Espacios. Vol. 37 (Nº 27) Año 2016. Pág. 13

Logística Reversa: Uma Alternativa para Redução de Custos e Impactos Ambientais das Organizações

Reverse Logistics: An Alternative to Reduce Costs and Environmental Impacts of Organizations

Fabiano Phillippsen da ROSA 1; Thales Rômulo MAAHS 2

Recibido: 12/05/16 • Aprobado: 12/06/2016


Conteúdo

1. Introdução

2. Fundamentação teórica

3. Vantagens e desvantagens da logística reversa

4. Comparação vantagem e desvantagem

5. Considerações finais

Referências


RESUMO:

Devido à necessidades de economia de custos com matérias-primas nos processos produtivos das organizações, torna-se necessário a utilização de operações reversas, que além de reduzir custos e impactos ambientais, ajuda a aumentar a competitividade das organizações. Este artigo trata de uma abordagem teórica do estudo da aplicação da logística reversa, destacando as vantagens, redução de custos e demais ganhos em sua aplicação. O principal objetivo deste trabalho é demonstrar a possibilidade da redução de custo, oferecer um diferencial competitivo, e a contribuição ao meio ambiente através do reaproveitamento dos produtos. A metodologia utilizada foi de pesquisa e estudo exploratório, utilizando-se de materiais bibliográficos, como livros e artigos científicos. A elaboração deste artigo possibilitou a ampliação dos conhecimentos da forma que as empresas administram seus recursos, e gerenciam suas atividades de logística reversa.
Palavras chave: Logística Reversa. Redução de Custos. Impactos Ambientais. Competitividade.

ABSTRACT:

Due to cost savings needs with raw materials in the production processes of organizations, it is necessary the use of reverse operations, while reducing costs and environmental impacts, helps to increase the competitiveness of organizations. This article presents a theoretical approach to the study of the application of reverse logistics, highlighting the advantages, cost savings and other gains in its application. The main objective of this work is to demonstrate the possibility of cost reduction, provide a competitive edge, and the contribution to the environment through the reuse of products. The methodology used was research and exploratory study, using bibliographic materials such as books and scientific articles. The writing of this article enabled the expansion of knowledge of the way that companies manage their resources, and manage their reverse logistics activities.
Keywords: Reverse Logistic. Cost Reduction. Environmental Impacts. Competitiveness.

1. Introdução

A logística é de fundamental importância para as empresas devido ao fato dela lidar diretamente com o arranjo físico, compra de matéria prima, produção, deslocamento e entrega do produto final (CRUZ, SANTANA e SANDES, 2013).

A logística surgiu da necessidade de melhorar o arranjo físico das organizações, e depois de certo tempo, passou a planejar o processo de fluxo de mercadorias, tanto com relação aos seus fornecedores, clientes, unidades fabris, fluxos internos, etc.

Logística é o processo de planejar, implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos, bem como os serviços e informações associados, cobrindo desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor (NOVAES, 2004, p. 31).

Segundo Guarnieri (2013) logística é a maximização dos lucros da empresa através do atendimento aos pedidos dos clientes com custos reduzidos que é obtido com o gerenciamento estratégico de aquisição, movimentação e armazenagem de matérias-primas, peças produtos e organizações dos fluxos de informações.

A logística reversa surgiu como um meio de recuperar produtos visando uma maior sustentabilidade e economia de custos com o reaproveitamento do material coletado. A principal diferença da logística reversa para a logística tradicional está na sustentabilidade. Na logística reversa, existe um processo de reutilização dos produtos, em que a idéia principal é tentar recuperar todo o produto já processado (CRUZ, SANTANA e SANDES, 2013).

Para Rogers e Tibben-Lembke (1998) a logística reversa tem por objetivo recuperar valor através da movimentação do material já localizado em seu destino final, deslocando-o para outro local, ou então encaminhá-lo para uma destinação adequada.

As empresas estão cada vez mais buscando formas de minimizar impactos ambientais e reduzir custos em seus processos internos, tornando-se mais competitivas. Entre muitas alternativas estudadas, destaca-se a logística reversa como uma forma de tornar a empresa mais sustentável, atender as legislações ambientais vigentes além de conquistar o mercado consumidor, cada vez mais preocupado com o meio ambiente (BARROS et. al.; 2013).

O principal objetivo deste trabalho é identificar as principais vantagens e desvantagens da logística reversa, possibilidades de redução de custos de fabricação, sustentabilidade dos processos, impactos ambientais e competitividade.  

Este estudo foi realizado através de uma abordagem teórica de caráter descritivo e documental, com a utilização de uma metodologia de pesquisas e estudos com informações coletadas em livros, artigos e periódicos científicos.

2. Fundamentação teórica

2.1 Logística Tradicional

A logística pode ser definida como o transporte de materiais de um ponto de origem a um ponto de consumo (RODRIGUES et. al.; 2002).   

A logística é um estudo da área da administração sobre a melhor forma de gerenciar serviços de distribuição para os clientes, utilizando para isso estratégias de organização, planejamento e controle das atividades que envolvem movimentação e armazenagem com o objetivo de melhorar e facilitar o fluxo de produtos (BALLOU, 1993). 

A logística é um dos principais fatores que proporcionaram o diferencial competitivo que as empresas necessitavam para manter-se em um mercado globalizado, de forma a satisfazer o cliente, visando a maximização do lucro. Apesar de ter sua origem há muitos anos atrás, na área militar, e ter seus primeiros registros por volta do ano de 1800, nos escritos do engenheiro francês Julie Dupuit (GUARNIERI et. al.; 2006).

Segundo Ribeiro & Gomes (2004), a logística consiste no processo de administrar e gerenciar de forma estratégica a aquisição, armazenagem, movimentação de materiais e produtos acabados ou semi-acabados, organizar seus sistemas de distribuição obtendo assim maximização dos lucros da organização, melhoria e agilidade no atendimento e conseqüentemente satisfação dos clientes á custos reduzidos.

2.2 Logística Reversa

A logística reversa é um processo que envolve todo um controle de fluxo de matérias-primas, produtos e materiais em estoque, produtos acabados, em movimentação e destinação. Esse processo se dá através do planejamento e implementação de métodos de controle e rastreio de material durante todo seu ciclo de vida e tem por objetivo recapturar o valor ou encaminhar para destino apropriado (LEITE, 2009). O processo lógico reverso poder ser visto na figura 1.

Figura 1 – Fluxo Lógico Reverso

Fonte: Adaptado de LEITE (2009).

A logística reversa tem como preocupação os processos de retorno de embalagens e produtos de pós-venda e pós-consumo, podendo estes agregar valor de diversas formas como: econômicos, logístico, legal, ecológicos, competitivos e de imagem da corporação (LIVA, PONTELO e OLIVEIRA, 2002).   

O ciclo de vida de um produto se refere a todo o período de vida do produto, que está muito além da entrega ao cliente. Os produtos podem se tornar obsoletos com o tempo, danificarem, ou não funcionarem de acordo com suas características e nesses casos surge a necessidade do envio ou retorno ao fabricante, para serem devidamente descartados, reaproveitados ou reparados (LACERDA, 2009). 

A logística reversa passou a ser mais estudada nos últimos anos decorrente da grande freqüência de ocorrências de operações reversas, em busca de custos de produção mais acessíveis e de vantagens competitivas (SOUZA e FONSECA, 2008).

2.2.1 Logística Reversa de Pós-Venda 

Possui ocupação operacional de movimentação de bens de pós-venda, que por vários motivos, retornaram á cadeia de distribuição. Esse produto pode tanto ter sido devolvido por rações  legais (legislação ambiental) ou comerciais, problemas de qualidade, falhas de operação e funcionalidade do produto, erros nos processamentos dos pedidos, garantias oferecidas pelo fabricante e avarias no transporte (LIVA, PONTELO e OLIVEIRA, 2002).

Segundo Rodrigues et. al.; (2002), o fluxo de retorno dos bens de pós-venda pode ser realizado pelos seguintes motivos:

i)  Retorno por problemas relacionados a qualidade ou por garantia: recall e devolução;

ii) Redistribuição de produtos: prazo de validade próximo ao vencimento e sazonalidade de venda;

iii) Retorno de produtos obsoletos para substituição por novos do mesmo ramo;

iv) Liberação de espaço físico em área de uma loja: limpeza de estoques nos canais de distribuição para retornar de volta para o fabricante.

Segundo Leite (2009, o fluxo logístico reverso de pós-venda pode ser representado conforme figura 2.

Figura 2 – Fluxo logístico reverso de pós-venda.

Fonte: Leite (2009).

2.2.2 Logística Reversa de Pós-Consumo

A logística reversa de pós-consumo é responsável pelo gerenciamento e controle dos fluxos, tantos os físicos como os de informações relacionados diretamente aos bens descartados após término de sua vida útil ou finalizada sua utilidade original, retornando novamente ao ciclo produtivo (LEITE, 2009).

Os resíduos sólidos de pós-consumo podem ter tanto origem industrial como doméstica. Os resíduos de origem industrial possuem legislações específicas referentes aos impactos ambientais causados por negligência ou falhas nas atividades industriais. Porém, para resíduos domésticos, as legislações são recentes e pouco aplicáveis (GISELA e MADEIRA, 2015).

Conforme Leite (2009), observa-se na figura 3 o fluxo logístico reverso de pós-consumo.

Figura 3 – Fluxo logístico reverso de pós-consumo.

Fonte: Leite (2009).

Segundo Rodrigues et. al.; (2002), o fluxo de retorno dos bens de pós-consumo pode ser realizado pelos seguintes motivos:

i) Reciclagem e reaproveitamento de materiais ou componentes provenientes de um produto ou o próprio produto;

ii) O cliente pode ser incentivado á uma aquisição de um produto novo mediante proposta da troca pelo seu produto usado;

iii) A imagem da empresa é promovida devido á demonstração perante clientes da responsabilidade ética com o meio ambiente, que busca um destino final adequado aos seus produtos.

No quadro 1, pode ser visualizado o canal reverso segundo Coelho (2010).

Quadro 1 - Canal reverso

Canal Reverso

Exemplo

Características

Reuso

Leilões de Empresas

Equipamentos usados, móveis, utensílios, veículos, peças ou partes de equipamentos sem condições de uso (sucata), sobras industriais, excessos de estoque de insumos, etc.

Pós-Venda

E-commerce

Nível alto de devoluções por não-conformidade às expectativas do consumidor (25 a 30%). Produtos com embalagens individuais, clientes desconhecidos e demanda pouco previsível.

Pós-consumo

Embalagens Descartáveis

Segmento dos mais importantes de canais reversos. Revalorização pelo sistema de reciclagem dos materiais que o constituem. Alta “visibilidade ecológica”. Em geral são dispostos impropriamente, gerando poluição em centros urbanos.

Pós-venda

Lojas de Varejo

Consumidores devolvem ao varejista produtos recém adquiridos e não consumidos. Os motivos são principalmente: arrependimento pela compra, erro na escolha, defeitos, não entendimento dos manuais.

Fonte: Coelho (2010).

2.2.3 Rede de Distribuição Reversa

A rede de distribuição reversa é um controle dos fluxos reversos, ou seja, o rastreamento dos produtos, a logística realizada, seu caminho percorrido até a sua reintegração ao ciclo produtivo da empresa ou ao seu descarte adequado (RODRIGUES et. al.; 2002).

Leite (2009, pp. 42 e 43), considera que a implementação de redes de distribuição reversa possuem um grande desafio pelos fatores logísticos, tecnológicos e econômicos envolvidos para recuperar bens, transportá-los e reutilizá-los, aumentando o retorno financeiro.   

Para a implementação da rede de distribuição reversa são necessárias as realizações de atividades de localização e rastreamento de produtos, controles de estoques, produções planejadas, análises de viabilidade econômica e verificação dos possíveis impactos ambientais. Também devem ser consideradas a possibilidade de reutilização, manutenção e reparo, remanufatura e a reciclagem do produto e seus componentes (ANASTÁCIO, 2003).  

Os produtos que se encontram nos canais reversos, torna-se necessário o estudo de matérias-primas, a revenda destes produtos em algum mercado secundário e recolhimento e destinação adequada de embalagens (ANASTÁCIO, 2003).

Para Leite (2000), o desenvolvimento dessa rede distribuição reversa requer a avaliação de aspectos como: vida útil do bem disponibilizado, ciclo, nível de integração da empresa e objetivo.

2.2.3.1 Vida Útil do Bem Disponibilizado

  1. Durável: vida útil do produto dura alguns anos ou algumas décadas;
  2. Semidurável: vida útil do produto dura alguns meses á no máximo dois anos;
  3. Descartável: vida útil do produto dura poucas semanas.

Os produtos duráveis ou seus componentes podem ser reaproveitados, os bens descartáveis podem ser reciclados e os semiduráveis, devido á suas propriedades internas possuem características entre duráveis e descartáveis (RODRIGUES et. al.; 2002).

2.2.3.2 Ciclo

  1. Aberto: produto retorna ao ciclo produtivo, evitando o uso de matérias-primas;
  2. Fechado: os materiais são utilizados para a fabricação de produtos similares.

2.2.3.3 Nível de Integração da Empresa

  1. Integrada: as etapas do canal de distribuição reverso são de responsabilidade da empresa;
  2. Não-Integrada: a empresa participa de algumas das etapas do processo ou utiliza outros recursos para a realização, como serviços terceirizados, transportadoras, etc.

2.2.3.4 Objetivo

  1. Econômico: a empresa obtém ganhos financeiros na operação;

Mercadológico: diferenciação no serviço;

  1. Legislação: a empresa está de acordo com à legislação vigente e apta a atender legislações futuras;
  2. Ganho de imagem da empresa perante clientes.       

2.2.4 Legislação Vigente

A legislação ambiental segue cada vez mais o rumo de tornar as organizações diretamente responsáveis por todo o ciclo de vida do produto e seus resíduos sólidos. Portanto, as empresas passaram a ser legalmente responsáveis pelo destino do produto mesmo após ter entregue ao cliente final. Também tornam-se responsáveis e passiveis de punição por qualquer impacto que estes produtos gerem no meio ambiente (LACERDA, 2009).

De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (estabelecida pela lei 12.305 de 2/08/2010), a logística reversa pode ser definida como “instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada” (PLANALTO, 2010).

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela lei nº 12.305/10 cria metas importantes para a eliminação de lixões impondo que as responsabilidades pela geração de produtos e resíduos devem ser compartilhadas entre fabricantes, distribuidores, comerciantes, cidadãos e possíveis prestadores de serviços de coleta e manejo de resíduos sólidos e embalagens pós-consumo (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2015).

2.3 Logística Reversa e Fatores de Abordagem

O desenvolvimento da logística reversa torna-se necessário devido a fatores como necessidade de redução de custos internos das organizações, desenvolvimento sustentável, ciclos de vida útil dos produtos cada vez mais reduzido, exigências legais (legislações vigentes), e até mesmo conscientização ambiental dos consumidores (FONSCECA et. al.; 2013).

Na abordagem da logística reversa, são levados em consideração os mesmos componentes encontrados na logística tradicional, que são: armazenagem; estoques; transportes; fluxos de movimentação interno e externo de materiais; tipos de serviços e níveis envolvidos; sistemas de informações e comunicações; etc. (SOUZA e FONSECA, 2008).

Retornos de produtos e materiais devem ser evitados antes de qualquer aplicação de logística reversa. Algumas medidas para evitar retornos indevidos podem ser tomadas, como controles de qualidade mais rígidos, atendimentos de call center junto aos clientes, controles de políticas de retorno com os distribuidores (SOUZA e FONSECA, 2008).

O templo de ciclagem dos materiais deve ser tratado com grande consideração, pois custos são gerados por grande estocagem e armazenamento de materiais além de atrasos de retorno de caixa sobre investimentos de logística reversa em caso de ciclos muito longos e extensos. A identificação das necessidades de reutilização e o reprocessamento devem ser realizados de forma planejada e com agilidade, diminuindo assim o tempo de ciclo dos materiais (LACERDA, 2009).

2.4 Consciência Ambiental

A globalização, assim como o crescimento demográfico, geraram um consumo de recursos naturais e uma degradação do meio ambiente de forma totalmente incontrolável, tornando-se assim, necessárias grandes ações de correção da educação e consciência ambiental (TAUCHEN e BRANDLI, 2006).

A consciência ambiental significa uma mudança de comportamento, tanto de um único indivíduo quanto de uma sociedade em relação ao meio ambiente (BUTZKE, PEREIRA e NOEBAUER, 2002).

O consumo de recursos de forma irresponsável pela sociedade vem evidenciando a necessidade da busca pela sustentabilidade ambiental nos processos e produtos gerados. Os recursos então se tornando cada vez mais esgotáveis e novas políticas de redução de resíduos e meios de reciclagem e conservação de energias e recursos naturais estão se tornando necessárias (SACHS, 1993).

As pessoas em geral tendem a não se preocupam com o consumo desenfreado de recursos naturais, demonstrando uma alta de consciência de que seu comportamento irresponsável irá gerar futuramente problemas ambientais (BERTOLINI e POSSAMAI, 2006).

Segundo Dias (1994), a consciência ecológica é consumir apenas aquilo que se pode produzir, evitando prejuízos ao ambiente para as gerações futuras, ou seja, utilizar os recursos ambientais da melhor forma possível, a forma sustentável.   

Dias (1994) também afirma que indivíduos que possuem consciência ambiental verificam seus desperdícios, reconhecem sua parcela de responsabilidade nos problemas ambientais e procuram formas de encontrar soluções e alternativas mais adequadas ao uso de recursos ambientais. As pessoas só mudam de atitude com uma conscientização ambiental de toda a sociedade.

Consumidores com atitudes ecologicamente corretas privilegiam as empresas que investem na preservação ambiental, selecionando os produtos que compram e usam, evitando aqueles que contaminam mais, ou que geram maiores resíduos (RAPOSO, 2003).

Empresas que fornecem produtos ecologicamente corretos podem conquistar clientes conscientizados ecologicamente, o que acabam se tornando uma vantagem competitiva diante de concorrentes que não possuem estratégias ambientais (BERTOLINI e POSSAMAI, 2006).

3. Vantagens e desvantagens da logística reversa

3.1 Vantagens

A logistica reversa oferece várias vantagens para as empresas, sociedade e para o meio ambiente:

3.1.1 Empresas

  1. pode oferecer economia de custos nos processos produtivos, levando em conta que os resíduos ou produtos obsoletos realimentam a cadeia produtiva, reduzindo custos de aquisição de matérias-primas (SUAPESQUISA, 2015);
  2. as empresas podem obter vantagens econômicas com a economia e redução de custos no reaproveitamento de matéria-prima, possibilidade de utilização de embalagens retornáveis (GUARNIERI, 2014). Algumas melhorias nos processos de logística reversa podem gerar retornos financeiros consideráveis, que justifiquem maiores investimentos nesta área (LACERDA, 2009);
  3. outra vantagem é que em vez de comprar matérias-primas virgens para seus processos, pode comprar matéria-prima reciclada (GUARNIERI, 2014);
  4. com a logística reversa, a empresa pode receber com mais agilizade a matéria-prima (retorno), agilizando assim seu atendimento ao cliente e conseguentemente obtendo maiores níveis de venda (GUARNIERI, 2014);
  5. a logística reversa proporciona um diferencial competitivo para a organização em relação aos seus concorrentes. Uma vez que o ciclo de vida dos produtos está cada vez menor, a empresa que oferecer alternativas sustentáveis estará passando uma boa imagem corporativa perante os clientes, que buscam cada vez mais empresas com foco em responsabilidades ambientais (GUARNIERI, 2014);
  6. alguns empresários acreditam que os clientes valorizam empresas que possuem processos de retorno de produtos mais liberais e flexíveis, mesmo em casos de produtos danificados. Essa tendência é reforçada pela legislação de defesa do consumidor (LACERDA, 2009).

3.1.2 Sociedade

  1. as empresas, os consumidores e governos, passam a se tornar responsáveis pelos seus resíduos gerados, bem como pela coleta seletiva, separação, destinação adequada e descarte dos mesmos, criando assim um sistema de responsabilidade compartilhada entre as partes envolvidas (SUAPESQUISA, 2015);
  2. surgimento de novos nichos de mercado com o reaproveitamento de resíduos (GUARNIERI, 2014).
  3. desenvolvimento de novas tecnologias limpas e podem gerar registros de patente adquirida (GUARNIERI, 2014).  

3.1.3 Meio Ambiente

  1. pelo fato da política reversa possibilitar o retorno de resíduos sólidos para as empresas de origem, evita a contaminação ou poluíção do meio ambiente (SUAPESQUISA, 2015); 
  2. as indústrias utilizarão tecnologias mais limpas em seus processos e produtos, diminuindo assim a possibilidade de contaminarem o meio ambiente, além de facilitar a coleta e o reaproveitamento dos resíduos (SUAPESQUISA, 2015);
  3. as organizações passam a desenvolver embalagens retornáveis de fácil reutilização, reduzindo problemas de descarte de resíduos sólidos no meio ambiente (GUARNIERI, 2014);
  4. outro aspecto importante é o aumento da conscientização dos clientes, que buscam adquirir produtos de empresas que possuem planejamento estratégico sustentável. Este novo comportamento do cliente faz com que algumas empresas procurem comunicar ao público suas estratégias ambientais, passando assim uma imagem institucional de empresa "ecologicamente correta" (LACERDA, 2009).

Segundo Leite et. al., (2010); benefícios ambientais e econômicos surgem com a implantação da logística reversa conforme pode ser visualizado no Quadro 2.

Quadro 2. Benefícios ambientais e econômicos

BENEFÍCIOS AMBIENTAIS

BENEFÍCIOS ECONÔMICOS

Redução do volume de descarte tanto seguras quanto ilegais;

Criação de novos negócios na cadeia produtiva;

Antecipação às exigências de regulamentações legais;

Redução de investimentos em fábricas;

Economia de energia na fabricação de novos
produtos;

Aumento de fluxo de caixa por meio da comercialização dos produtos secundários e dos resíduos;

Diminuição da poluição pela contenção dos resíduos;

Economia do custo de energia na fabricação;

Restrição dos riscos advindos de aterros;

Aproveitamento do canal de distribuição para escoar os produtos secundários nos mercados Secundários;

Consciência ecológica.

Melhoria da imagem corporativa para obter financiamentos subsidiados por operar com práticas ecologicamente corretas.

Fonte: Adaptado de Leite (apud SHIBAO; MOORI; SANTOS, 2010, p. 14)

3.2 Desvantagens

A implementação da logística reversa apresenta dificuldades e desvantagens para as organizações:

  1. é necessário um maior controle a ser desenvolvido sobre os produtos (FELIPE, 2009);
  2. dificuldade de rastreamento de produtos ou residuos desde o momento de retorno até o seu destino final ( SOUZA e FONSCECA, 2008);
  3. necessita de maior mão de obra e espaços adicionais para estoque sobre produtos retornados (FELIPE, 2009);
  4. falta de equipe e parceiros preparados para realizar este tipo de atividade (ÁVILA e GRIEBELER, 2013);
  5. aumento nas despesas com transporte de material (ÁVILA e GRIEBELER, 2013);
  6. investimento inicial de logística reversa é muito elevado, principalmente quando envolve à troca de embalagens/padronização (ADLMAIER & SELLITO, 2007);
  7. a quantidade de produtos que retorna á organização é maior do que ela produz; produtos retornáveis ocupam espaço nos armazéns e depósitos, e acaba por gerar custos (LIVA et. al., 2003);
  8. retornos de produtos não identificados ou não autorizados compostos por vários materiais diferentes e que precisam ser separados (LIVA et. al., 2003).

3.3 Custos em Logística Reversa

As organizações que utilizam a logística reversa torna-se responsáveis pelo retorno do produto, seja para reaproveitamento, reciclagem ou descarte adequado. O controle de custos deverá ter um planejamento amplo, como no caso dos custos que envolvem o ciclo de vida total (SOUZA e FONSECA, 2008).   

Durante os processos de logística reversa, é importante identificar e associar os custos de forma apropriada evitando que o levantamento dos custos totais seja comprometido (BARROS et. al.; 2013).

O papel da logística reversa na estratégia empresarial é que definirá o tipo de sistema de informações gerenciais que será desenvolvido. O maior problema é a falta de sistemas prontos e a necessidade de se desenvolver sistemas próprios (SOUSA e FONSECA, 2008).

Empresas que utilizam garrafas retornáveis ou que conseguem aproveitar seu material nos processos produtivos obtém ganhos que justificam e incentivam a prática das atividades de logística reversa. Retornos que justificam os investimentos feitos são obtidos através de esforços de desenvolvimento e melhorias nos processos de logística reversa (LACERDA, 2009).     

4. Comparação vantagem e desvantagem

A pesquisa bibliográfica realizada possibilitou o levantamento de dados e informações a respeito das principais vantagens e desvantagens da logística reversa, permitindo assim a laboração do quadro 3, que demonstra de forma comparativa essas vantagens e desvantagens.  

Quadro 3 - Comparação de vantagens e desvantagens

Fatores da Logística Reversa

Vantagens

Desvantagens

Atingir padrões internacionais de qualidade ambiental

Estar de acordo com padrões internacionais de qualidade ambiental, podem atrair clientes, fornecedores e novas parcerias organizacionais. 

Nenhuma

Reduzir impactos ambientais

Redução de resíduos gerados tanto no processo produtivo, como no pós-venda e pós-consumo. Conscientização Ambiental. Redução de custos.

Nenhuma

Demonstração de responsabilidade empresarial, estabelecendo princípios de sustentabilidade ambiental

Trabalhos de marketing e divulgação de responsabilidade ambiental atraem clientes com conscientização ambiental o que proporciona um diferencial competitivo. Integrar logística com marketing. Desenvolvimento sustentável.

Nenhuma

Tempo de Ciclo reduzidos

Agiliza o atendimento ao cliente, obtendo assim maiores níveis de vendas.

Podem aumentar o estoque e atrasar retorno de caixa de investimentos.

Rede Logística Planejada

Controle sobre produtos. Rastreamento dos produtos do inicio até o destino final. Gera redes de distribuição reversa competitivas. Gerir bons controles de entrada. Processos padronizados e mapeados.

Dificuldade de realização e se mau planejado gera prejuízos á organização.

Relações colaborativas entre organização e clientes

Aumenta a interação entre a organização e os clientes, podendo criar uma fidelização destes.

Nenhuma

Reduzir custos internos e desperdícios

Retorno de material aumenta caixa da empresa e reduz custos com matéria-prima. Eliminação de resíduos nos processos produtivos reduz custos de fabricação.

Dificuldade na realização do controle e retorno de materiais, podendo gerar grandes estoques e conseqüentemente custos adicionais.

Exigências legais

Estar de acordo com as legislações vigentes, além da possibilidade de antecipação à legislações futuras.

Nenhuma

Fluxos de movimentação e transporte interno e externo de materiais

Nenhuma

Retorno de materiais causa aumento de custo por motivos de logística e transporte interno e externo.

Armazenagem e estoque. Espaços adicionais.

Nenhuma

Retorno de materiais causa aumento proporcional de estoque.

Sistemas de comunicação e informação

Sistemas informatizados, com dados alimentados periodicamente. Informações sobre ciclos do produto, saída e retorno. Comunicação efetiva com parceiros da rede de logística reversa.

Necessita de grande investimento financeiro, além da dependência de terceiros.

Retorno de materiais de forma indevida

Nenhuma

Pode ocorrer retornos de materiais indevidamente por falta de controle nos processos de garantia e recall. Produtos retornados não identificados.

Novos nichos de mercado

Novos produtos podem ser desenvolvidos a partir de resíduos realimentados na cadeia produtiva além de reduzir impactos ao meio ambiente e facilitar o ciclo reverso do pós-consumo. Atingir um nível de serviço diferenciado.

Necessita de grande investimento inicial.

Desenvolvimento de novas tecnologias

Desenvolvimento de novas tecnologias limpas além de gerar registros de patente adquirida.

Necessita de grande investimento inicial em tecnologia e Pesquisa e Desenvolvimento.

Mão de obra adicional

Nenhuma

Aumento da mão de obra em função das atividades de controle e rastreamento de produtos e materiais, reutilização, reciclagem ou destinação adequada.

Investimento inicial em logística reversa

Retorno financeiro a longo prazo. Os custos são reduzidos com aquisição de matéria-prima e eliminação de resíduos nos processos produtivos.

Auto investimento inicial. Necessita de grande planejamento, com controle total do ciclo de vida do produto, equipes e parceiros envolvidos, o que torna difícil á aplicação desta atividade.

Equipes e parceiros

Necessária a formação de novas equipes e parceiros para realização do controle do ciclo de vida e fluxo de movimentação e retorno do produto.

Dificuldade de formação de parceiros para auxiliar no controle logístico reverso do produto. Aumenta a dependência de terceiros.

Fonte: Os Autores

O quadro comparativo demonstra claramente através dos fatores levantados que a logística reversa pode ser um diferencial competitivo, enquadrando-se dentro das especificações das leis ambientais vigentes, mantendo uma política de sustentabilidade como forma de marketing.

Outro aspecto importante é a redução dos custos de produção pela retomada de matéria-prima que é capturada no final do ciclo de vida do produto e realimentada novamente na cadeia produtiva. Porém essa atividade gera custos iniciais e demanda de um grande controle e planejamento, que devem ser realizados de forma competente, pois falhas nesse processo podem gerar prejuízos á organização.

 A redução de custos obtido pelas atividades de logística reversa surgem a longo prazo, pois demandam de investimentos iniciais, formação de parcerias entre outros. Outras vantagens a serem citadas são o surgimento de novos nichos de mercado e desenvolvimento de novas tecnologias que acabam por gerar registros de patentes adquiridas.

5. Considerações finais

Este trabalho teve como finalidade demonstrar as vantagens da utilização das atividades de logística reversa. Observa-se que empresas que desenvolveram o seu "supply chain" reverso conseguiram uma maior valorização do mercado devido á uma maior valorização da imagem corporativa obtida com o uso da logística reversa. 

Organizações que utilizam logística reversa nos seus processos obtém um diferencial competitivo perante seus concorrentes, pois além de estar enquadrada dentro das legislações vigentes, a empresa coopera na redução do impacto ambiental, evitando ou reduzindo o lançamento de resíduos no meio ambiente. Essa atividade demonstra a responsabilidade empresarial e social da empresa, estabelecendo os princípios de sustentabilidade ambiental, que para muitos clientes conscientizados ambientalmente torna-se um fator determinante em suas escolhas.

Trabalhos de divulgação e marketing tornam-se necessários para que o cliente tome conhecimento das atividades de responsabilidade ambiental no desenvolvimento sustentável.

O principal objetivo deste trabalho foi de realização de uma pesquisa exploratória descritiva sobre as principais vantagens e desvantagens da utilização da logística reversa pelas organizações. Esses dados e informações foram coletados em revistas, livros, artigos científicos, sites especializados e também do governo.

Após a coleta das informações, essas foram dispostas em um quadro comparativo, possibilitando uma melhor visualização das mesmas, permitindo comparar de forma clara suas principais vantagens e desvantagens. 

Diante da análise realizada, constatou-se que a logística reversa proporciona mais vantagens do que desvantagens, principalmente sobre a redução de custos de fabricação, especialmente com aquisição de matérias-primas, pois a empresa recupera valor sobre o produto capturado através do retorno do fluxo logístico.

Porém, a logística reversa necessita de um grande planejamento e controle de todo o ciclo de vida do produto, e também de um grande investimento financeiro, que envolve custos adicionais com estoque e pessoal, investimento em sistemas de comunicação e informação, investimento em tecnologias, relações colaborativas entre organização e clientes e formação de novas parcerias com outras empresas.

Por se tratar de um planejamento a longo prazo e um grande investimento, o retorno financeiro também é a longo prazo, porém é real, pois a redução de custos, principalmente de matéria-prima é um fator determinante que torna viável a logística reversa.

Referências

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1. Acadêmico do Curso de Engenharia de Produção na Fundação Educacional Encosta Inferior do Nordeste (FACCAT–Faculdades integradas de Taquara), RS. E-mail: fabiano.2on@gmail.com
2. Acadêmico do Curso de Engenharia de Produção na Fundação Educacional Encosta Inferior do Nordeste (FACCAT–Faculdades integradas de Taquara), RS. E-mail: thalesmaahs@yahoo.com.br


Revista Espacios. ISSN 0798 1015
Vol. 37 (Nº 27) Año 2016

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