Espacios. Vol. 37 (Nº 11) Año 2016. Pág. 6
Stephanie Reyes TORRES 1; Tatielle Menolli LONGHINI 2; Diana GUAVITA 3; Francisco VIDAL Barbosa 4
Recibido: 19/12/15 • Aprobado: 15/01/2016
4. Estudos de Casos: Brasil, Colômbia e Argentina
RESUMO: O desenvolvimento econômico e regional relacionado à inovação tecnológica é iminente. A atuação de incubadoras e parques tecnológicos é relevante ao estímulo do empreendedorismo, pois são importantes na transformação de resultados científicos em tecnologias de mercado. O movimento das incubadoras na América Latina é recente, e destacá-lo é essencial para analise de competitividade e desenvolvimento dos países que, com suas peculiaridades, criaram metodologias próprias. O presente estudo objetiva, através de uma pesquisa qualitativa com realização de entrevistas e pesquisa bibliográfica para caracterizar e comparar o movimento das incubadoras no Brasil, na Colômbia e na Argentina através de estudos multicasos. |
ABSTRACT: Technological innovation is critical for economic and regional development. The role of incubators and technology parks is important to promote entrepreneurship, as they are important for the transformation of scientific results into technologies to the market. The movement of incubators in Latin America is recent, so highlight it is essential to analyze the competitiveness and development of countries that has created their own methodologies taking into account their particularities of its territories. This qualitative research, through a multi-case study, attended to characterize and compare the movement of incubators in Brazil, Colombia and Argentina through interviews and bibliographic research. |
A incubação de empresas incentiva simultaneamente o desenvolvimento econômico, social e tecnológico de uma sociedade. Sob a ótica governamental, tratam-se de ferramentas complementares aos mecanismos tradicionais de fomento econômico, por gerarem empregos, aumentarem a arrecadação de impostos e a venda de produtos e/ou serviços de uma região para outras (Duff, 2000). Disponibilizam também serviços de assessoria na gestão técnica, empresarial, assessoria jurídica, contábil, de marketing e vendas, além de ceder espaço físico para as empresas (Anprotec, 2015); (Lalkaka, 2003).
Nos últimos anos, as incubadoras apresentam maior foco na criação de empresas de base tecnológicas – EBTs, tornando-se aliadas de parques tecnológicos, impulsionando o desenvolvimento regional com aplicação de capital de risco e transferência tecnológica gerando cadeias de valor em inovação (Gibb, 1985); (Spolidoro, 1999); (Dornelas et. al. 2000); (MCTI, 2015a). Assim, os países têm criado documentos e diretrizes para guiar as práticas seguidas pelas incubadoras, de modo a auxiliar o desenvolvimento e crescimento de empresas.
Na América Latina o fenômeno de incubação de empresas surgiu a partir da década de 1980, no Brasil. O desenvolvimento destes tipos de organizações nos outros países desta região apresentou-se em 1990, justificando que muitas destas iniciativas sejam ainda muito jovens (Nodriza, 2005).
No Brasil, criou-se um sistema de incubação de empresas que tornou o país mais sensível à inovação, focado inicialmente a criação de empresas e, posteriormente, a contribuição do desenvolvimento local e setorial (Anprotec, 2012). Na Colômbia, o contexto atual tem evoluído para eliminar as barreiras do empreendedorismo (MCTI, 2015a). Na Argentina, o movimento é ainda mais recente, tendo-se iniciado na década de 90, com ação voltada às universidades públicas e governos municipais (Ciancio, Corropolese, 2005).
Desta maneira, o presente artigo objetiva identificar as características e diretrizes de incubadoras do Brasil, Colômbia e Argentina, para analisar se elas atendem às indicações dos documentos que demarcam as diretrizes, além de compará-las, identificando pontos de melhorias. Foram caracterizados os processos de incubação de três incubadoras: Incubadoras de Empresas UNC (Argentina) Incubadora de Empresas Centev (Brasil) e Parque del Emprendimiento (Colômbia).
O presente trabalho encontra-se estruturado em seis seções (além desta introdução). A seção 2 destaca o referencial teórico sobre o tema. Em seguida, a metodologia é descrita na seção 3. Posteriormente, destacam-se os estudos de casos de cada país e a análise dos resultados - seções 4 e 5. Por fim, as conclusões são apresentadas na seção 6, seguidas das referências bibliográficas.
1.1. Problema de pesquisa
Diante do que foi exposto anteriormente, sobre a importância do processo de incubação como ferramenta de desenvolvimento econômico e promoção de inovação, bem como o movimento identificado nos países da América Latina – mais especificamente, Brasil, Colômbia e Argentina - tem-se como problema de pesquisa:
"De que maneira se dá o processo de incubação no Brasil, na Colômbia e na Argentina?".
A fim de obter um melhor entendimento do que é uma incubadora de empresas, nesta seção apresenta-se um conjunto de definições, de acordo com algumas das principais associações e atores relevantes para o setor de cada país - Brasil, Colômbia e Argentina -, assim como foi exposto no quadro 1.
Quadro 1- Definição de incubadoras de empresas segundo órgãos responsáveis do Brasil, Colômbia e Argentina.
País |
Definição |
Autor |
Brasil |
Promove aceleração do desenvolvimento de empreendimentos (incubados ou associados), mantido por entidades governamentais, universidades, grupos comunitários, entre outros. Ambientes flexíveis e motivadores de criação de novos empreendimentos. |
Anprotec (2015) |
Colômbia |
Centro de serviços e instalações que facilitam a sinergia entre empreendedores incubados gerando conceitos, mecanismos e estratégias para atender o mercado e capacitar gestores. Assim, aceleram o processo de criação, crescimento e consolidação de empresas inovadoras ao disponibilizar capacidades empreendedoras, recursos e parcerias público-privadas. |
MCIT (2011); SENA (2015) |
Argentina |
Organismo que apoia empresários sem experiência, para começar suas produções e comercializá-las, gerando empregos. Ainda não existe uma diferenciação entre o conceito de parque tecnológico e incubadora. |
AIPyPT (2015) |
Fonte: Elaborado pelos autores.
Pode-se concluir que, embora na Argentina não haja a distinção entre o papel de parques tecnológicos e incubadoras, os principais órgãos dos países definem que as incubadoras destinam-se ao desenvolvimento de mercado através da implementação de empreendimentos viáveis econômico e mercadologicamente. Tais negócios podem ser de caráter misto - público-privado-acadêmico – e promove o desenvolvimento local (Anprotec, 2015); (MCIT, 2011); (SENA, 2015); (AIPyPT, 2015).
Observa-se nos conceitos de incubação de empresas que o capital intelectual e o desenvolvimento econômico são analisados em conjunto, isto devido à posição privilegiada que o conhecimento e a informação têm na geração de inovação. Assim, as incubadoras de empresas são organizações que visam aumentar a criação de empresas, o networking, a relação com o ambiente de atuação e a melhoria do uso de ativos (OECD, 1999)
2.2. O Movimento das incubadoras na América Latina
2.2.1. Movimento histórico das incubadoras no Brasil
De acordo com Jannuzzi (2001), salienta-se que o processo de incubação de empresas de base tecnológica no Brasil ainda é recente, tendo informações sistemática e anualmente ampliadas pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores -Anprotec. Na década de 80 houve a expansão de incubadoras como um fenômeno mundial, influenciando diretamente o movimento no Brasil (Furtado, 1995). As incubadoras brasileiras geraram incentivos para criação de empregos e desenvolvimento de pequenos negócios (Guimarães, Versiani, 2003).
As primeiras ações estão ligadas ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, em 1984, através de programas de incentivo à incubação com a implementação do Programa de Parques Tecnológicos no País, em instituições localizadas nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Paraíba, Amazonas e Rio Grande do Sul, para motivar a criação de EBTs (Lahorgue, 2009); (Medeiros et. al. 1992); (Hoeser, 2003); (Anprotec, 2012). As incubadoras instaladas geraram os parques tecnológicos e, atualmente, estes polos são dezenas em todo país (Anprotec, 2012).
Desde o início do século XXI tem-se verificado a ampliação do movimento de incubação no Brasil, através de instituições locais, entidades públicas e privadas, além do apoio do Ministério de Ciência e Tecnologia – MCT, por meio de agência fomentadoras, como a Financiadora de Estudos e Projetos –Finep e o CNPq (Souza, 2008). A regulamentação de políticas de incentivo científico e metodológico, como a Lei de Inovação 10.973, aprovada em Dezembro de 2005, a Lei de Biossegurança (nº 11.1005 de 2005) e a Lei da Informática (nº 11.077, de 2004), promove competitividade, transferência tecnológica e inovação (Souza, 2008).
Demonstrou-se que 74% das empresas brasileiras possuem faturamento médio superior a 800 mil reais, das quais apenas 34% não obtiveram apoio financeiro do governo (MCTI, 2015a). Pode-se também apontar que são responsáveis pela geração de empregos e empresas, receita própria como principal fonte de recurso, maior número de patentes registradas, maior valorização econômica e maior maturidade em gestão de resultados (MCTI, 2015a).
2.2.2. Movimento histórico das incubadoras na Colômbia
Em 1970, a partir do governo do ex-presidente Misael Pastrana, foi criada a "política de desenvolvimento empresarial" para privilegiar as empresas de médio e pequeno porte, com o escopo de promover o crescimento econômico do país e incentivar o empreendedorismo (MCIT, 2011).Em 1994 surgiu a Corporación Innovar, primeira incubadora colombiana público/privada que iniciou o movimento de incentivo a empreendedores neste país. Em 2000 o Servicio Nacional de Aprendizaje de Colombia –SENA criou o programa de incubadoras de empresas de base tecnológica, sendo seguido em 2002 pela criação do Plano Estratégico 2002-2006: "SENA: Una Organización de Conocimiento" (Matiz, Cruz, 2004); (MCIT, 2011); (Ramos, Moreno, Gómez, 2012).
Quanto aos aspectos regulamentares, existem marcos legais que definiram o desenvolvimento da capacidade de inovação: (i) criação do Programa Nacional de Apoio e Fortalecimento de Empresas de Base Tecnológica, surgimento da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de Antioquia – IEBTA e destinação de 20% dos recursos do SENA para atividades de inovação e desenvolvimento tecnológico como resposta à Lei 344 de 1996; (ii) publicação da Lei 1026, em 2006 para modificar a Lei 29 de 1990, em que transformou a Colciencias em departamento administrativo e fortaleceu o Sistema Nacional de Creación e Incubación de Empresas – SNCIE – no sentido de criação de novas empresas; (iii) em 2009 foi aprovada a Lei 1014 de "Fomento a la Cultura del Emprendimiento" para o desenvolvimento produtivo de empresas inovadoras de médio e pequeno porte (Matiz, Cruz, 2004); (MCIT, 2011); (Ramos, Moreno, Gómez, 2012).
Por meio do SNCIE, o governo colombiano fortaleceu a gestão das entidades na consultoria e desenvolvimento de novas empresas, bem como gerou trabalho em rede entre diferentes entidades beneficiadas (Ramos, Moreno, Gómez, 2012). Segundo inventário realizado pelo MCIT, em 2011, existiam 31 incubadoras em 19 estados do país, sendo as principais regiões Bogotá, com 4, e Caldas, Antioquia e Valle – com 3 cada.
2.2.3. Movimento histórico das incubadoras na Argentina
As incubadoras de empresas são recentes na Argentina, tendo suas primeiras iniciativas na década de 90 com apoio das universidades públicas e dos governos municipais (Ciancio, Corropolese, 2005); (González, 2012). A Secretaría de Ciencia y Tecnología de la Nación –SECyT é o principal órgão que auxilia e regula incubadoras, pólos e parques tecnológicos neste país, sendo estes empreendimentos agrupados pela Asociación de Incubadora de Empresas, Parques y Pólos Tecnológico de la Argentina – AIPyPT (Nodriza, 2005). Segundo Ciancio e Corropolese (2005) quatros acontecimentos importantes impulsionaram o desenvolvimento de incubadoras na Argentina – quadro 2.
Quadro 2 – Acontecimentos para o desenvolvimento das incubadoras na Argentina.
1 |
A criação do Programa Columbus |
Criado entre 1991 e 1992, com a ajuda do Conselho de Reitores de Universidades Europeias para apoiar o desenvolvimento de incubadoras universitárias na América Latina. |
2 |
"Programa de Incubadoras Productivas e de Base Tecnológicas" |
Desenvolvido entre 1995 e 1999 pelo Governo da Província de Buenos Aires, outorgou subsídios para a criação e instalação de incubadoras em universidades argentinas. |
3 |
Criação da AIPyPT |
Criada em 1999, iniciou o processo de integração das incubadoras do país. |
4 |
Políticas nacionais de promoção de incubadoras e parques tecnológicos |
Estas políticas foram criadas a través do Fondo Tecnológicos Argentino –FONTAR, a Agencia Nacional de Promoción Científica e Tecnológica –ANPCyT, e o Programa Especial de Incubadoras de Empresas, Parques y Pólos Tecnológicos da SECyT. |
Fonte: Elaborado pelos autores.
Conforme González (2012), o programa Columbus permitiu o surgimento das primeiras incubadoras na Universidade de Luján e na Universidade de la Plata, que começaram a operar em 1997 para criação de EBTs. Elas também se consolidaram com o apoio do Programa de Incubadoras Productivas e de Base Tecnológicas outorgado pela Unidade Geradora de Emprego do Ministério de Produção da Província de Buenos Aires para a construção de prédios. Assim, os principais órgãos de promoção destes tipos de iniciativas na Argentina são: ii) Ministério de Educação, Ciência e Tecnologia da Argentina, por meio da ANPCyT, que promove projetos para a criação de incubadoras, parques e pólos tecnológicos e ii) o FONTAR, financiador destes projetos (González, 2012); (Ciancio, Corropolese, 2005).
2.3. Diretrizes para incubação na América Latina
2.3.1. Diretrizes para incubação no Brasil
Questionava-se eficiência do movimento das incubadoras no Brasil e no mundo, sobretudo modelos de gestão para avaliação de desempenho; para o caso brasileiro, o desenvolvimento de modelos adequados à realidade local, para avaliação de eficiência do apoio financeiro era dado como fundamental (Aranha, 2002); (Caulliraux, 2001). Assim, a criação de programas capazes de suprimir carências – como atração de capital de risco e formação de gestão aos empreendedores - efetiva a transferência de tecnologia, motivando o desenvolvimento e a inovação (Spolidoro, 1999).
Segundo o MCTI (2015b), entre 2002 e 2012, desenvolveu-se um estudo sobre a influência do PNI - Programa Nacional de Apoio às Incubadoras de empresas e Parques para identificar práticas existentes de parques nacionais e internacionais, além de promover benchmarking entre sistemas de inovação adotados. A avaliação de desempenho proporcionada pelo PNI é referência e avalia ações de sucesso e a necessidade de ações corretivas para aprimoramento de práticas, fomentando o desenvolvimento de incubadoras e parques tecnológicos no país com apoio do governo (Dornelas, 2002; MCTI, 2015b).
Empresas que obtiveram recursos do PNI possuem maior quantidade de incubação e graduação, registrando maior faturamento médio anual e maior criação de empregos (MCTI, 2015b). O Relatório de avaliação do CNPq (2006) apresentou que as empresas pré-incubadas, direcionadas ao processo de incubação, obtiveram resultados mais expressivos em função da consolidação do plano de negócios; a pós-incubação ainda é uma atividade incomum (Relatório de avaliação do CNPq, 2006).
Em decorrência da necessidade de desenvolvimento de um modelo de incubação local, o CERNE - Centro de Referência para apoio a novos empreendimentos - foi criado e implementado nas incubadoras brasileiras de maneira a gerar competitividade e suporte às empresas de diferentes regiões do país (Garcia et. al. 2015). Para monitoramento dos resultados, foram adotados os estudos realizados pelo Anprotec (2012), de modo que o modelo CERNE foi definido através de processos genéricos e implementado em incubadoras empresariais, sendo estruturado em companhia, processo e incubadora (Garcia et. al. 2015).
Na companhia estão inclusos os procedimentos diretamente relacionados ao desenvolvimento das empresas, consistindo em pelo menos 5 condicionantes: empreendedores, valor da proposição, financiamento, mercado e gerenciamento. Já o processo é relacionado com a capacidade de transformação de ideias em negócios, a incubadora foca em expandir a atuação das empresas incubadas quanto ao financiamento, assessoria e relacionamento com o ambiente de negócio (Garcia et. al. 2015).
Para a implementação do CERNE, perpassam-se 4 níveis distintos: (i) CERNE 1 – Companhia: práticas relacionadas às empresas voltadas ao desenvolvimento, planejamento, qualificação, consultoria, seleção e monitoramento de práticas para a prospecção, financiamento e implementação de inovações; (ii) CERNE 2 – Incubadora: gestão efetiva da incubadora na empresa, implantando procedimentos viáveis ao planejamento estratégico e ampliação de serviços; (iii) CERNE 3 – Cadeia de Parceiros: parcerias para expansão além das incubadoras; (iv) CERNE 4 – Operações Internacionais: a maturidade da incubadora para agir internacionalmente (Garcia et. al. 2015). A figura 1 demonstra as atividades implementadas em cada fase do CERNE; a certificação do CERNE segue metodologia sequencial: pedido de certificação, avaliação da documentação, avaliação do time de treinamento, do planejamento e geral e do relatório técnico (Garcia et. al. 2015).
Figura 1 – Atividades empreendidas em cada etapa do CERNE.
Fonte: Garcia et. al. (2015); Anprotec (2012).
Na Colômbia, o Sistema Nacional de Ciência Tecnológia e Inovação – SNCTI é desenhado pelo o MCIT, o DNP, Colciencias e o SENA, de modo a esquematizar a aceleração de empresas. As incubadoras de empresas colombianas são instituições configuradas para promover a criação de empresas seguindo as particularidades do entorno. O documento "Modelo para Incubación de empresas en Colombia, - Versión 1.0", proposto pelo MCIT em 2011, sugere que as incubadoras devem seguir cinco etapas do processo empreendedor: (i) sensibilização, em que há a transformação do projeto em empreendimento; (ii) identificação, em que se verifica o nível de maturidade da iniciativa empresarial; (iii) pré-incubação, com a potencialização do grau de maturidade para elaboração de plano de negócios; (iv) incubação, em que há a proposta de valor da empresa e sua operação de mercado; (v) aceleração, com a maximização do valor agregado através da internacionalização, inovação e avaliação contínua do negócio. Além disso, o documento expressa sugestões para incrementar o impacto das incubadoras, estabelecendo apoio às empresas ao alinhar-se aos pontos difundidos pela Política Pública de Empreendimento.
Este modelo de incubação visa ser um ponto de partida para a criação de um modelo colombiano que permita atingir os objetivos do Plano Nacional de Desenvolvimento- DNP de 2010-2014, de forma a identificar, formular e seguir empreendimentos de carácter inovador. Desta maneira, o Modelo para Incubación de empresas en Colombia é um instrumento utilizado pelas Redes para el Emprendimiento na Colômbia, para identificar as necessidades dos empreendedores, maximizar os resultados da empresa incubada e gerar empregos (MCIT, 2011). Os serviços das incubadoras de empresas na Colômbia são personalizados para atender as diferentes necessidades de seus empreendimentos, sendo respeitada a autonomia de cada uma (MCIT, 2011). No entanto, o MCIT (2011) também sugere que estas instituições ofereçam espaços para os incubados, facilidades no aluguel, acesso a fax, xerox, serviços contáveis, bibliotecas, consultoria em marketing e vendas, finanças, planejamento de negócios e assuntos normativos.
A"Guía de buenas prácticas"da Nodriza (2005), é usado na Colômbia como ferramenta avaliação de incubadoras, identificando e compartilhando os fatores de êxito das experiências nacionais e internacionais Este documento propõe 7 pilares para análise: i) gestão administrativa; ii) gestão financeira; iii) gestão do talento humano; iv) infraestrutura; v) modelo de incubação; vi) networking; vii) desempenho e impacto da incubadora.
2.2.3. Diretrizes para incubação na Argentina
Conforme Ciancio e Corropolese (2005) e González (2012) as ideias ou projetos que fazem parte das incubadoras argentinas transitam três etapas: i) pré-incubação; ii) incubação; iii) formação e iv) pós-incubação. Nas etapas de pré-incubação e incubação durante entre 2 e 3 anos, e permite gerar um plano de negócios. Nas incubadoras argentinas, o processo de incubação das empresas começa quando o projeto é aprovado pelas autoridades da incubadora, por meio de uma apresentação e avaliação do plano de negócio para conhecer a viabilidade da proposta. Durante este tempo, as empresas podem utilizar a infraestrutura das incubadoras ou podem ter um processo de incubação virtual, em função da limitação de espaço físico, mas utilizam os serviços prestados pela incubadora (Ciancio, Corropolese, 2005). Geralmente, na etapa de formação, as empresas optam por se radicar em um parque tecnológico. Só em alguns casos evidencia-se a etapa de pós-incubação, isto devido à situação econômica argentina e a falta de recursos das incubadoras para prestar este tipo de serviço.
Ressalta-se que no caso argentino não há um documento padrão com diretrizes, apenas um senso comum das ações que devem ser empreendidas. Consequentemente, não existe uma separação entre as atividades que devem ser desempenhadas tanto pela incubadora, quanto pelo parque industrial e tecnológico, havendo confusão na atribuição.
Há diretrizes documentadas para a busca de financiamento a partir das Secretarias de Ciencia y Inovación – SECYTs vinculadas às universidades e incubadoras argentinas que ajudam na promoção de instrumentos para a produção de conhecimento científico e tecnológico, bem como na formação de recurso humano para o desenvolvimento econômico, social e cultural neste país (Incubadora de Empresas UNC, 2015).
Tem-se como objeto de estudo o movimento das incubadoras no Brasil, na Colômbia e na Argentina através de estudos de casos em suas respectivas representantes - Incubadora de Empresas CENTEV/UFV, Parque del Emprendimiento e a Incubadora de Empresas UNC. Para a análise dos estudos de casos e dos seus respetivos processos de incubação dos respectivos países em estudo foram utilizadas duas técnicas: pesquisa bibliográfica e entrevistas (Yin, 2005).
Para o levantamento de informações, utilizou-se de: (i) fontes primárias: dados e informações das incubadoras pesquisadas e seus procedimentos de incubação, através de entrevistas semi-estruturadas direcionadas aos informantes; (ii) fontes secundárias: pesquisa bibliográfica, mediante análise dos sites das incubadoras, históricos, documentos indicados pelos entrevistados e levantados na literatura correlata a temática. Dessa maneira, a metodologia para o desenvolvimento do trabalho é descrita no quadro 3 e figura 2.
Quadro 3 – Classificação metodológica da pesquisa.
Classificação |
Escolha |
Definição |
Aplicação |
Fonte |
Objetivos da pesquisa |
Descritiva |
Objetiva descrever as características de uma população ou fenômeno. |
Caracterização e comparação dos objetos de estudo. |
Gil (1999) |
Natureza da Pesquisa |
Qualitativa |
Busca do significado baseando-se na percepção do fenômeno em seu contexto. |
Análise das informações e conteúdo. |
Gil (1999); Triviños (1987) |
Escolha do Objeto de Estudo |
Estudo de casos múltiplo |
Análise de objeto de estudo com singularidade, não havendo resultado generalizado a toda a população, mas sim a identificação de resultados similares ou diferentes entre as unidades. |
CENTEV/UFV (Brasil), Parque del Emprendimiento (Colômbia) e UNC (Argentina) |
Yin (2005) |
Técnica de Coleta de dados |
Pesquisa Bibliográfica |
Fornece contribuições científicas acerca de um assunto estudado, fundamentado por livros, artigos científicos para estruturação da temática. |
Busca por artigos atuais e livros correlatos, pesquisa nos sites das incubadoras. |
Lakatos e Marconi (2001); Vergara (2000) |
Entrevista semi-estruturada |
Abordagem com perguntas elaboradas, permitindo ao entrevistado expor opiniões e argumentos, compreendendo-se através da interpretação. |
Entrevistas com representantes das incubadoras de cada país via Skype. |
Alencar (2001); Godoy (1995) |
|
Técnica de análise de dados |
Análise de conteúdo |
Classificação de conteúdos, bem como a análise de informações contidas na temática; compilação de respostas e documentação de informações. |
Análise do conteúdo das bibliográficas relacionadas e da mensagem dos informantes. |
Bardin (1977) |
Fonte: Elaborado pelos autores.
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Figura 2 - Metodologia de realização da pesquisa.
Fonte: Elaborado pelos autores.
A incubadoras de empresas escolhidas foram Centev da Universidade Federal de Viçosa, em Viçosa – Brasil, Parque del Emprendimiento, em Medellín – Colômbia e a Incubadora de empresas UNC da Universidade Nacional de Córdoba, em Córdoba –Argentina.
A incubadora de empresas de base tecnológica – IEBT, localizada no Centro Tecnológico de Desenvolvimento Regional de Viçosa – CENTEV, é vinculada a Universidade Federal de Viçosa – UFV, sendo responsável pela interação entre universidade, governo, empresas privadas e a sociedade em geral, de modo a fomentar o desenvolvimento regional. Os empreendedores que desejam ingressar projeto de base tecnológica encontram no IEBT orientações e consultorias para desenvolvimento de habilidades gerenciais. Assim, impulsiona-se a prospecção tecnológica e a transmissão das tecnologias empresariais através da identificação de linhas de produtos, processos e serviços com capacidade de inovação. A incubadora de empresas de base tecnológica, CENTEV/UFV, disponibiliza dois programas - de pré-incubação e incubação -, de modo que as propostas de negócio são inscritas no site com chamada de editais (CENTEV, 2015).
Por sua vez, o Parque del Emprendimento -Parque E surgiu como resposta à tendência de empreendimento na cidade de Medellín que, entre 2004 e 2007, promoveu a cultura do empreendimento para criação de empresas, financiamento e lançamento de novos mercados. O Parque E foi inaugurado 28 de setembro de 2006 para a criação de projetos empresariais dinâmicos com possibilidade de infraestrutura e consultoria especializada (Parque E, 2015). O Parque del Emprendimiento auxiliou um total de 77 empresas, das quais 20 estão em incubação, com 26% de profissionais formados da Universidade EAFIT. Além disso, o desenvolvimento dos empreendimentos gerou 4 patentes (1 patente por invenção; 1 patente por modelo de utilidade; 2 patentes por modelo industrial), 3 direitos de autores e 13 marcas; e $2.616 milhões de pesos colombianos com suas atividades. Salienta-se que o Parque del Emprendimento tem atuação de incubadora e leva o nome de parque pela promoção de sinergias com universidade-acadêmica-empresas.
Já a incubadora de empresas da UNC é um espaço para a promoção do empreendedorismo dentro na Universidade Nacional de Córdoba (UNC) e que faz parte do Parque Científico Tecnológico da Universidade Nacional de Córdoba, e depende da SECyT. Objetiva fomentar a criação de novas EBTs através do conhecimento gerado no âmbito universitário. Além disso, a incubadora trabalha no fortalecimento da comunidade empreendedora e na geração de inovação e empregos na região (Incubadora de Empresas UNC, 2015). Caracterizou-se cada unidade de análise para reconhecer o perfil dos empreendedores, serviços e processos de incubação das incubadoras – quadro 4.
Quadro 4 - Caracterização de Incubadoras do Brasil, Colômbia e Argentina.
País |
Perfil do Empreendedor |
Serviço das Incubadoras |
Brasil |
- Alunos da UFV (graduação e pós-graduação) - Servidores públicos, docentes e ex-docentes de universidades - Empreendedores da ordem privada. |
- Espaço para a instalação das empresas (além do uso dos laboratórios e auditórios) - Possibilita parcerias entre os pesquisadores e outras entidades para melhoria das tecnologias. - Prestação de consultorias e treinamentos (gestão e comercialização) |
Colômbia |
- Profissionais com experiência laboral - Professores e pesquisadores de Universidades - Estudantes de pós-graduação - Associações de profissionais / aglomerados empresariais - Universidades e Centros de Ensino Superior |
- Acesso a redes internacionais - Visitas comerciais - Participação em feiras e congressos empresariais - Validação de serviços e produtos - Identificação de fontes de financiamento - Apoio em processos de propriedade intelectual - Auxilio na criação de planos de negócios - Ajuda em testes de mercados - Espaços para empresas dentro do parque - Laboratórios e treinamentos gerenciais |
Argentina |
- Estudantes de graduação e pós-graduação - Professores, pesquisadores associados com grupos de pesquisa de Universidades - Formados |
- Acesso a infraestrutura - Consultoria legal e técnica personalizada - Treinamentos e auxilio em criação de planos de negócios por meio do programa de mentores - Gestão de impressão e atividades de difusão - Vinculação com o ecossistema empreendedor |
Fonte: Elaborado pelos autores.
Observa-se, portanto, correspondência entre os públicos-alvo das três incubadoras, ao ter em comum estudantes, professores, pesquisadores e universidades como possíveis empreendedores interessados. Além disso, as atuações vinculadas a cada unidade demonstram proximidade dos serviços prestados.
No caso do Parque E são indicadas outras características no público-alvo: i) conhecimento aplicado em inovação; ii) experiência no tipo de negócio que quer desenvolver; iii) comprovar ingressos para início do negócio; iv) redes de contatos e equipe de trabalho; v) ter um produto ou serviço ou ter realizado uma avaliação comercial do potencial de aceitação do produto ou serviço no mercado; vi) ter uma ideia de negócio inovadora que promova o desenvolvimento regional; vii) potencial de criação do projeto em menos de 2 anos.
O CENTEV/UFV indica como potencialidades aos empresários para desenvolvimento do negócio e do pensamento empreendedor, além de estabelecer networking. A análise das propostas compreende: (i) viabilidade técnica, econômica e comercial; (ii) capacidade técnica e gerencial; (iii) capacidade tecnológica, nível de inovação e impacto econômico; (iv) alinhamento com os objetivos da incubadora; (v) interação com ações de ensino e pesquisa da UFV e (vi) impacto ambiental e social. Segundo quadro 5, as incubadoras têm em comum dois tipos de processos de incubação: Pré-incubação e Incubação.
Quadro 5 - Processos de Incubação de incubadoras do Brasil, Colômbia e Argentina.
País |
Processo de Incubação |
Chamada para Ingresso na Incubadora – Edital |
Avaliação de Propostas da Incubadora |
Brasil |
Pré-Incubação Incubação |
- Edital lançado pelo menos uma vez ao ano – programa de pré-incubação. - Edital de fluxo contínuo – programa de incubação. |
Pré-incubação e Incubação 1. Formulário Online 2. Avaliação técnica – projeto escrito e arguição oral 3. Analise de comissão avaliadora Além disso, a Incubação exige:
Ressalta-se que empresa pré-incubadas passam pelo processo de incubação, mas possuem preferência de escolha. |
Colômbia |
Fomento Pré-incubação Incubação |
Não tem edital; entra em contato com os representantes para repasse das informações listadas no formulário. |
1.Formulário online 2.Entrevista 3.Avaliação por jurado externo |
Argentina |
Pré-incubação Incubação |
Tem Edital – anual Tecnoempreendedores |
1.Plano de criação de potencial empresa de base tecnológica –EBT 2.Avaliação por Comissão Técnica |
Fonte: Elaborado pelos autores.
O programa de pré-incubação do CENTEV/UFV é direcionado a empresários que necessitam de ajuda para transformação de ideias em negócios, com duração de seis meses; já o de incubação foca no desenvolvimento de EBTs novas, com Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica –CNPJ, e ainda um plano de negócios e plano financeiro. As atividades de incubação da incubadora pautam-se na metodologia CERNE, voltadas para mercado, gestão, capital, tecnologia e empreendedor, tendo duração de três anos.
No caso do Parque E o processo de fomento permite ao empreendedor encontrar uma ideia de negócio. Já a pré-incubação ajuda na transformação da ideia em um projeto; para por fim na incubação operacionalizar o projeto na criação de uma empresa.
Na Incubadora de Empresas UNC, o processo de pré-incubação constitui-se um período no qual o empreendedor e sua equipe de trabalho recebem apoio técnico, com a modalidade externa, executado ou coordenado pela equipe de gestão da incubadora. Este processo visa elaborar e melhorar o plano de negócios do projeto apresentado. Nesta etapa, durante 6 meses, são realizadas atividades presenciais e não presenciais (Incubadora de Empresas UNC, 2015). Já o processo de incubação, é realizado com duas modalidades: (i) a modalidade interna, que indica o ingresso do empreendedor e sua equipe a um espaço físico na incubadora para executar o projeto apresentado; e (ii) modalidade externa na qual o empreendedor e sua equipe obtém um espaço físico na incubadora para executar o projeto apresentado.
Nas chamadas para ingresso nas incubadoras apresentam-se diferenças. Enquanto no Brasil e na Argentina são utilizados editais – o primeiro com edital de pré-incubação, lançado ao menos uma vez ao ano, e de incubação, de fluxo contínuo, e o segundo com a chamada Tecnoempreededores, lançado cada Dezembro -; na Colômbia este processo é realizado de maneira personalizada por cada incubadora.
No caso brasileiro, as propostas são avaliadas por analistas técnicos e pelo corpo coordenador da IEBT. O projeto deve ser apresentado de acordo com o modelo de propostas da Incubadora. Uma comissão avaliará sua proposta nas formas escrita e oral. A apresentação é feita a comissão avaliadora, representada por integrante do CENTEV, das empresas incubadas da Câmara de Dirigentes Legistas – CDL, da Fundação Arthur Bernardes – Funarbe e representante do SEBRAE. Posteriormente, em posse da avaliação, os pareceres são direcionados a deliberação do Conselho de Administração do CENTEV.
As inscrições são feitas em formulário próprio do CENTEV/UFV, disponível no site, tendo como público-alvo alunos da UFV (graduação e pós-graduação), servidores públicos, docentes e ex-docentes de universidades e empreendedores da ordem privada. A análise das propostas compreende: (i) viabilidade técnica, econômica e comercial; (ii) capacidade técnica e gerencial; (iii) capacidade tecnológica, nível de inovação e impacto econômico; (iv) alinhamento com os objetivos da incubadora; (v) interação com ações de ensino e pesquisa da UFV e (vi) impacto ambiental e social.
O procedimento de seleção do programa de pré-incubação, de responsabilidade do Conselho de Administração do CENTEV, perpassa seis etapas: (i) inscrição, envio de propostas e disponibilização de documentos (comprovante de pagamento da inscrição, cópia autenticada do Registro Geral – RG, Cadastro de Pessoas Físicas – CPF e o comprovante de endereço de todos os sócios, certidões negativas para com as Fazendas Federal, Estadual e Municipal de pessoa física e jurídica de todos os sócios); (ii) avaliação de documentos; (iii) análise técnica do projeto; (iv) avaliação da coordenação do IEBT do CENTEV/UFV; (v) arguição oral a comissão avaliadora; (vi) análise e parecer do conselho de administração do CENTEV. Já a seleção do programa de incubação requisita, além das etapas descritas na pré-incubação, a elaboração de plano de negócios de planejamento financeiro.
No Parque E a avaliação de propostas para exige diferentes documentos de acordo com o estágio do empreendimento, tais como: 1) preenchimento do formulário online; 2) realização de entrevistas; e 3) avaliação por jurado externo. No formulário devem ser indicados, de acordo com o quadro 6.
Quadro 6 – Informações do formulário solicitadas pelo Parque E.
Formulário online |
(i) Nome do projeto (ii) Informações do empreendedor: Nome Identidade; Idade; Telefone e celular; E-mail; Endereço; Nível de escolaridade; Profissão; Instituição de formação; Gênero; Atividades econômicas atuais; Tempo de dedicação ao empreendimento. |
(iii) Informações da equipe de trabalho: nº de integrantes do empreendimento; Nomes, profissão e responsabilidades das pessoas da equipe; Tempo de dedicação ao empreendimento; |
iv) Informações projeto |
Fonte: Elaborado pelos autores.
Após o preenchimento do formulário com as informações os empreendimentos devem realizar uma entrevista de 7 minutos para apresentar a ideia de negócio e expor o que eles estão precisando na incubadora. Posteriormente, é realizada a avaliação por jurado externo, a qual os empreendimentos que conseguem passar a etapa de entrevistas têm uma apresentação com jurado externo para avaliação da proposta de negócio. O jurado pode estar composto por pessoal da Universidade de Antioquia e outras universidades da região, governo e outras instituições relacionadas com empreendimento do país.
A Incubadora de Empresas UNC exige em seu processo de seleção apresentar uma ideia potencial para a criação de uma EBT. Estas empresas devem desenvolver um ou mais produtos ou serviços com características inovadoras para a região. O projeto deve incluir: i) descrição do negócio; ii) detalhar os produtos ou processo que serão implementados, ressaltar o carácter inovador e o grau atual de desenvolvimento deles; iii) descrição geral do mercado potencial da empresa; e iv) qualquer outro informação que possam dar maior informação da proposta (Incubadora de Empresas UNC, 2015).
O processo de avaliação das propostas é realizado pela Comissão Técnica integrada por: i) a equipe de gestão da incubadora de empresas; ii) um membro proposto pelo Conselho Assessor de atividades de Vinculação Tecnológica e iii) o Subsecretário de Inovação, Transferência e Vinculação Tecnológica. Ademais, cada membro da Comissão deve ter experiência comprovada no âmbito regional, em algum dos seguintes aspectos: i) avaliação e execução de projetos tecnológicos; e/ou ii) constituição e gerenciamento de organizações produtivas (Incubadora de Empresas UNC, 2015).
Esta Comissão deverá ter ao menos um representante externo à UNC e um membro da UNC. As reuniões para avaliação de empresas sempre deverá ter ao menos 5 membros. Cada reunião será coordenada pelo Subsecretário de Inovação, Transferência e Vinculação Tecnológica. A SECyT da UNC, comunica publicamente o resultado das avaliações, estabelecendo um prazo de 5 dias para notificação dos interessados.
O Brasil possui uma grande representatividade no setor de incubação, quando comparado aos demais países e empresas da América Latina e está entre os primeiros no mundo (Anprotec, 2012). Na Argentina, há a tentativa de conformidade entre os objetivos das instituições e o desenvolvimento regional, além de incentivar estudos na área, uma vez que os trabalhos quanto ao movimento no país ainda são incipientes (Ciancio, Corropolese, 2005). Na Colômbia, as incubadoras destacam-se por manter vínculos de cooperação entre universidades para o desenvolvimento de projetos de inovação mais desenvolvimento. Contudo, as diretrizes neste país ainda são ambíguas, pois elas não são de caráter obrigatório e sim uma sugestão de atuação para estes tipos de iniciativas. Além disso, evidencia-se a falta de consolidação e promoção de empresas de base tecnológica em todas as incubadoras colombianas, pois segundo informa o Parque E, ele representa só 10% dos empreendimentos existentes em sua organização.
De acordo com a CAF (2005), em função do aumento de quantidade de incubadoras, há a necessidade de determinações de padrões de boas práticas, de modo que haja qualidade de ações; trata-se de um conjunto reconhecido internacionalmente. Estabelecem-se, segundo a CAF (2005), cinco princípios fundamentais: eficiência, efetividade, relevância, utilidade e sustentabilidade das operações e duração dos resultados alcançados.
Em adição, existem condicionantes de sucesso no desenvolvimento de uma incubadora e/ou parque tecnológico: (i) empreendimentos devem estar alinhados com as potencialidades do desenvolvimento regional; (ii) o planejamento estratégico com projeto regional de longo prazo; (iii) o planejamento regional de longo prazo deve ser formulado por organização independente e permanente; (iv) relação entre os agentes da sociedade, de modo que o projeto de longo prazo seja de efeito público e não político (Spolidoro, 1999).
Nesse sentido, o trabalho em questão buscou evidenciar as diretrizes traçadas, por ações política, nos países estudados, além de analisar as atividades de incubação pertinentes. Assim, conseguiu-se traçar um paralelo comparativo para identificação de boas práticas e de transferência de conhecimento entre as mesmas.
Conforme Rocha (2003), o processo de incubação é diretamente relacionado com os ambientes locais, de acordo com as peculiaridades dos atores regionais. Em todos os casos estudados, as incubadoras destacam-se por servir de plataformas para apoiar a geração de novos projetos e empresas, sendo só diferenciado o grau de promoção de projetos que transferem tecnologia e inovação.
O Brasil e a Argentina, as incubadoras evidenciam fortes focos para empreendimentos tecnológicos, mas no caso colombiano, ainda é necessário maiores esforços para promover estes tipos de empreendimentos. As incubadoras colombianas precisam de fomentar a prestação de serviços voltados à inovação e lançar editais para criar novas empresas de base tecnológica. Já no caso argentino, salienta-se a necessidade de promover diretrizes que permitam um melhor processo de avaliação de propostas. Por fim, o Brasil apresenta-se assim como uma possível guia para estruturação nestes países, em termos de diretrizes, editais e foco de atuação de empreendimentos.
A realização desse trabalho se justifica pela pertinência da temática, e pela importância de intercâmbio de conhecimento entre os países da América Latina. Apesar da criação de incubadoras e parques tecnológicos ainda ser um processo recente em todos os países estudados, há uma clara distinção de desenvolvimento entre as mesmas, sendo pertinente a aplicação de estudos que enfatizem a melhoria do que se aplica atualmente nos países.
A Colômbia encontra-se em processo de desenvolvimento do seu sistema de incubação. Os serviços prestados pelas suas incubadoras são pertinentes, e são motivadoras do desenvolvimento do país. Apesar do processo do estudo de caso em específico não possuir edital, e ser voltado para empresas focadas em serviços e não tecnológicas - que seriam melhorias a serem implementadas -, o processo de avaliação de propostas para ingresso das empresas na incubadora apresenta interessante maturidade.
O Brasil, frente aos demais países, é aquele que apresenta maior maturidade do movimento das incubadoras e parques tecnológicos. Isso não significa que não é passível de evolução, cabida às peculiaridades de cada incubadora e parque tecnológico existente no país, que possui dificuldades e necessidades de melhorias específicas. Mas, no que se diz a consolidação do sistema de inovação, o Brasil possui franca expansão.
Apesar da limitação do trabalho em delimitar um estudo de caso de cada país, os levantamentos realizados, frente as ações das incubadoras, e principalmente à análise contexto histórico e dos documentos que são diretrizes aos movimentos, consegue-se traçar um comparativo interessante. A consolidação do sistema de inovação é de interesse a nações que planejam o desenvolvimento – econômico, político e social -, e o intercâmbio de conhecimentos e melhores práticas é fundamental.
Dos três países estudados, percebeu-se, de maneira significante, a incipiência de estudos e necessidade de evolução do sistema de inovação na Argentina. Tanto no que tange o desenvolvimento de diretrizes e metodologias apropriadas à realidade do país, expansão do movimento das incubadoras, além da necessidade de trabalhos específicos na área.
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