Espacios. Vol. 37 (Nº 12) Año 2016. Pág. 8

Gestão de Organizações Tríplice Hélice: Um estudo de escopo

Triple Helix Organizations Management: A escope study

Cássio Henrique Garcia COSTA 1; Luiz Gonzaga de CASTRO JUNIOR 2; Eduardo Cesar SILVA 3; Dany Flávio TONELLI 4; Gideon Carvalho de BENEDICTO 5

Recibido: 06/01/16 • Aprobado: 22/02/2016


Contenido

1. Introdução

2. Metodologia: Revisão de Escopo

3. Resultados

4. Considerações Finais

Referências Bibliográficas


RESUMO:

O objetivo deste estudo foi determinar, por meio de um estudo de escopo, quais são os principais aspectos da gestão de arranjos Tríplice Hélice (TH). O estudo de escopo constitui um tipo de revisão de literatura mapeia a produção relevante de uma área de interesse. A partir da análise de artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais foi identificado que a cooperação entre os participantes da TH, a propriedade intelectual, os mecanismos de gestão dos arranjos, os conflitos de interesses entre as partes e o papel das instituições articuladoras da inovação são os principais temas da literatura sobre TH.
Palavras – Chave: Gestão, Tríplice Hélice, estudo de escopo.

ABSTRACT:

Through this study, which consists in a scoping study, we aimed to establish the key aspects of the Triple Helix (TH) management arrengements. The scoping study is a kind of literature review that maps the relevant production in an area of interest. Based on the analysis of papers/articles published in national and international journals, we identified that the cooperation between the participants of the TH, the intellectual property, the management mechanisms of the arrangements, the conflicts of interests between the parties and the role of coordinating innovation institutions are the main themes found in the literature on TH.
Keywords: Management, Triple Helix, scope study.

1. Introdução

Incorporar as novas proposições do processo inovador, enfrentar a concorrência internacional e promover inovações tecnológicas tornaram-se tarefas complexas para diversos países, sobretudo aquele sem desenvolvimento. No Brasil, tais desafios são agravados pela incipiente preocupação das empresas locais com a propriedade intelectual, pelo baixo incentivo à fixação de doutores e mestres no setor empresarial e pela escassez propriamente dita de inovações (CASSIOLATO; LASTRES, 2005; FREEMAN, 1991; MOTOHASHI, 2005).

Experiências mundiais mostram que algumas formas de geração de sinergias para superar o atraso tecnológico das empresas são positivas, sendo uma dessas formas a cooperação entre universidade, indústrias e governo (U-I-G). O crescimento de parcerias e arranjos organizados sob este formato é cada vez mais investigado em trabalhos internacionais e nacionais sob a ótica da teoria da Tríplice Hélice (TH).

O modelo Triple Helix foi proposto por Henry Etzkowikz para caracterizar e descrever a interação entre a universidade, a indústria e o governo. Este modelo é baseado numa espiral onde ocorre também um fluxo reverso da indústria para a academia e demonstra a forma de integrar ciência, tecnologia e desenvolvimento econômico em contraste com o modelo tradicional, onde o fluxo do conhecimento ocorria num sentido único da pesquisa básica para a inovação.

A teoria da TH é utilizada para descrever as relações de interação dos atores que participam de projetos de desenvolvimento, que buscam a produção do conhecimento socialmente relevante nas universidades e a transferência deste conhecimento para a sociedade, a inovação tecnológica nas empresas e a participação dos governos no processo de inovação (DAGNINO, 2003).

Os governos vêm buscando programas e iniciativas regionais e locais de Ciência e Tecnologia, uma estratégia de desenvolvimento econômico que também reflete mudanças na relação entre produtores e usuários de conhecimento. Na perspectiva da TH,a "universidade empreendedora" parece ser um fenômeno global, um caminho de desenvolvimento isomorfo, apesar de diferentes pontos de partida e modos de expressão(ETZKOWITZ et al., 2002).

A organização dos atores da TH para a cooperação é vista como essencial para a geração de inovações. Assim, muitas pesquisas sobre arranjos TH e seus efeitos sobre a produção de inovações são desenvolvidas em diversos países como Dinamarca (KREINER; SCHULTZ, 1993); Alemanha (JOHNSON, 2008); Hungria (INZELT, 2004); Japão (FUJISUE, 1998; WEN; FREEMAN, 1991); Nova Zelândia (DAVENPORT; GRIMES; DAVIES, 1999); Espanha (BARAÑANO, 1995); Suécia (FOGELBERG; THORPENBERG, 2012; BENNER; SANDSTROM, 2000); Estados Unidos (ETZKOWITZ, 2008); Brasil (FOGELBERG; THORPENBERG, 2012; IPIRANGA; FREITAS; PIRES; TEIXEIRA; FILHO, 2012; CANONGIA et al., 2008; ZOUAINA), entre outros.

A relação U-I-G não se realiza espontaneamente: requer a construção de novas instituições, novas práticas e novos valores que favoreçam e facilitem a cooperação entre as três esferas. As instituições- leis, regras, contratos, costumes, valores, tabus etc. - desempenham papel central na dinâmica da inovação, uma vez que regulam, de forma tácita e/ou explícita, as relações entre os atores envolvidos. A inovação tecnológica guarda uma relação inextricável com inovações institucionais e organizacionais (FREEMAN; SOETE,1997).

Para Van de Ven (1986) o estudo dos arranjos TH poderá contribuir com o desenvolvimento de modelos gerenciais inovadores, contribuindo com crescimento tecnológico dos países que buscam o desenvolvimento. Como arranjos favoráveis à cooperação universidade-governo-empresa destacam-se os escritórios de transferência de tecnologia, as incubadoras de empresas, os parques tecnológicos, as incubadoras e as agências de inovação (SBRAGIA, 2006). Inzelt (2004) destaca o papel de tais organizações como lócus da cooperação tendo um importante papel no desenvolvimento econômico dos países.

Estas organizações desempenham o papel de organizar a inovação regional na concepção de novas iniciativas para promover o desenvolvimento econômico e social. Os representantes de diferentes esferas institucionais que se reúnem, combinando elementos para criar uma nova organização. Esses grupos geralmente têm uma dimensão espacial que é de natureza regional, embora possa transcender definições regionais anteriores com base em fatores geográficos, nacionais ou culturais. O projeto de criação de uma região do conhecimento tipicamente se baseia em utilizar ou expandir as capacidades de universidades ou mesmo fundar uma nova organização (ETZKOWITZ; KLOFSTEN,2000).

Dada a importância destes arranjos, o presente estudo tem por objetivo fornecer uma revisão de escopo sobre aspectos determinantes relacionados à gestão da cooperação entre universidade, empresa e governo.

1.1 Objetivo

O objetivo do estudo é determinar por meio de um estudo de escopo quais são os principais aspectos determinantes na gestão de arranjos Tríplice Hélice.

O estudo justifica-se pela importância econômica dos arranjos TH, que constituem um caminho viável para a conquista de vantagens competitivas de nações e regiões. A proposta busca suprir uma lacuna relacionada ao tema na literatura internacional e nacional na medida em que propõe o levantamento e identificação de requisitos preponderantes na gestão da TH. Por meio do estudo de escopo espera-se fornecer as bases teóricas e práticas para pesquisadores e gestores que almejem investigar ou gerir arranjos desta natureza.

Na seção 2 apresenta-se a metodologia do estudo, a revisão de escopo, assim como os passos para a consecução desta. Na seção 3 são elencados os resultados do artigo, os condicionantes da gestão dos arranjos TH. As considerações finais são apresentadas na seção 4.

2. Metodologia: Revisão de Escopo

O estudo de escopo constitui-se numa técnica de revisão de literatura, utilizada para mapear a produção relevante relacionadas com temáticas específicas e complexas que ainda não tenham sido suficientemente exploradas (ARKSEY; O'MALLEY, 2005). Os estudos de escopo podem contribuir apontando rapidamente os principais conceitos que sustentam uma área de pesquisa e as principais fontes e tipos de evidência disponíveis (MAYS; ROBERTS; POPAY, 2001). Conforme Armstrong et al. (2011), esses estudos são úteis para diferentes propósitos, como para identificar gaps de pesquisa, sumarizar achados ou explorar a extensão da literatura dentro de um certo domínio de conhecimento. A revisão de escopo pode ser bastante variável quanto aos graus de profundidade (quantidade de informações extraídas dos estudos e, posteriormente relatadas). Corroborando essa afirmação, Ilicet al. (2012) afirmam que, diferentemente das revisões sistemáticas, as revisões de escopo apresentam sínteses mais qualitativas do que quantitativas, a análise da qualidade dos artigos incluídos não é uma preocupação prioritária e os critérios de inclusão e de exclusão podem ser desenvolvidos e aplicados a posteriori.

Para Arksey e O'malley (2005) é possível identificar pelo menos quatro motivos comuns para que um estudo de escopo seja realizado. São eles: (i) examinar a extensão, alcance e natureza da atividade de investigação; (ii) determinar o valor da realização de uma revisão sistemática completa; (iii) resumir e divulgar os resultados da investigação, e (iv) identificar as lacunas de pesquisas na literatura existente.

O presente estudo se enquadra no item 3, já que busca elencar considerações realizadas em diversos estudos sobre a gestão de organizações TH. Com a revisão de escopo pretende-se sintetizar os mecanismos preponderantes no planejamento e operacionalização dos arranjos, com vistas a agregar o conhecimento relacionado à gestão voltada para a inovação.

Todo o processo do estudo de escopo deve ser documentado em detalhes suficientes para permitir que os procedimentos sejam replicados. Essa abordagem explícita aumenta a confiabilidade dos resultados, e garante rigor metodológico ao estudo (MAYS et al., 2001).

A metodologia adotada para a identificação de literatura em um estudo de escopo precisa alcançar em profundidade os resultados esperados. O método é guiado por um requisito de identificação da literatura relevante, independentemente do desenho do estudo. É provável que a medida que a familiaridade com a literatura é aumentada, os pesquisadores buscarão redefinir termos de pesquisa e refazer os procedimentos. A conformidade dessa prática é confirmada por Ilicet al. (2012), quando afirmam que os critérios de inclusão e exclusão podem ser realizados a posteriori, o que inclui o curso da investigação.

O processo do estudo de escopo não é linear, exigindo dos investigadores o envolvimento com cada etapa de uma maneira reflexiva e, se necessário, repetir os passos para garantir que a literatura seja coberta de forma abrangente.

3. Resultados

3.1 Identificação de estudos relevantes

Como estratégia de busca dos estudos relevantes procedeu-se a consulta às plataformas Web of Science (antigoISI Web ofKnowledge) e Scopus.  Considerou-se para a pesquisa as seguintes combinações de palavras-chave: Inovação/Tríplice Hélice; Inovação/Estratégia; Estratégia/Tríplice Hélice; Innovation/Triple Helix; Innovation/Strategy; Strategy/Triple Helix; Gestão/Tríplice Hélice; Management/Triple Helix.

Os resultados foram filtrados pelos seguintes tópicos: tipo de documento (artigos); domínio de pesquisa (Social Science e Science Technology); áreas de pesquisa (Business Economics, PublicAdministration, OperationsResearch, Management Science e Science Technology, OtherTopics); tópicos (combinações de palavras) e idioma (Português e Inglês).

3.2 Seleção dos estudos

Na seleção dos estudos, como avaliações primárias, foram observados os títulos e os resumos dos artigos, sendo escolhidos aqueles que atendiam ao critério de inclusão, a relação com a gestão da TH. Nos casos de incerteza, o artigo completo foi consultado para incluí-lo ou não. Foram analisadas também as listas de referências a fim de identificar os estudos relevantes não identificados na busca.

A seguir é apresentado um quadro síntese com os artigos selecionados:

Quadro 1 - Artigos selecionados em Português.

Título

Periódico

Ano de publicação

FORESIGHT, INTELIGÊNCIA COMPETITIVA E GESTÃO DO CONHECIMENTO: INSTRUMENTOS PARA A GESTÃO DA INOVAÇÃO

Gestão & Produção

2004

ASPECTOS ESTRATÉGICOS DO MODELO DE GESTÃO EM INCUBADORAS DE EMPRESAS DE BASE TECNOLÓGICA

Cadernos EBAPE – FGV

2006

OS IMPACTOS DA GESTÃO DO CONHECIMENTO NA ORIENTAÇÃO ESTRATÉGICA, NA INOVATIVIDADE E NOS RESULTADOS ORGANIZACIONAIS: UMASURVEY COM EMPRESAS INSTALADAS NO BRASIL

Revista de Administração Mackenzie

2014

COLABORAÇÃO NAS ATIVIDADES DE PESQUISA, DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO: O QUE NOS ENSINA O MODELO DE CENTROS E REDES DE EXCELÊNCIA PETROBRAS/COPPE UFRJ

Revista Organizações & Sociedade – UFBA

2012

MODELO PARA ANÁLISE ESTRATÉGICA DE INDÚSTRIAS BASEADAS EM CIÊNCIA

Revista de Administração de Empresas

2004

O PROCESSO DE INOVAÇÃO EM EMPRESAS INTENSIVAS EM

CONHECIMENTO.

RAC

2002

POSICIONAMENTO ESTRATÉGICO DE MPE´S COM BASE NA INOVAÇÃO ATRAVÉS DO MODELO HÉLICE TRÍPLICE.

Revista Eletrônica de Administração

2013

O EMPREENDEDORISMO ACADÊMICO NO CONTEXTO DE INTERAÇÃO UNIVERSIDADE – EMPRESA – GOVERNO.

CADERNOS EBAPE

2010

A IMPLEMENTAÇÃO DE INOVAÇÃO RADICAL     EM       EMPRESAS MADURAS.

RAE

2002

Quadro 2 Artigos em Inglês

Título

Periódico

Ano de publicação

THE DYNAMICS OF INNOVATION: FROM NATURAL SYSTEMS AND "MODE 2" TO A TRIPLE HELIX OF UNIVERSITY-INDUSTRY-GOVERNMENT RELATIONS

Research Policy

2000

REGIONAL INNOVATION POLICY AND PUBLIC-PRIVATE PARTNERSHIP: THE CASE OF TRIPLE HELIX ARENAS IN WESTERN SWEDEN

Science and Public Policy

2012

THE INNOVATING REGION: TOWARD A THEORY OF KNOWLEDGE-BASED REGIONAL DEVELOPMENT

R & D Management

2005

THE EVOLUTION OF UNIVERSITY-INDUSTRY-GOVERNMENT RELATIONSHIPS DURING TRANSITION

Research Policy

2004

THE FUTURE OF THE UNIVERSITY AND THE UNIVERSITY OF THE FUTURE: EVOLUTION OF IVORY TOWER TO ENTREPRENEURIAL PARADIGM

Research Policy

2000

ROLES, RESOURCES AND BENEFITS OF INTERMEDIATE ORGANIZATIONS SUPPORTING TRIPLE HELIX COLLABORATIVE R&D: THE CASE OF PRECARN

Technovation

2008

MEASURING THE KNOWLEDGE BASE OF AN ECONOMY IN TERMS OF TRIPLE-HELIX RELATIONS AMONG 'TECHNOLOGY, ORGANIZATION, AND TERRITORY

ResearchPolicy

2006

THE TRIPLE HELIX OF UNIVERSITY-INDUSTRY-GOVERNMENT RELATIONS

Social Science Research Network

2012

TOWARDS "META-INNOVATION" IN BRAZIL: THE EVOLUTION OF THE INCUBATOR AND THE EMERGENCE OF A TRIPLE HELIX

ResearchPolicy

2005

MANAGEMENT OF ORGANIZATIONAL INNOVATION

International Journal of Business and Social Science

2013

BUSINESS MODLES, BUSINESS STRATEGY AND INNOVATION

Long Range Planning

2010

IN SEARCH OF COMPLEMENTARITY IN THE INNOVATION STRATEGY: INTERNAL R&D AND EXTERNAL KNOWLEDGE ACQUISITION

Management Science

2006

3.3 Mapeamento e classificação

Após a seleção dos artigos, procedeu-se a análise. Buscou-se extrair os temas mais mencionados pelos autores que são determinantes na gestão das organizações TH para que os resultados relacionados com a inovação sejam alcançados.

As discussões foram segmentadas em temas consideradas nos estudos preponderantes na gestão dos arranjos TH: a cooperação, a propriedade intelectual, mecanismos gerenciais para a inovação, interesses contraditórios e instituições articuladoras da inovação.

3.3.1 A cooperação na TH

Para Etzkowitz (2004), projetos de cooperação entre universidades, governo e empresas normalmente se iniciam pela troca informal de informações, pela prestação de serviços especializados (conferências, consultorias, publicações, entre outros), pela organização de cursos e programas de capacitação e especialização. Segundo Ipiranga, Freitas e Paiva (2010), com a percepção dos interesses comuns e estabelecimento de relações de confiança, avança-se para etapas mais evoluídas de cooperação como o intercâmbio de pesquisadores, a difusão e a transferência de tecnologias, por meio do desenvolvimento de projetos e pesquisas conjuntos entre diferentes organizações no âmbito de Sistemas de Inovação, locais e nacionais e envolvendo diferentes países.

A cooperação é influenciada por diversos motivos, sendo o principal deles, no caso das universidades, adquirir práticas na formulação de projetos de pesquisa. A aproximação é também uma oportunidade para as universidades buscarem informações sobre como os resultados da pesquisa básica podem ser aplicáveis (IPIRANGA; FREITAS; PAIVA, 2010). A participação das universidades e centros de pesquisa nessas relações está geralmente vinculada à geração e ao desenvolvimento de novas ideias para empresas inovadoras (FRITSCH; SCHWIRTEN, 1999).

Pires, Teixeira e Filho (2012) argumentam que a interdependência e reciprocidade são aspectos críticos de qualquer esforço de cooperação. Uma condição essencial para o bom desempenho dessa relação é a construção de transações mutuamente benéficas nas quais os custos e benefícios são reconhecidos, aceitos e equilibrados entre as partes.

O processo de cooperação universidade e empresa é dotado de distinção de valores, objetivos e cultura. Desta forma, as relações entre empresas e universidades são motivadas por diversos fatores, mas são também desestimuladas por outras barreiras (SBRAGIA, 2006). Isso se deve ao fato de que ambas as organizações possuem naturezas distintas, com princípios e valores muitas vezes antagônicos, sendo que um dos principais conflitos apontados nesta relação está no direito de propriedade intelectual e na questão da divulgação dos resultados das pesquisas. É evidenciado que a proteção dos resultados de pesquisa é imprescindível para que as empresas os transformem em inovação, alocando recursos adicionais para o seu desenvolvimento e aplicação no mercado (IPIRANGA; FREITAS; PAIVA, 2010).

São várias as motivações à cooperação na TH. Considerando o lado das universidades, entende-se que a busca por novos recursos seja um importante estímulo para que elas almejem e participem do processo de cooperação com o mundo produtivo. Além da necessidade financeira, a cooperação com as empresas permite uma aproximação com a realidade técnica, econômica e social e sua incorporação nos currículos dos cursos, bem como a contribuição para a transformação tecnológica e social que se espera dos centros de pesquisa e das universidades (IPIRANGA; FREITAS; PAIVA, 2010).

Faulkner e Senker (1994) registram que, na grande maioria das vezes, a cooperação com a universidade é baseada em contatos pessoais e não institucionais. Fritsch e Schwirten (1999), em estudo conduzido em três regiões da Alemanha, ratificaram este resultado ao demonstrar que uma das principais formas de cooperação são os contatos informais com as empresas, estabelecidos a partir de motivações individuais de pesquisadores.

Para Cassiolato e Lastres (2005) e Schreiberet al.(2013) a cooperação na TH é incentivada com base nos resultados dos estudos de Arranjos Produtivos Locais (APL's). Para intensificar as atividades inovativas em APL's há necessidade de políticas públicas construídas com base em recursos, organizações e instituições locais e suas relações.

Inzelt (2004) em estudo na Suécia, conclui que o principal desafio é a baixa participação da universidade nos processos de cooperação. Deve-se buscar um arranjo que abra espaço para que universidades e novos atores tenham uma postura proativa em novas organizações que busquem articular desenvolvimento regional. Os autores argumentam que as principais formas de interação na cooperação universidade e empresa podem ocorrer:

  1. Entre indivíduos isolados: em consultas de funcionários de uma firma a universidades; em palestras de funcionários de firmas em universidades; em palestras de membros do corpo docente realizadas em empresas; em discussões informais entre professores e funcionários de firmas em conferências e seminários.
  2.  Entre indivíduos e instituições: o emprego de membros do corpo docente como consultores regulares; treinamento de funcionários de empresas por pesquisadores da universidade; formação de empregados de uma firma por professores universitários; publicações conjuntas por professores universitários e funcionários de empresas; orientação e supervisão conjunta de dissertações de mestrado e teses de doutorado por professores e membros de firmas;
  3. Relações entre instituições de forma horizontal: o acesso comum a equipamentos por empresa/universidade; a aquisição regular da pesquisa universitária por parte de empresas; contratos de cooperações formais de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D);
  4. Projetos de pesquisa conjunta: mobilidade dos fluxos de conhecimentos das universidades para as empresas; fluxos de conhecimentos por meio de formações spin-off de novas empresas.

A adoção do modelo da TH demanda que o governo seja o regulador e facilitador da P&D, da atividade inovadora e das interações. O "coração" da colaboração universidade-empresa é cooperação para a P&D. Programas de governo podem incentivar a indústria, minimizando o risco de construção de parcerias com o objetivo estritamente científico (INZELT, 2004).

Para Fogelberg e Thorpenberg (2012) o principal papel dos agentes públicos nesse processo é estabelecer a colaboração e garantir o financiamento. O papel do governo como facilitador não depende apenas do tamanho do orçamento de P&D, mas o modo de atribuições, medidas diretas e indiretas e da eficiência de cada medida. O financiamento das instituições e de programas de P&D e projetos de pesquisa, bem como o financiamento de tecnologias importantes, são as formas mais comuns da influência política sobre inovação. Estes financiamentos influenciam o modelo de inovação adotado, a frequência e o caráter de interação entre os principais atores.

Para Etzkowitzet al., (2000) a universidade empreendedora tem a capacidade de inteligência, vigilância e negociação com outras esferas institucionais. Além da capacidade de liderança, a universidade pode se envolver com outras esferas institucionais. Esta capacidade de ligação organizacional dá à universidade a tarefa de identificar confluência de interesses entre organizações externas e a academia. Os líderes desse processo nas universidades devem proporcionar tal interface, por meio de apresentações, organização de debates, workshops, palestras e eventos.

A relação entre os setores, trabalhando em sinergia nas diferentes fases da inovação deve se dar em um ambiente que compreenda universidades, laboratórios de grandes corporações e processos de aceleração de empresas. As organizações devem atuar em alianças e não separadamente, como no modelo linear. Devem criar laços em toda a tríade de hélices (ETZKOWITZ et al., 2000).

Alguns trabalhos apontam a proximidade geográfica entre pesquisadores e empresas como um fator positivamente relacionado com a cooperação entre estes agentes. Outros trabalhos indicam a proximidade da universidade como influência positiva na existência de colaboração (IPIRANGA; FREITAS; MANSFIELD, 1995; AUDRETSCH). No entanto, em regra, são as empresas que buscam as universidades para firmarem parcerias de cooperação, pois representam a oportunidade de encontrar na universidade respostas para seus problemas tecnológicos e, consequentemente, a melhoria da qualidade de produtos e processos, a sua modernização e aumento da competitividade (IPIRANGA; FREITAS; PAIVA, 2010).

3.3.2 Propriedade intelectual na TH

Para Ipiranga, Freitas e Paiva (2010) e Sbragia (2006) as parcerias entre empresas, governo, universidades e centros de pesquisa trouxeram para o centro da discussão a gestão da propriedade intelectual e a sua titularidade, bem como as formas de licenciamento da tecnologia quando geradas pela universidade e exploradas pela empresa. Entre elas estão os contratos por meio das licenças não exclusivas, sem pagamento de royalties e as licenças exclusivas com pagamento de royalties.

O registro da patente torna-se condição para garantir autonomia no processo de licenciamento, mas não é suficiente para o sucesso da transferência, o qual pressupõe a absorção do conhecimento gerado na universidade pela empresa e requer o empenho de ambas as partes no processo de comunicação. Lidar com esses aspectos é uma das principais funções dos escritórios de transferência de tecnologia, dos parques tecnológicos e das incubadoras onde as empresas se associam a uma universidade (IPIRANGA; FREITAS; PAVA, 2010).

Há evidências empíricas de que a identificação, criação e comercialização de propriedade intelectual tornam-se objetivos institucionais em vários sistemas acadêmicos. A universidade empreendedora engloba uma missão de desenvolvimento econômico, além da pesquisa e ensino, embora precise alterar seu formato para tal (ETZKOWITZ et al., 2000).

Pires, Teixeira e Filho (2012) destacam a prática tradicionalmente adotada pelo Centro de Excelência em Geoquímica da Petrobrás (Cegeq) nos contratos de parceria com universidades, que assegura à empresa a titularidade exclusiva sobre o resultado da pesquisa e o direito de decidir sobre o licenciamento a terceiros e a participação das universidades nos resultados desses licenciamentos. Os custos de depósito de patentes são totalmente cobertos pela empresa e a licença de direito de uso pela universidade é gratuita.

 A relação U-E no âmbito do Cegeq é disciplinada por um contrato com cláusula de exclusividade, o que é percebido como um prejuízo para a universidade. Porém, os desafios científicos embutidos nas questões propostas pela empresa, as possíveis contribuições ao avanço do conhecimento decorrentes das pesquisas e o spillover de conhecimento da empresa para a universidade podem minimizar o "prejuízo" decorrente da exclusividade (PIRES; TEIXEIRA; FILHO, 2012).

3.3.3. Os mecanismos de gestão dos arranjos TH

Não existe um consenso ou padrão rígido a respeito dos mecanismos e formas de gestão dos arranjos TH, já que cada situação de cooperação poderá ser extremamente diferente de outras anteriores. Por isso, as empresas, universidade/institutos de pesquisa e órgãos governamentais não devem repetir exatamente os procedimentos adotados anteriormente (CANONGIA et al., 2008).           

Miller e Morris (1998); Schreiberet al.(2013) aprofundaram a reflexão sobre o modelo de negócios baseados em inovação e identificaram três dimensões teóricas nas quais os mesmos se estruturam: economia, aprendizagem e gestão. A dimensão econômica caracteriza-se pela mudança da economia industrial para a economia do conhecimento. A aprendizagem, por sua vez, é o processo central para a criação de conhecimento e geração de inovações. E, por fim, a gestão define as estruturas organizacionais e os meios pelos quais a inovação e as demais atividades de uma organização são realizadas.

Existe a distinção entre desenvolvimentos da TH regidos pelo Estado na forma "top-down" e formatos evolutivos, como as iniciativas 'bottom-up'. Segundo Fogelberg e Thorpenberg (2012) tal diferença foi tratada por Viale e Pozzali (2010), que descreveram o modelo TH que surgiu na região de Gotemburgo, na Suécia, como 'evolutivo' e bottom-up, referindo-se ao desenvolvimento de centros em universidades de extensão, parques científicos, com novas funções relacionadas com os direitos de propriedade intelectual.

Segundo Etzkowitz e Klofsten (2000); Inzelt (2004), na Suécia a política de inovação é conduzida sob a forma 'bottom-up' como um resultado de empreendedorismo coletivo por meio da colaboração entre empresas, o governo e os atores acadêmicos. O passo principal é a criação de uma universidade empreendedora, seja a partir de uma base acadêmica existente ou uma nova organização, que toma iniciativas juntamente com o governo e indústria para criar uma estrutura de apoio para formação de empresas e crescimento regional.

Jacob (2006) demonstrou que a maior agência sueca de inovação (VINNOVA) e sua capacidade de gestão e articulação originaram-se das orientações políticas para a inovação regional. A perspectiva de colaboração da TH era particularmente adequada, uma vez que estava de acordo com a cultura política da Suécia, que focava a responsabilidade pública-privada para o desenvolvimento econômico (FOGELBERG; THORPENBERG, 2012).

O resultado dessas iniciativas na Suécia é uma dinâmica autossustentável em que o papel da academia e do governo parece convergir para o de atores industriais e um novo modelo de empresas é criado. No entanto, quando este paradigma tecnológico é extinto outro é necessário para dar base às novas atividades econômicas, o papel de academia e governo vem à tona novamente na criação de condições para a próxima onda da inovação (INZELT, 2004).

Para Ipiranga, Freitas e Paiva (2010) o Parque de Desenvolvimento Tecnológico (PADETEC) da Universidade Federal do Ceará (UFC), situado na fronteira das relações da TH, tem como missão contribuir para o desenvolvimento socioeconômico do Estado do Ceará, por meio da inovação e da criação de empresas de base tecnológica. O PADETEC enquadra-se na interseção dos conceitos de universidade empreendedora e empreendedorismo acadêmico, já que se caracteriza como uma estrutura a qual foi fundada dentro da universidade para abrigar empresas de base tecnológica e que tem na cooperação com os pesquisadores da universidade sua base operacional.

Segundo Johnson (2008) a maior barreira para a gestão de arranjos da TH são as diferenças culturais entre os tipos de organizações, como ocorrido no caso da universidade austríaca e suas interações com a indústria. O modelo de TH pode também ser vulnerável a problemas quando os atores-chave da colaboração não possuem os recursos e poder para desempenhar suas funções de forma eficaz.

3.3.4 Interesses contraditórios na TH

Zouaina e Silveira (2006) destacam um problema complexo detectado nas organizações TH e ressaltado por vários dos autores: a multiplicidade de stakeholdersenvolvidos e, particularmente, os financiadores. Essa multiplicidade dificulta uma gestão considerada por todos como adequada aos seus interesses, os quais, por vezes, são contraditórios.

Os problemas se relacionam, entre outras questões, ao risco do "enviesamento" da pesquisa acadêmica pelo atendimento às necessidades da indústria; diferenças culturais, que incluem as dimensões do tempo, da linguagem e do poder; o compartilhamento da propriedade intelectual gerada na pesquisa acadêmica e na pesquisa conjunta; e o dilema publicação x sigilo (VAN LOOY; CALLAERT; DEBACKERE, 2006; COSTA, PORTO, FELDHAUS, 2010; PIRES; TEIXEIRA; FILHO, 2012).

Essas questões têm reflexos significativos sobre os custos de transação da tecnologia e na alavancagem do processo de inovação. A apropriabilidade e o dilema publicação x sigilo é fonte frequente de conflito nas parcerias universidade-empresa (U-E). Outro aspecto crítico da parceria U-E é o compartilhamento de conhecimento e informações entre os parceiros (COSTA; PORTO; PLONSKI, 2009; PIRES; TEIXEIRA; FILHO, 2012; LEYDESDORFF; ETZKOWITZ, 1998)

A diversidade de culturas, perspectivas políticas e sistemas organizacionais podem causar problemas para a gestão dos empreendimentos que intermediam as inovações. Potenciais problemas incluem: (a) riscos de partilha de propriedade e know-how; (b) desejo de controle; (c) acordo sobre as especificações de projeto; (d) escala mínima de eficiência em P&D (JOHNSON, 2008).

Para Fogelberg e Thorpenberg (2012) a colaboração da TH nas Arenas em Western na Suécia foi afetada pela forte dependência de uma das hélices, a grande indústria. Os gestores do setor entendiam que os processos de inovação deveriam ser controlados pelo mercado e pelas exigências dos clientes, que estão dentro da esfera de conhecimento da indústria. Por outro lado, pesquisadores da universidade consideravam o oposto, que a maioria das iniciativas de colaboração e inovação emergia da academia, e que a indústria em geral não tinha competência avançada e conhecimento para assumir este papel importante. O Estado, sob a forma de Agência de Inovação, tentava enquadrar as iniciativas como colaborações na TH, em um processo de desenvolvimento mútuo.

3.3.5 Instituições articuladoras da inovação na TH

Organizações intermediárias podem proporcionar uma estrutura de governança única para a gestão da colaboração em projetos de P&D para o desenvolvimento de uma estratégia regional de inovação (FOGELBERG; THORPENBERG, 2012).

Em muitos casos, a capacidade das diversas organizações dentro da TH pode ser limitada sem o auxílio de facilitadores. Para Johnson (2008) deve haver uma organização intermediária que desenvolva os aspectos estratégicos e organizacionais para superar problemas gerenciais e custos de transação negativos das parcerias (INZELT, 2004).

Além de estabelecer ligações com organizações existentes, a universidade empreendedora pode desenvolver capacidades para apoiar a criação dessas novas organizações. Tais ações podem assumir várias formas, tais como formação de empresas com base em pesquisa acadêmica e liderança na formação de organizações regionais e articulação com diversas esferas institucionais com o objetivo de promover a inovação (ETZKOWITZ et al., 2000).

A existência de interface entre as organizações da TH aumenta a probabilidade de colaboração na criação de novas entidades interorganizacionais e interinstitucionais, tais como centros incluindo investigadores de várias universidades, empresas e órgãos do governo (ETZKOWITZ et al., 2000). Por outro lado, uma tendência de exclusão de atores nessas novas organizações pode levar a efeitos problemáticos no longo prazo, especialmente se a academia for excluída ou incluída apenas como consultora ou fornecedora de conhecimento.

A grande maioria das incubadoras de empresas está vinculada a uma instituição mantenedora. Geralmente, em sua relação com a mantenedora, as incubadoras funcionam como programas desenvolvidos por uma unidade da instituição – um departamento, um núcleo de pesquisa ou por mais de uma unidade – emergindo da interação e do trabalho cooperativo entre diferentes setores. O vínculo com uma instituição mantenedora leva a incubadora a fazer parte de uma estrutura maior, a estar inserida numa organização (de modo geral, mais complexa) e a aderir à sua dinâmica. (ARANHA, 2002; ZOUAINA; SILVEIRA, 2006).

Pires, Teixeira e Filho (2012) revelam que uma das potencialidades da PCREX é facilitar o spillover de conhecimento entre a empresa e a universidade, acelerando a construção de conhecimento novo. Ao aproximar U-E, a PCREX facilita tanto o acesso da indústria ao estado da arte nos temas estudados, quanto o contato da academia com os desafios da indústria, o que contribui, inclusive, para a atualização dos currículos dos cursos de graduação e pós-graduação e a oferta de novos cursos. No entanto, a política rigorosa de proteção do conhecimento adotada pela Petrobras limita o spillover de informações e conhecimentos da empresa para a universidade.

A análise da PCREX permitiu identificar as seguintes potencialidades: facilitar o spilloverde conhecimento entre a indústria e a academia, a retroalimentação positiva entre conhecimento científico e tecnológico; fortalecimento dos vínculos entre os atores que compõem a rede, o que reduz os custos de transação e aprendizagem; potencializar a capacidade de geração de inovações, pela combinação de recursos, conhecimento e competências; orientar a criação de organismos interinstitucionais autônomos e autossustentados, reduzindo a incerteza e a dependência dos empreendimentos, além do impacto positivo na competitividade das entidades envolvidas (PIRES; TEIXEIRA; FILHO, 2012)

Segundo Fogelberg e Thorpenberg (2012) a agência de inovação na Suécia desempenhava um papel de intermediação, uma vez que não tinha interesse próprio. Foi necessária a unificação de linguagem e o desenvolvimento de uma perspectiva comum para mobilizar a os elementos da TH.

Em trabalho realizado na Universidade de Manchester, Johnson (2008) sugere que há três prioridades de investigação quando se estudam programas que envolvem vários coatores em P&D e o papel de organizações intermediárias. Estas prioridades são:

    1. mecanismos de coordenação que facilitam a inovação em rede;
    2. os riscos e incentivos para os participantes da rede;
    3. vantagens competitivas, demonstradas por retornos adicionais aos membros, que resultam de mecanismos de coordenação das redes altamente eficientes(JOHNSON, 2008).

Foi também identificado um conjunto de funções vitais desempenhado pelas organizações intermediárias na redução de custos de transação.  Neste sentido, as organizações intermediárias podem ter os seguintes papéis:

a) Mediador/árbitro:

Este papel é importante nas definições de P&D colaborativa e gerenciamento das redes de inovação, em que vários atores de várias organizações devem cooperar entre si, mesmo com motivações e interesses divergentes.

b) Filtro/legitimador:

Decidir quais projetos deverão ter apoios gerencial e financeiro. Isso pode ser realizado por meio da utilização de especialistas como "juízes" na revisão das propostas apresentadas.

c) Corretor de tecnologia:

É um papel de auxílio na transferência de novas tecnologias. As organizações intermediárias atuariam tanto como um repositório de informações em relação às novas oportunidades tecnológicas, como um canal entre os agentes do ambiente de inovação. Para cumprir tal função a organização pode organizar conferências anuais, oficinas, eventos, workshops, palestras, seminários, que são projetados para compartilhar a tecnologia recém-desenvolvida com os parceiros.

d) Fornecedor de recursos e gestor

A organização intermediária também fornece recursos e modelos de gestão para o gerenciamento de projetos em um ambiente de P&D colaborativa. Este papel é especialmente importante para as Pequenas e Médias Empresas (PME's) e também para as grandes empresas no processo de P&D colaborativa.

4. Considerações Finais

O objetivo deste estudo foi realizar uma pesquisa de escopo acerca da gestão de organizações sob o modelo da Tríplice Hélice (TH). A partir da análise de artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais foi possível identificar quais os principais temas abordados pela literatura de TH e como esses temas são discutidos.

O primeiro tema de relevância identificado foi a cooperação entre os participantes da TH, ou seja, entre governo, empresas e universidades. A cooperação entre estes atores, muitas vezes, tem início de maneira espontânea com a troca de informações e colaborações na realização de eventos e cursos. Posteriormente, o relacionamento entre as partes pode evoluir e chegar à colaboração efetiva em Pesquisa e Desenvolvimento. Quanto ao governo, sua principal função é o apoio financeiro aos projetos desenvolvidos

Outro tema de relevância identificado é a gestão da propriedade intelectual. Quando as parcerias geram novos produtos e tecnologias que podem ser utilizados no mercado é importante estabelecer como a propriedade intelectual será administrada. O registro de patentes garante autonomia no licenciamento de tecnologias e ajuda na transferência de tecnologia.

O terceiro tema destacado pela pesquisa são os mecanismos de gestão de estrutura TH. A literatura destaca que não existe um modelo universal, visto que cada arranjo entre empresas, universidade e governo é único em suas particularidades. No entanto, pode-se destacar a diferença entre arranjos top-down, elaborados pelo governo, e os bottom-up, que surgem evolutivamente a partir

Os conflitos de interesses entre as partes envolvidas também receberam destaque nos trabalhos consultados. Como as organizações TH envolvem múltiplos stakeholders, podem haver interesses contraditórios. Isso pode afetar aspectos como o controle da organização e o financiamento das pesquisas.

Por fim, o quinto tema relevante identificado foi o papel das instituições articuladoras da inovação na TH. Os autores destacam a importância de organizações intermediárias para o desenvolvimento de estratégias e da gestão organizacional.

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1. Universidade Federal de Lavras (UFLA). E-mail: cassionep@yahoo.com.br
2. Luiz Gonzaga de CASTRO JUNIOR – Universidade Federal de Lavras (UFLA). E-mail: lgcastro@dae.ufla.br
3. Eduardo Cesar SILVA – Universidade Federal de Lavras (UFLA). E-mail: educesar_muz@hotmail.com
4. Dany Flávio TONELLI – Universidade Federal de Lavras (UFLA). E-mail: danytonelli@dae.ufla.br
5. Gideon Carvalho de BENEDICTO - Universidade Federal de Lavras (UFLA). E-mail: gideon.benedicto@dae.ufla.br


Vol. 37 (Nº 12) Año 2016

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