Espacios. Vol. 37 (Nº 34) Año 2016. Pág. 23
Fabiano TAKEDA 1; Antônio Renato Pereira MORO 2; Natália Fonseca DIAS 3; Willians Fabricio CORDEIRO 4
Recibido:21/06/16 • Aprobado: 23/07/2016
RESUMO: O objetivo desse estudo foi analisar a variação de temperatura da pele na região do hálux do pé de trabalhadores expostos à temperatura fria artificialmente controlada em ambiente de corte de frangos. Para atender o objetivo dessa pesquisa foram realizadas avaliações quantitativas de temperatura da pele do pé dos trabalhadores de um setor de cortes de frangos. Os resultados da termografia de imagens aponta que os trabalhadores estão expostos a condições de desconforto e dor causado pelo frio artificial controlado que podem contribuir para ocorrência de doenças e danos à integridade física dos trabalhadores. |
ABSTRACT: The aim of this study was to analyze the variation of skin temperature in workers toe area exposed to cold temperature artificially controlled in chickens cutting environment. To meet the objective of this research were conducted quantitative evaluations of foot skin temperature of workers in a sector of poultry cuts. The image thermography results shows that workers are exposed to discomfort and pain conditions caused by artificial controlled cold that can contribute to the occurrence of diseases and injuries to workers. |
A indústria Brasileira de abate e processamento de frangos apresenta constante crescimento nas últimas décadas. Atualmente apresenta no ranking de produção de carne de frango como o terceiro maior produtor mundial com destaque na exportação, fornecendo carne de frango para cerca de 150 países, respondendo por 1,8% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, com expectativa de, até 2020, alcançar a produção nacional de 48,1% das exportações mundiais (MAPA, 2016; IBGE, 2016).
Em contra partida, também com constante crescimento, as atuais estimativas nacionais reportam que há um elevado índice, com média de 23% da mão de obra do setor de frigoríficos afastados do trabalho ou no aguardo de decisões judiciais em função de acidentes e doenças causados pelo trabalho (MTE, 2016).
Diversas podem ser as causas dos acidentes e doenças causados no desenvolvimento de atividades em frigoríficos, o qual é apontado em estudos nacionais e internacionais, que as principais causas de acidentes e doenças do trabalho são devido à exposição dos trabalhadores a uma diversidade de riscos físicos (ruído, temperaturas extremas, umidade, vibração), químicos, biológicos, ergonômicos e mecânicos presentes nas atividades de abate e processamento de frangos e outros animais (DEJOURS et al., 1994; BONDE et al., 2003; CASO et al.,2007; JAKOBI et al., 2015; ARMSTRONG et al.,1993; BAO et al., 2001; BUSNELO; DEWES 2013; HECK 2013; JUUL-KRISTERNEN et al., 2002; MUSOLIN et al., 2014; SARDA et al., 2009; SUNDSTRUP et al., 2013).
Destaque se dá ao risco da exposição ao frio artificialmente controlado que ocorre com maior número de trabalhadores devido o maior volume do processo produtivo dos frigoríficos necessitarem de temperaturas baixas nas salas de processamento dos produtos, para garantir a qualidade e higiene do produto produzido (TAKEDA e MORO, 2015).
Cabe ressaltar que no Brasil, os processos produtivos dos frigoríficos devem atender a Portaria 210 de 10/11/1998 do Ministério da Agricultura e do Abastecimento do Brasil, obrigatória para atividades de cortes de carnes. Esta portaria estabelece limites para a sala de cortes de frangos, instruindo que a temperatura do frango não pode ser superior à 7ºC, e a temperatura ambiente não pode ser superior aos 12ºC.
Nota-se na norma Brasileira que há valores máximos que não podem ser ultrapassados nos ambientes de corte e manipulação da carne de frango, e se esses valores forem ultrapassados, o processo imediatamente é interditado até que as temperaturas atendam as condições mínimas estabelecidas na Portaria 210, ou seja, temperaturas inferiores a 12ºC nas salas de corte e processamento da carne. Além das temperaturas obrigatórias nas salas de cortes, todos os processos posteriores a esse, tais como, embalagens, estocagem e carregamento, assim como seus subprocessos que dependem da variedade de produtos produzidos pelo frigorífico, também devem manter temperaturas abaixo das especificadas na Portaria 210 para garantir as temperaturas mínimas do produto. Para garantir que essas temperaturas sejam seguidas existe um sistema de fiscalização controlado por funcionários do próprio frigorifico e por funcionários do sistema Público nomeados com cargos instituídos por Governo Federal.
Da mesma forma, para o controle de temperaturas, internacionalmente há o Regulamento (EC) nº 853/2004, do European Parliament and of the Council, que estabelece regras de higiene específicas para a separação, embalagem e armazenamento de produtos de carne, definindo que a temperatura interna em instalações de processamento de carne deve ser entre 2ºC e 7ºC (REGULATION EC, 2004). Ou seja, demandam temperaturas menores que as estabelecidas pela Portaria 210 do Ministério da Agricultura e do Abastecimento do Brasil.
Além do Regulamento (EC) nº 853/2004, há normas internacionais, por exemplo, a ISO 15743 (2008), que apresenta que nas indústrias de transformação as temperaturas dos produtos e superfícies de trabalho podem variar entre 3 à 4ºC, ou até -2ºC quando ocorrer manuseio de carne congelada.
Nota-se nas normas comumente utilizadas para o funcionamento das empresas processadoras de carnes que existem dados quantitativos para parametrizar as condições dos ambientes de trabalho, no entanto, não se estabelece valores limites, ou de controle, que sejam obrigatórios para as temperaturas detectadas e toleradas pelo corpo do trabalhador que sofre ação do frio devido ao contato e exposição do ar frio. A norma Brasileira que estabelece condições para exposição de trabalhadores a riscos do ambiente é a Norma Regulamentadora NR15 (2016), que especificamente para o frio, determina no anexo 9, que para as atividades ou operações executadas no interior de câmaras frigoríficas, ou em locais que apresentem condições similares, que exponham os trabalhadores ao frio, sem a proteção adequada, serão consideradas insalubres em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho. Ou seja, de forma qualitativa apenas deverá ser mensurado o risco ao frio artificialmente controlado, sem determinação de valores que possam ser utilizados como parâmetros de controle.
As consequências da exposição ao frio à saúde do trabalhador podem ser diversas, porém uma das primeiras consequências da exposição com contato ao frio é o desconforto seguido de dor na região atingida (ISO 13732, 2005), que se não forem tomadas ações para controlar a exposição ao frio os efeitos podem se agravar gerando doenças. As doenças comumente citadas na literatura médica relacionadas com a exposição ao frio são: Ulcerações, Frostbite, Fenômeno de Raynaud, Urticária pelo Frio, Frieiras (Perniose), Doenças Respiratórias, entre outras.
Em virtude da necessidade de atender as condições de conforto e preservação da saúde do trabalhador, o objetivo desse estudo foi analisar a variação de temperatura da pele na região do dedo do pé de trabalhadores expostos à temperatura fria artificialmente controlada em ambiente de corte de frangos, para verificar se ocorre exposição de riscos que podem causar danos à saúde e integridade física dos trabalhadores.
Para avaliar os resultados da termografia no controle de riscos devido à exposição ao frio em ambientes climatizados e controlados foi realizada uma avaliação termográfica em uma região do pé de funcionários de um setor de cortes de frango de um frigorífico de abate e processamento de frangos localizado na região de Santa Catarina. Atualmente a empresa opera em dois turnos de abate e um terceiro turno, utilizado para manutenção preventiva e higienização de máquinas e equipamentos.
As avaliações foram realizadas com 20 funcionários de um setor específico de corte apenas do primeiro turno, pois às condições ambientais de ambos os turnos são similares, de manuseio do produto e dos equipamentos, devido à necessidade de atender a obrigatoriedade regida na Portaria 210 de 10/11/1998 do Ministério da Agricultura e do Abastecimento do Brasil que determina parâmetros mínimos e máximos de temperatura do produto e das salas de manipulação dos produtos de origem animal.
A jornada de trabalho é de 8h48min/dia, com intervalos de 60 minutos para alimentação e com pausas de recuperação psicofisiológicas de 60 minutos distribuídas na jornada de trabalho em três pausas de 20 minutos, conforme determina a NR36 (2016), norma de Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados.
O horário de trabalho dos funcionários avaliados inicia-se às 06h:00min, com a primeira pausa ocorrendo próxima as 07h:20min, segunda pausa próxima as 09h:40min, intervalo de almoço próximo as 12h:00min, a terceira pausa próxima as 14h:00min e término da jornada às 15h:48min.
Para realização do estudo foi disponibilizado uma sala com temperatura ambiente média de 23,6°C, esta temperatura foi medida com um medidor de estresse térmico marca Instrutherm, modelo TGD-300.
Os trabalhadores do setor avaliado ficam posicionados lado a lado, na frente de uma esteira de inox com uma lona móvel que fica no meio da esteira por onde o produto desliza para chegar até a posição de cada funcionário. Quando o produto chega até o trabalhador, ele apanha o produto com uma das mãos e a outra mão segura à faca para realizar os cortes necessários na peça de frango. A atividade avaliada é realizada durante todo o tempo em pé.
Para avaliação da temperatura superficial no sítio corporal escolhido, foi utilizado um termovisor, modelo E40, range de temperatura de -20 a 650ºC, com parâmetros de calibração de 0,95 de emissividade, 20ºC de temperatura refletida e 80% de umidade relativa. O equipamento foi instalado em um tripé com distância de 100 cm de uma placa de tecnil utilizada como anteparo para os pés, conforme representado na Figura 01. A dimensão da placa utilizada é 30 cm de largura por 25 cm de altura.
Figura 01. Posicionamento dos equipamentos e do indivíduo no aparato de coleta de imagens.
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
Cada trabalhador participante da pesquisa foi retirado da linha de produção e encaminhado para a sala de avaliação. Ao chegar à sala o procedimento consistia em retirar a botina de PVC e a meia térmica fornecida pela empresa, ressalta que foram entregues 20 pares de meias e botinas novas dois dias antes da avaliação para os trabalhadores participantes da pesquisa. Após retirar a botina e a meia o trabalhador elevou a calça para posicionar o pé na placa de tecnil para registrar as fotos, conforme ilustrado na Figura 01. As fotos foram registradas no início das atividades, na saída e retorno para as pausas, saída e retorno para intervalo de refeição e no término da jornada.
Após o registro das fotos os dados foram tratados no software do equipamento. Para a realização do tratamento estatístico dos resultados foram consideradas as temperaturas médias no hálux (primeiro pododáctilo) do pé esquerdo de cada trabalhador conforme representado na Figura 02.
Figura 02. Imagem do sítio corporal analisado no estudo.
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
Para análise dos dados foram utilizadas as temperaturas médias do sítio corporal avaliado de cada trabalhador. O ponto de análise foi escolhido no dedo devido ser a região mais atingida do pé pelo frio.
Para confirmar os dados das imagens termográficas, foi instalado um termo higrômetro digital da marca Instrutherm, modelo HT – 700 próximo à área de avaliação do dedo, nota-se o cabo do termômetro nos quadros B, C, D, E e F representado na Figura 03. Os valores não foram utilizados nesse estudo, serviram apenas para comparar aos valores das imagens termográficas.
Para esse estudo não foram calculados os índices de resistência térmica (clo) da botina e da meia térmica, pois o objetivo não foi verificar se os equipamentos são adequados para a atividade.
As imagens da termografia mostram a distribuição de temperatura e especificamente nos sítios corporais de interesse, através de um espectro de cores e valores que pode ser calibrados conforme o modelo de equipamento utilizado. No estudo foi utilizada a escala representada na lateral direita da Figura 02, onde o tom preto é associado a menor temperatura (próxima a 10ºC) e o tom branco referente à maior temperatura (próxima a 32ºC). Baseado nessas informações tem-se os valores das temperaturas mínimas, máximas e médias do sítio corporal avaliado.
Como parâmetros para análise dos resultados foi utilizado uma adaptação das escalas de temperatura, baseada no estudo conduzido por Lehmuskallio et al., (2002) onde a faixa de temperatura entre 36 – 34ºC indica condição de conforto térmico, entre 33,9 – 29ºC indica condição neutra, entre 28,9 – 25ºC indica desconforto (resfriado), entre 24,9 – 18ºC indica sensação de desconforto (frio), entre 17,9 – 12ºC indica sensação de dor provocada pelo frio, entre 11,9 – 8ºC indica sensação de dor e formigamento (perda gradual da percepção tátil) e menor de 8ºC indica sensação de dor e congelamento.
Para mensuração da temperatura superficial do piso e da parte externa da botina foi utilizado um termômetro digital infravermelho marca Minipa, modelo MT-350. Para medir a velocidade do ar nas salas foi utilizado termo-higro-anemômetro marca Instrutherm, modelo THAR-200.
Ressalta-se que a pesquisa foi permitida pela empresa e o protocolo da pesquisa foi submetido e aprovado por uma Comissão de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina atendendo a todas as recomendações legais.
Inicialmente são descritos os resultados referentes ao ambiente de trabalho (temperatura, velocidade do ar e umidade relativa), temperatura do piso e do lado externo da botina de PVC utilizada pelos trabalhadores. Esses fatores podem influenciar diretamente nas temperaturas medidas no sítio corporal dos trabalhadores avaliados nesse estudo.
O resultado da temperatura média do ambiente de trabalho avaliado foi de 11,2°C, a velocidade média do ar encontrada foi 0,26m/s e umidade relativa média foi 80%. A temperatura média do piso foi de 10°C, assim como a temperatura média do lado externo da botina foi de 10,4°C.
Percebe-se que a temperatura média encontrada na sala onde se posicionam os trabalhadores avaliados atende ao requisito da Portaria 210 de 10/11/1998 do Ministério da Agricultura e do Abastecimento do Brasil, no qual a temperatura não excede os 12ºC que devem ser mantidos obrigatoriamente.
Com relação à temperatura no sítio corporal analisado com a termografia, foram encontradas diferenças significativas de cores conforme o tempo de exposição ao ambiente frio. As imagens da termografia do pé de um dos trabalhadores participante desse estudo que representa as diferenças de cores estão apresentadas na Figura 03.
Figura 03. Imagens termograficas do pé esquerdo de um trabalhador.
Fonte: Elaborado pelos autores (2016).
Os resultados das imagens termográficas apresentados na Figura 03 representam seis primeiros momentos de imagens registradas na avaliação, sendo eles: A – imagem inicial às 06h:25min; B – imagem na saída para primeira pausa psicofisiológica às 07h:25min; C – imagem de retorno da primeira pausa psicofisiológica às 07h:45min; D – imagem para segunda pausa psicofisiológica às 09h:40min; E – imagem de retorno da segunda pausa psicofisiológica às 10h:00min; F – imagem de saída para intervalo de almoço às 12h:15min. As demais imagens que completam o ciclo de trabalho não foram representadas, pois não apresentaram diferenças de cores em função do tempo de exposição representada nas imagens da Figura 03.
A Figura 03 demonstra em cada quadro (A, B, C, D, E, F) as imagens que representam a escala de cores das temperaturas encontradas no pé dos trabalhadores avaliados onde as temperaturas representadas por cores do quadro A apresentam as maiores temperaturas no sítio corporal avaliado, com coloração verde. Os quadros B, C e E, representam em seguida às temperaturas mais elevadas pela coloração azul para verde. O quadro D já apresentam temperaturas baixas representadas pela coloração violeta e por fim a pior coloração com representação da menor temperatura no sítio corporal avaliado foi representado no quadro F com coloração preta para violeta.
Essas diferenças de temperatura podem ser confirmadas de acordo com os resultados representados na Tabela 01.
Avaliações |
Horário da avaliação |
Temperatura em °C |
Sensação térmica conforme escalas de Lehmuskallio et al. (2002) |
A |
06:25 |
22,8 |
Desconforto (Frio) |
B |
07:25 |
17,8 |
Desconforto (Frio) |
Pausa psicofisiológica de 20 minutos |
|||
C |
07:45 |
18,6 |
Desconforto (Frio) |
D |
09:40 |
13,5 |
Dor causada pelo frio |
Pausa psicofisiológica de 20 minutos |
|||
E |
10:00 |
15,3 |
Dor causada pelo frio |
F |
12:15 |
12,8 |
Dor causada pelo frio |
Intervalo para refeição de 60 minutos |
|||
G |
13:15 |
20,0 |
Desconforto (Frio) |
H |
13:55 |
18,5 |
Desconforto (Frio) |
Pausa psicofisiológica de 20 minutos |
|||
I |
14:15 |
19,8 |
Desconforto (Frio) |
J |
15:45 |
14,4 |
Dor causada pelo frio |
Tabela 01. Dados das avaliações de temperatura por tempo de exposição ao frio.
Fonte: Elaborado pelos autores (2016)
Verifica-se nas temperaturas representadas na Tabela 01, que a maior temperatura registrada foi próximo ao início da jornada de trabalho, na avaliação A com 22,8ºC, e a menor temperatura foi na avaliação F com 12,8ºC, ou seja, confirmando a apresentação das cores representadas na Figura 03.
O que percebe-se com os resultados é que a condição inicial de trabalho, devido a temperatura do ambiente, com média de 11,2°C, faz com que a temperatura dos pés dos trabalhadores, próximo aos dedos sofra uma redução significativa em poucos minutos de exposição. Ressalta-se que além da baixa temperatura, os dedos são a região do corpo que sofre maior influência do frio devido ser as extremidades do corpo com menor fluxo sanguíneo, menor superfície de massa, favorecendo maiores taxas de perda de calor (WILLIAMSON et al., 1984).
Os resultados demonstram que as temperaturas iniciam numa condição que pode ser percebida pelos trabalhadores como desconforto causado pelo frio e conforme aumenta a exposição em tempo verifica-se que em alguns momentos do dia a percepção dos trabalhadores pode ser de dor causada pelo frio.
Os piores momentos representados nos resultados com percepção de dor causada pelo frio foram próximos a segunda pausa psicofisiológica de 20 minutos que ocorre às 09h:40min, permanecendo mesmo após a pausa até o horário de intervalo para refeição e novamente ocorre próximo ao término da jornada de trabalho.
Nota-se que as pausas pouco contribuem para a recuperação térmica, pois na primeira pausa, houve recuperação térmica com ganho de temperatura de apenas 0,8ºC, na segunda 1,8ºC e na terceira 1,3ºC.
Desta forma, verifica-se que a pausa psicofisiológica realizada não possui como objetivo direto a redução dos riscos gerados pelo frio, e sim a redução da sobrecarga de atividades que necessitem de manuseio de cargas, repetitividade, posturas estáticas ou dinâmicas do pescoço, ombros, dorso e membros superiores e inferiores que também representam riscos a saúde e integridade física dos trabalhadores.
Considerando que os resultados demonstram condições de desconforto, seguidas de dor que ocorre com o aumento da exposição dos trabalhadores, cabe ressaltar que com os equipamentos (botina e meia) fornecidos pela empresa, poderiam representar condições piores de exposição ao frio se a empresa cumprisse com as temperaturas estabelecidas pelo Regulamento (EC) nº 853/2004, do European Parliament and of the Council, que estabelece que a temperatura interna em instalações de processamento de carne deve ser entre 2ºC e 7ºC (REGULATION EC, 2004), e também poderiam representar piores resultados com o cumprimento da ISO 15743 (2008) que estabelece que a temperatura de superfícies de trabalho podem variar entre 3 à 4ºC, ou até -2ºC para manuseio de carne congelada.
Por fim, nota-se que as consequências da exposição ao frio artificialmente controlado neste modelo de atividade avaliada apresentam condições de desconforto e dor no sítio corporal avaliado, no qual seus efeitos podem se agravar gerando doenças relacionadas à exposição sem controle ao frio.
Com essa pesquisa foi possível verificar que a falta de parâmetros na legislação Brasileira para exposição de trabalhadores ao frio dificulta as ações que necessitam ser implantadas pelas empresas para o controle do risco. Pois o que se verificou com essa pesquisa é que os parâmetros ambientais de temperatura da sala atende as questões relacionadas à produção higiênico-sanitária do produto, no entanto as temperaturas medidas no sítio corporal dos trabalhadores não atende as condições de controle do risco.
Conclui-se que com a utilização da termografia de imagens nesse estudo foi possível mensurar as temperaturas de forma quantitativa e avaliar que a condição apresentada é que os trabalhadores estão expostos a condições de desconforto e dor que podem contribuir para a ocorrência de danos a integridade física dos trabalhadores e agravos à saúde com o surgimento de doenças relacionadas ao frio.
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1. Doutorando em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Brasil. Email: takeda.f@bol.com.br
2. Professor Doutor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Brasil. Email: renato.moro@ufsc.br
3. MBA em Gestão em Ergonomia, Faculdade Inspirar, Brasil. Email: nataliaadias@hotmail.com
4. Especialista em Segurança do Trabalho, Centro Universitário da Fundação Assis Gurgacz, Brasil. Email: williansfab@bol.com.br