC, com o intuito de regulamentar maneiras utilizadas para a criação, implantação e gestão de unidades de conservação (BRASIL, 2000).

O Quadro 01 traz informações sobre as unidades de conservação do grupo Proteção Integral:

Quadro 01: Características das Categorias de Unidades de Conservação – Proteção Integral

CATEGORIA

OBJETIVO

Estação Ecológica (Domínio Público)

Preservação da natureza e realização de pesquisas científicas.

Reserva Biológica (Domínio Público)

A preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos ecológicos naturais.

Parque Nacional (Domínio Público)

Preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico.

Monumento Natural (Domínio Público ou Privado)

Preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica.

Refúgio da Vida Silvestre (Domínio Público ou Privado)

Proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória.

Fonte: Brasil (2000).

As áreas de proteção integral são destinadas a preservação ambiental, sendo utilizado os recursos naturais apenas de forma indireta. Nos casos em que o domínio é público ou privado, o proprietário precisa ter conciliado seu interesse em utilização da área com o objetivo da categoria, caso contrário, a área é desapropriada (BRASIL, 2000). O segundo grupo de unidade de conservação é a categoria uso sustentável, está elencado no Quadro 02:

QUADRO 02: Características das Categorias de Unidades de Conservação – Uso Sustentável

CATEGORIA

OBJETIVO

Área de Proteção Ambiental (Domínio Público ou Privado)

Proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.

Área de Relevante

Interesse Ecológico (Domínio Público ou Privado)

Manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza.

Floresta Nacional (Domínio Público)

Uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas.

Reserva Extrativista (Domínio Público)

Proteger os meios de vida e a cultura de populações extrativistas tradicionais e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade.

Reserva de Fauna (Domínio Público)

Manter populações animais de espécies nativas, terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico-científicos sobre o manejo econômico sustentável de recursos faunísticos.

Reserva de Desenvolvimento Sustentável (Domínio Público)

Preservar a natureza e, ao mesmo tempo, assegurar as condições e os meios necessários para a reprodução e a melhoria dos modos e da qualidade de vida e exploração dos recursos naturais das populações tradicionais, bem como valorizar, conservar e aperfeiçoar o conhecimento e as técnicas de manejo do ambiente, desenvolvido por estas populações.

Reserva Particular do Patrimônio Natural (Domínio Privado)

Conservar a diversidade biológica.

Fonte: Brasil (2000).

A caracterização do uso sustentável destas unidades de conservação, permite que sejam desenvolvidas atividades de relacionadas ao setor turístico, extrativismo, pesquisas científicas, entre outras. Estas práticas devem ser pré-estabelecida a condição de desenvolvimento para que assegure a preservação das características da natureza (BRASIL, 2000).

3. Metodologia

Esta pesquisa é bibliométrica, realizada a partir da análise de conteúdo de artigos publicados em bases nacionais: Scientific Electronic Library Online – SciELO, Periódicos Capes e Scientific Periodicals Electronic Library – SPELL. E bases internacionais: Web of Science e Scopus. A partir de 2012 ano referente a publicação do Novo Código Florestal do Brasil, até Maio de 2016. Os descritores utilizados nas bases nacionais foram as categorias dos grupos proteção integral e uso sustentável, acompanhadas do termo unidades de conservação.  Nas bases internacionais utilizou-se os termos:  “public areas” e “private areas” integrado com conservation em seguida os termos em união a“conservation unit”.

A análise de conteúdo referiu-se a 50 artigos em bases nacionais e 50 artigos em bases internacionais. Verificou-se a rede de autores, elaborada com auxílio do software Unicet. Nuvens de palavras-chave, elaborada com auxílio do software Nvivo. O ano de publicação, as revistas e qualis interdisciplinar e o fator de impacto, foram quantificados e expressos por gráficos. Utilizou-se o software TerraView para confeccionar mapa temático sobre a localização da revista na qual foram publicadas a produção científica no Brasil. Com relação as publicações em bases nacionais foram verificadas as áreas de formação do doutorado dos pesquisadores.

No Google Scholar a partir dos termos unidades de conservação e conservation units, em pesquisas individuais, foram identificados os cinco trabalhos com maior frequência de citação. Também foram coletadas informações no site do Cadastro Nacional de Unidades de Conservação – CNUC, sobre a quantidade de área preservada em cada categoria de unidade de conservação, foi realizado o percentual de cada categoria com relação a quantidade total de área preservada.

4. Resultados e discussões

4.1Análise Bibliométrica da Produção Científica sobre as Unidades de Conservação

A Figura 01 informa sobre as publicações realizadas por tipo de unidade de conservação:

Figura 01: Publicação da produção científica sobre as unidades de conservação ambiental por ano e fonte de informação do Brasil

 

A categoria Parque Nacional possui a maior frequência de informação, por ano e fonte de pesquisa, seguido por Área de Proteção Ambiental. Também é recorrente a Parque Nacional a maior concentração de produção intelectual em um mesmo ano, referindo-se ao ano de 2013 e localizado no Periódicos Capes. Na Figura 02 informações sobre a publicação em bases internacionais por ano:

Figura 02: Publicação da produção científica sobre as unidades de conservação ambiental em bases internacionais

 

Na maioria dos casos a diferença entre a produção científica em áreas públicas ou privadas é pequena, um artigo na maioria dos anos. Todavia, com exceção a 2015, em todos os anos a produção científica sobre as áreas públicas foram maiores, uma possibilidade para explicação, seja a acessibilidade as unidades de preservação. Observou-se também no caso das publicações em bases nacionais, a área de formação dos pesquisadores doutores disponibilizadas na Figura 03:

Figura 03: Área de Formação dos Pesquisadores Doutores

 

Denota-se a diversidade de cursos em um total de 54 formações, destas concentra-se 37 cursos agrupados em outros devido estar relacionado a um pesquisador cada, como exemplo destas formações podem ser utilizados: Geociências e Meio Ambiente. Todavia, doutorados em Biologia Vegetal, Engenharia Florestal, Ciências Biológicas e Agronomia, totalizam 21,5% dos autores dos identificados, ou seja, são as áreas de formação com maior concentração de autores. A rede de autores e co-autores que publicaram em revistas nacionais foi estabelecida conforme mostra a Figura 04:

Figura 04: Representação da Rede de Autores (vermelho) e Co-Autores (azul) identificados nas bases nacionais

 

Por esta representação tem-se que três autores fizeram publicações individuais. Além disso, observa-se a identificação de diferentes estruturas, que relacionam dois ou mais autores. Destaca-se as relações mais complexas, ou seja aquelas que envolvem um número maior de co-autores, que podem estar relacionadas a grupos de pesquisa, como o caso da relação de Bruno e 6 co-autores e Roque e 7 co-autores. No caso da rede de autores e co-autores relacionados as bases internacionais, está especificado na Figura 05:

Figura 05: Representação da Rede de Autores (vermelho) e Co-Autores (azul) identificados nas bases internacionais

 

A representação da rede de autores e co-autores relacionadas a bases internacionais é distinta da identificada nas bases nacionais. Neste caso apenas um autor publicou artigo individual. As estruturas das redes também são diversificadas, porém a rede complexa pelo número de autores, pode ser maior do que as identificadas anteriormente, como o caso de Silvana e 9 co-autores ou iguais como Leontina e Emma e 7 co-autores respectivamente. Verificasse que estas estruturas complexas possuem maior frequência do que na rede de autores e co-autores anterior.

Com relação as revistas, identificou-se no caso das bases nacionais a localização por estado brasileiro, disponível na Figura 06:

Figura 06: Mapa Temático de Localização das Revistas Identificadas

 

A maior concentração geográfica das revistas que publicaram artigos sobre as unidades de preservação ambiental, encontra-se na região sudeste do Brasil, com percentual de 60%. Seguido da região Sul, com 18%. Se adicionadas estas regiões concentram 78% das revistas que no período de 2012 a 2016 publicaram artigos sobre o tema desta pesquisa.

Ainda com relação as revistas, elas podem ser classificadas por dois critérios, o primeiro nacional, denominado Qualis e o segundo internacional denominado Fator de Impacto. Ambos com características distintas, o Qualis classifica uma revista como A1, A2, B1, B2, B3, B4 e C e o Fator de Impacto por um número quanto maior melhor. Verificaram-se a frequência do Qualis Interdisciplinar para aquelas revistas vinculadas a bases nacionais, contidas na Figura 07:

Figura 07: Classificação Qualis Interdisciplinar das Revistas

 

A concentração das revistas no Qualis relaciona-se aquelas classificadas na categoria B, com 80% do total. Principalmente, no Qualis B1 e B2 que representam 62% do total das revistas. Há também revistas que não possuem classificação Qualis para área interdisciplinar (6%) e aquelas que não possuem classificação Qualis para nenhuma área (8%).

Com relação ao Fator de Impacto para as revistas inseridas nas bases internacionais, tem-se a Figura 08:

Figura 08: Classificação Fator de Impacto das Revistas

 

O Fator de Impacto dessas revistas são variados, sendo o menor 0.0494 e o maior 3.916. Do total de informações sobre este aspecto, observa-se que 60% das revistas da pesquisa tem o fator menor que 1. Há também aquelas que ainda não possuem fator de impacto, que é representado por 6% do total. E 34% estão no intervalo de valor entre 1 e 3.916.

A análise de conteúdo permitiu que fosse identificada a frequência de palavras-chaves nos artigos, o tratamento desta informação resultou na Figura 09:

Figura 09: Nuvem de Palavras – Bases Nacionais

 

A figura mostra a evidenciação de palavras como: conservação, unidade turismo, ambiental, biodiversidade, desenvolvimento. Estes destaques, estão principalmente relacionados a unidades de conservação com característica de uso sustentável, ao qual atividades turísticas são desenvolvidas em prol de subsídios para a manutenção destas áreas.

A frequência de palavras também foi utilizada para as palavras chaves-internacionais, disponíveis na Figura 10:

Figura 10: Nuvem de Palavras – Bases Internacionais

 

Repete-se o termo conservação e acrescenta-se novos em evidencia, como: ambiental, unidade, políticas, proteção, diversidade, sustentabilidade e natureza. Proporcionando outras informações sobre as unidades de conservação, relacionadas possivelmente as características ambientais e a forma como é feito o uso de políticas para a preservação ambiental.

A Tabela 01 traz informações sobre os autores com maior número de citações no Google Scholar:

Tabela 01: Publicações mais citadas no Google Scholar (Maio de 2016)

AUTOR

TÍTULO ARTIGO

CITAÇÕES

Craig Moritz (1994)

Defining'evolutionarily significant units' for conservation

2577

Dylan J. Fraser e

Louis Bernatchez (2001)

Adaptive evolutionary conservation: towards a unified concept for defining conservation units

673

Craig Moritz (1999)

Conservation units and translocations: strategies for conserving evolutionary processes

319

Alfried P. Vogler e Rob Desalle (1994)

Diagnosing Units of Conservation Management

315

Carlos A. Peres e

John W. Terborgh (1995)

Amazonian Nature Reserves: An Analysis of the Defensibility Status of Existing Conservation Units and Design Criteria for the Future

237

Neste quadro é possível observar que as publicações com maior número de citações referem-se a datas anteriores a 2000, com exceção a uma publicação que foi realizada posterior.  Observa-se também que a diferença no número de citações entre o primeiro e o segundo artigo é 1904 citações.

Com relação a estas publicações observa-se que foram realizadas, na mesma ordem, nos periódicos: Trends in Ecology & Evolution; Molecular Ecology; Hereditas e Conservation Biology os dois últimos artigos. A localização desses autores, na respectiva ordem é: Austrália, Canadá e Estados Unidos da América.

A Tabela 02, refere-se aos autores mais citados no Google Acadêmico:

Tabela 02: Publicações mais citadas no Google Acadêmico (Maio de 2016)

AUTOR

TÍTULO

CITAÇÕES

Maria Cecília Wey Brito (2000)

Unidades de conservação: intenções e resultados

 

269

Rinaldo Arruda (1999)

“Populações Tradicionais” e a Proteção dos Recursos Naturais em Unidades de Conservação

267

Anthony B. Rylands e Katrina Brando (2005)

Unidades de conservação brasileiras

91

Osvaldo Takeshi Oyakawa; Alberto Akama; Kelly Cristina Mautari e José Cezar Nolasco (2006)

Peixes de riachos da Mata Atlântica: nas unidades de conservação do Vale do Rio Ribeira de Iguape no Estado de São Paulo

67

Marcos Antônio e Reis Araújo (2007)

Unidades de Conservação no Brasil: da República à Gestão de Classe Mundial

67

A Tabela 02 tem enfoque nos pesquisadores brasileiros e por isso é distinta da primeira tabela. Observa-se também a diferença entre o número de citações e o ano em que houveram as publicações. Nesta tabela, as publicações são mais recentes, apenas uma publicação é anterior ao ano de 2000. A primeira e a última publicação tratam-se de um livro.

4.2. As Unidades de Conservação no Brasil

Para Castro e Albernaz (2006) o planejamento da conservação da biodiversidade brasileira ainda não consegue ser eficiente. Por mais que o conhecimento científico sobre o assunto esteja aumentando, o processo de tomada de decisão sobre a criação de unidade de conservação, não consegue envolver todos os que são interessados no assunto, de forma, que as informações sobre a criação ficam limitadas. Adota-se a compreensão de biodiversidade de Chiavin e Bernsteins (2010) ao qual torna sinônimo de variedade de vida na Terr.

No Brasil o motivo para a criação de unidade de conservação altera-se com o passar dos anos. No primeiro momento criar uma área de preservação esteve relacionado a expressividade da beleza (PRESSEY, 1994). Posteriormente ampliou-se a motivação para esta criação, envolvendo a permanência da biodiversidade (MARGULES; PRESSEY, 2000). A preocupação em preservar os biomas brasileiros, é resultado do avanço sobre o conhecimento em relação a necessidade de preservação ambiental no mundo e sua influência na saúde humana (ALHO, 2012).

A necessidade de preservação está relacionada ao impacto da ação humana na natureza. A degradação ambiental, poluição, ampliação demográfica humana, entre outros fatores, externaliza negativamente: (1) alteração dos hábitats e a biodiversidade; (2) limitação de recursos naturais; (3) redução de espécies nativas nos biomas; (4) aumento de doenças; (5) presença de tóxicos no meio ambiente e (6) mudanças climáticas (CHIVIAN & BERNSTEIN, 2008).

Desta forma, ao criar unidades de conservação, estimula-se a manutenção de espaços com a redução de impactos da ação humana. A Tabela 03, relaciona o número de Unidade de Conservação com os Biomas brasileiros, em quilômetros quadrados:

Tabela 03: Distribuição das Unidades de Conservação por Bioma

     Unidades de Conservação

Amazônia

Caatinga

Cerrado

Mata Atlântica

Pampa

Pantanal

Estação Ecológica

107.638

1.313

11.370

1.454

105

116

Monumento Natural

0

580

314

509

0

3

Parque

260.526

7.583

48.588

23.105

392

4.285

Refúgio de Vida Silvestre

64

347

2.460

689

26

0

Reserva Biológica

49.265

70

81

2.453

105

0

Floresta

298.387

542

557

356

0

0

Reserva Extrativista

137.807

19

825

712

0

0

Reserva de D. Sustentável

109.929

94

686

528

0

0

Reserva de Fauna

0

0

0

0

0

0

Área de Proteção Ambiental

172.671

52.263

107.965

80.701

4.214

0

Área de R. Interesse Ecológico

446

198

87

271

14

0

Reserva P. do Patrimônio Natural

466

477

1.069

1.013

4

2.488

Fonte: CNUC (2016).

O Brasil possui uma diversificação de Biomas em seu território, em cada região do país é possível identificar pelo menos um Bioma, ou seja, a característica da fauna e flora da região que estão relacionados aos ambientes terrestre e marítimo. Esta variedade de características, influencia positivamente na biodiversidade do país. Para Aleixo (2010) os biomas brasileiros concentram parte significativa da biodiversidade mundial. Todavia sofrem impactos negativos com a intervenção humana.  Para WWF-Brasil et al. (2008) as unidades de conservação, podem auxiliar neste contexto ao reduzir estes impactos, mantendo bens naturais e auxiliando na qualidade de vida das pessoas.

A Tabela mostra a distribuição de áreas em quilômetros quadrados por unidade de conservação e bioma. No total 1.498.230 quilômetros quadrados estão protegidos e caracterizados como unidades de conservação.  As maiores áreas de preservação estão no Bioma Amazônia e totalizam 49% da área preservada no Brasil. Algumas categorias de unidade de conservação, ainda não foram criadas em alguns biomas, esta informação está disponível na

Em algumas situações como o caso da categoria Floresta pode tornar-se impossível a criação desta unidade de conservação, como o caso dos biomas Pampa e Pantanal, devido suas características ambientais. Destaca-se a Reserva de Fauna que não tem unidades de conservação em nenhum dos biomas. Para Brasil (2000) este tipo de unidade tem como característica ser para uso sustentável e criado por instituições públicas. Neste contexto, podem estar faltando políticas públicas ambientais para estímulo deste tipo de unidade de conservação.

Denota-se ainda, que o bioma Pantanal é o que possui maior restrição de categorias de unidades de conservação. Todavia o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (2008) ressalta que este bioma foi considerado pela Constituição Federal vigente, Patrimônio Nacional e Patrimônio da Humanidade pelas Nações Unidas. É a maior planície alagada do mundo e sofre pela ação do homem, principalmente no planalto do Alto Paraguai e pelo avanço do plantio de cana-de-açúcar.  A expansão das formas de unidades de conservação podem auxiliar na redução de impactos ambientais neste bioma.

A Figura 11, traz informações sobre a distribuição percentual de unidade de conservação brasileira:

Figura 11: Distribuição da Quantidade Percentual de Unidades de Conservação

 

Fonte: CNUC (2016).

Em relação a quantidade de unidades de conservação, a Reserva Privada do Patrimônio Natural contribui com 40% das unidades. Este percentual representa a compreensão ambiental dos indivíduos sobre a necessidade de preservação ambiental. Para Ojidos et al. (2008) esta unidade é uma ação cidadã para a preservação ambiental, pois restritivamente pode ser criada apenas pela iniciativa privada.

Ressalta-se que 74% das unidades de conservação brasileiras estão distribuídas entre Reserva Privadas do Patrimônio Natural, Parques e Áreas de Proteção Ambiental. Este dado demonstra a integração entre instituições públicas e privadas, ações de preservação integral e uso sustentável. Além disso, indica a abrangência das políticas públicas ambientais no país (FLORIANO, 2007).

5. Considerações finais

A legislação nacional sobre o meio ambiente, sofreu mudanças significativas no decorrer dos anos. Tendo em vista que inicialmente a preservação da natureza estava relacionada a beleza cênica do espaço geográfico, em que estava localizada determinada área. Percebeu-se com a ampliação do conhecimento científico sobre os impactos causados pelo homem no ambiente, que a preservação ambiental deveria estar relacionada a manutenção das características ambientais para a permanência da biodiversidade.

As unidades de conservação, estão caracterizadas na legislação nacional e são forma disponibilizadas pelas políticas públicas ambientais para que instituições públicas e privadas tenham a iniciativa de preservar o meio ambiente. Todavia, para a criação de unidades conservação, devem ser observadas com atenção as características de cada categoria que poderá ser de preservação integral ou uso sustentável, para que a atividade desenvolvida na unidade seja compatível com sua caracterização.

Percebeu-se com a pesquisa que existe o interesse acadêmico nas unidades de conservação, tanto em bases nacionais ou internacionais conseguiu-se observar uma variedade de trabalhos sobre o tema. Além disso, observou-se que mesmo utilizando um mesmo objeto, as perspectivas adotadas na forma em observar este objeto são distintas. Esta diversificação é o que alavanca o conhecimento científico sobre as unidades de conservação e sobretudo a preservação ambiental.

Este interesse precisa ser expandido de forma que transforme-se em informação para as pessoas que não estão relacionadas a academia. De forma, que reflita em um aumento das unidades de conservação ambiental e ao mesmo tempo seja utilizado como educação ambiental, em prol do desenvolvimento sustentável de pessoas e organizações. Assim, haveria a ampliação da preservação ambiental e da consciência humana sobre a importância dos cuidados com o meio ambiente, contextualizando o impacto da degradação ambiental com a relação do consumo humano.

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1. Bacharel e licenciado em Geografia, Mestrando em Agronegócios pela Universidade Federal da Grande Dourados

2. Graduada em Matemática, Mestre em Desenvolvimento Sustentável, Doutora em Economia Aplicada, professora adjunta da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

3. Bacharel em Ciências Contábeis, Mestre em Agronegócios e Doutoranda em Desenvolvimento Regional e Agronegócios pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Email: lucianamario@yahoo.com.br


Revista ESPACIOS. ISSN 0798 1015
Vol. 38 (Nº 07) Año 2017

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