Espacios. Vol. 36 (Nº 12) Año 2015. Pág. E-4
Silvio Luiz Rutz da SILVA 1; Patrícia Sattin Garrouba BIÉGAS 2; Jéssica da Silva GAUDÊNCIO 3; Letícia Polli GLUGOSKI 4; Alan Vaz MAINARDES 5; Daniela Mayer ANTUNES 6
Recibido: 04/03/2015 • Aprobado: 22/04/2015
RESUMO: Neste trabalho apresentamos as atividades desenvolvidas pelo projeto de extensão "Objetos de aprendizagem, recursos digitais e virtuais para o ensino de ciências da natureza". Por meio desse busca-se promover a articulação entre as diversas áreas de investigação, sejam a formação de professores, linguagem e letramento científico, divulgação e comunicação em ciências, questões metodológicas ou políticas públicas. Outra vertente do trabalho sedimentação da ciência como agente de socialização por seu papel educativo no mundo contemporâneo, uma vez que os recursos tecnológicos disponíveis são responsáveis pela produção de uma série de valores e informações que ajudam os indivíduos a organizar suas vidas e suas ideias, além de auxiliar na formação de opinião sobre as coisas nos ajudando a organizar formas de compreender e se adaptar ao mundo. O projeto propiciou a disseminação de processos de produção de recursos didáticos e midiáticos para traduzir a linguagem científica a fim de divulgar e popularizar o conhecimento produzido. Além de desenvolver nos docentes competências para receber informações científicas e identificar formas de organizá-las para seu uso no ensino de ciências. |
ABSTRACT: In this work we present the activities developed by the project "Learning objects, digital and virtual resources to the teaching of natural sciences". Through this we seek to promote the linkage between the various areas of research, are teacher training, language and literacy, scientific dissemination and communication in science, methodological issues or public policy. Another aspect of the sedimentation of Science working as an agent of socialization for its educational role in the contemporary world, since the available technological resources are responsible for the production of a series of values and information that helps individuals to organize their lives and their ideas, in addition to helping in the formation of opinion about things in helping to organize ways to understand and adapt to the world. The project has encouraged the spread of production processes of teaching resources and to translate the scientific language media in order to disseminate and popularize the knowledge produced. In addition to developing the skills teachers to receive scientific information and identify ways to organize them for its use in science education. |
Buscou-se com a execução desta ação extensionista chamar a atenção para as transformações sociais, culturais e educacionais de nosso tempo, principalmente com relação às mudanças nas diferentes instituições socializadoras que passam a fazer parte da nossa vida cotidiana e que influenciam a constituição do novo homem e condicionam a forma como pensa sobre si mesmo e suas relações com seus semelhantes.
Este trabalho fundamentou-se em uma abordagem interdisciplinar para o uso de objetos de aprendizagem, recursos digitais e virtuais para o ensino de ciências da natureza, buscando uma reflexão inovadora para desvendar e introduzir novos enfoques e experiências, visando o seu aprofundamento teórico e analítico (POMBO; 2011, CANIATO; 2011). Esta abordagem interdisciplinar baseia-se no fato de que a separação em disciplinas (física, química, biologia, geociências) no ensino das ciências da natureza é artificial o que leva a uma compreensão errônea acerca da construção do conhecimento científico. Uma abordagem interdisciplinar deve contemplar aspectos relativos às ciências da natureza de modo integrado entre as áreas da química, geociências, física e biologia de modo a se produzir um ensino mais próximo dos estudantes e mais preocupado com a ampliação da cultura científica (CANIATO; 2011, INFANTE-MALACHIAS; 2011, VILLANI e MELGAÇO; 2011).
Observando-se o ensino de ciências da natureza por esta perspectiva surge a questão: Como a escola e os professores devem se posicionar frente a esta nova contextualização que pressupõe uma relação ativa, produtora? Isto decorre do fato de que aprendemos nos ambientes que pressupõem dispor conhecimentos acumulados o que inclui a escola e também todos os locais e situações onde marcamos nossa presença.
Pesquisas mais recentes no que se refere às novas mídias indicam que os espaços das tecnologias de informação e comunicação (TICs) como a internet devem ser vistos como um novo meio de expressão, concebido como veiculo de dialogo e trocas comunicativas intensas e como espaço de construção de novas amizades, sociabilidade e reflexibilidade. É compreendido também como um local de tolerância e liberdade de expressão para os quais se cria e produz conteúdos destinados aos receptores dessa nova linguagem. Estes espaços são responsáveis por uma nova forma de escrita e de percepção do tempo e do espaço, constituindo-se em formas inéditas de organizar e representar ideias, pensamentos e fantasias (ALMEIDA; 2001, CAXIAS, 2008, PORTO; 2006).
Na execução dessa proposta consideroiu-se que esses recursos tecnológicos são pedagógicos ou educativos, porque o individuo passa a ter autoria na sua produção, e sente-se estimulado a produzir, escrever e ler a produção dos outros. Estas tecnologias têm um potencial incomensurável de formação e de reconstrução de experiências indenitárias, nesse sentido o usuário das novas mídias passa a ser reconhecido como um sujeito criativo em potencial. Assim é preciso analisar o processo educativo atual considerando a construção das identidades sociais e culturais mediadas pelas distintas matrizes midiáticas. Isto conduz a um novo modo de encarar a Ciência como uma atividade cotidiana especialmente para professores: surge assim a perspectiva da Ciência Pública e ou Ciência Social.
As discussões relativas às interfaces entre educação midiática que se utilizam de objetos de aprendizagem e recursos digitais e virtuais estão em fase de consolidação. Neste sentido esta atividade extensionista pretendeu contribuir para a reflexão sobre os desafios da educação contemporânea e da educação midiática na formação das novas gerações, além avaliar a importância das mídias na formação dos professores de ciências. É também interessante divulgar para os docentes as potencialidade do uso no ensino de recursos tecnológicos tais como telefones celulares, notebooks, tablets e, sobretudo indicar programas interativos disponíveis para serem usados com estes aparatos.
Foram objetivos desse projeto de extensão:
Buscou-se instrumentalizar os professores a pensar em estratégias de projetos multi, inter e transdisciplinares como alternativas viáveis e práticas para atrair e motivar os alunos em ambientes educativos. Os projetos, para tal, devem atender anseios com relação à construção de novos conhecimentos permitindo a integração de elementos inovadores que possam auxiliar na construção dos conhecimentos envolvidos por se tratar de elemento integrado ao processo de ensino aprendizagem.
Torna-se imprescindível que os educadores possam visualizar quais são as reais tendências para o futuro e estejam aptos a participar de um processo de ensino aprendizagem que de fato prepara cidadãos. As estratégias e metodologias propostas visam repassar aos professores, que já atuam ou irão atuar em ambientes ricos em tecnologias, os principais conceitos que cercam os seu uso na área educacional. Entretanto cabe ressaltar que muitas questões que envolvem o uso dessas ferramentas no ambiente educacional ainda estão em fase de analise e estudo.
Neste contexto a oficina teve como objetivos: apresentar objetos de aprendizagem e recursos digitais e virtuais para o ensino de ciências da natureza; apresentar as metodologias de difusão do conhecimento na área das ciências da natureza; introduzir elementos para a elaboração de objetos de aprendizagem e para o uso de recursos digitais e virtuais no ensino de ciências da natureza; apresentar elementos para a utilização de objetos de aprendizagem e de recursos digitais e virtuais.
De modo complementar às oficinas e cursos, viabilizando um canal de comunicação e de difusão de informações procedeu-se a construção de um blog e de uma fanpage. Tais recursos têm como principal característica a facilidade de acesso a informações concernentes ao escopo do projeto de extensão que é instrumentalizar professores e futuros professores quanto a disponibilidade e sugestões de uso de objetos educacionais digitais e virtuais.
As atividades do projeto foram desenvolvidas nos Colégios Estaduais: Gil Stein Ferreira e Arthur da Costa e Silva no município de Ivaí, Leopoldina Bittencourt Pedroso no município de Tibagi, Manoel Antônio Gomes e Gregório Szeremeta no município de Reserva e João Negrão Jr no município de Teixeira Soares no estado do Paraná. A figura 1 ilustra a localização dos municípios onde as atividades do projeto foram executadas.
Figura 1 – Localização dos municípios onde as ações
do projeto são desenvolvidas. Fonte: Os Autores
As atividades realizadas proporcionaram a capacitação de recursos humanos para a e realização de atividades educativas contínuas e abertas e que são cada vez mais necessárias nas organizações educativas, contribuindo para a formação científica de professores de ciências. As atividades desenvolvidas envolvem a disseminação de conhecimentos acerca de diferentes estratégias e objetos de aprendizagem tais como experimentos, atividades lúdicas, computadores, vídeos, filmes, etc., e o papel dos mesmos nos processos de ensino e aprendizagem. Busca-se ainda a difusão de conteúdos e conceitos relacionados ao uso de materiais didáticos pelo emprego de sistemas de aprendizagem disponíveis na web como ferramentas de ensino/aprendizagem.
Nos colégios citados acima foram desenvolvidas oficinas para apresentação de recursos digitais e virtuais, tais como o programa Labvirt da Universidade de São Paulo, o programa Calangos da Universidade Federal da Bahia e a ferramenta Stellarium para o ensino de conceitos básicos de astronomia. Além das atividades desenvolvidas nos colégios, ações complementares foram desenvolvidas na UEPG mais especificamente com a oferta da oficina Iniciando no Prezi, que foi ofertada aos alunos do PIBID (Programa de Iniciação à Docência) dos cursos de licenciatura em Matemática, Educação Física e Geografia, relativas à ferramenta Prezi®. O mesmo tema foi abordado em oficina para os rondonistas da UEPG e UTFPR que participaram das Operações do Projeto Rondon nos meses de janeiro e fevereiro de 2013. Também foi apresentada a palestra Objetos Educacionais e Recursos Digitais para o Colegiado do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas. No ano de 2014 foram ministrados minicursos: Introdução ao Prezi e Uso das Ferramentas e Aplicativos Google.
De maneira complementar o projeto, também contribuiu para a promoção da educação científica da população em geral pelo acesso livre aos meios virtuais e que são o blog do projeto (figura 2) e da fanpage na rede social Facebook® (figura 3). Estas duas ferramentas virtuais servem para difundir informações científicas sobre temas diversos ligados às ciências da natureza para fins de educação científica formal e não formal.
Os endereços de acesso são, respectivamente, para o blog e para a fanpage:
Figura 2 – Imagem do blog do projeto Objetos de aprendizagem,
recursos digitais e virtuais para o ensino de ciências da natureza. Fonte: Os Autores
----
Figura 3 – Imagem da fanpage do projeto Objetos de aprendizagem, recursos digitais
e virtuais para o ensino de ciências da natureza. Fonte: Os Autores
Para o blog número de total de pessoas alcançadas até o mês de julho de 2014 é de 16.688 vizualizações. A abrangência do alcance de visualizações é mostrado na figura 4, onde se observa que existem acessos de diversas regiões do mundo, sendo predominante os Estados Unidos, com 8.390 e o Brasil com 7.407 vizualizações respectivamente. Inserir navegador utilizado e sistema operacional
Figura 4 - Quantidade de visualizações do blog do projeto por país. Fonte: Os Autores
O alcance para a fanpage é de 72.286 até o mês de julho de 2014, sendo a quantidade de pessoas que curtiram a fanpage do projeto, por gênero e por faixa etária, mostrada na figura 5. O alcance por gênero que para a fanpage indica os percentuais de 61 % para mulheres e de 39 % para homens. Por faixa etária para as mulheres temos que as que estão entre 18-24 e 25-34 anos predominam e correspondem a 18 % e 22 % respectivamente. Para os homens repete-se o predominio das duas faixas etárias, entre 18-24 e 25-34 anos, porém com inversão dos percentuais sendo estes 14 % e 10 %, respectivamente.
Figura 5 - Quantidade de pessoas que curtiram a fanpage do projeto, por gênero e por faixa etária. Fonte: Os Autores
Considerando-se os objetivos propostos ressalta-se que as ações desenvolvidas pelo projeto propiciaram a oportunidade de disseminação dos processos de produção de recursos didáticos e midiáticos para traduzir a linguagem científica a fim de divulgar e popularizar o conhecimento produzido. Além disso, tais ações constituem-se em oportunidade de desenvolver competências para receber as informações científicas e identificar formas de organizá-las para a divulgação, com foco no ensino básico em ação que se baseia nos princípios da multi, trans e interdisciplinaridade.
Agradecemos ao DEFIS, PROEX UEPG e aos Colégios Estaduais: Gil Stein Ferreira e Arthur da Costa e Silva no município de Ivaí, Leopoldina Bittencourt Pedroso no município de Tibagi, Manoel Antônio Gomes e Gregório Szeremeta no município de Reserva e João Negrão Jr no município de Teixeira Soares. Este trabalho foi financiado pela SETI-PR através do Programa Universidade Sem Fronteiras, Subprograma Apoio às Licenciaturas Edital 02/2011.
ALMEIDA, M. (2001) Tecnologia de informação e comunicação na escola: aprendizagem e produção da escrita. Série Tecnologia e Currículo - Programa Salto para o Futuro, Novembro, 2001. Disponível em: http://www.eadconsultoria.com.br/matapoio/biblioteca/textos_pdf/texto24.pdf.
CANIATO, R. (2011) Interdisciplinaridade no ensino da ciência. In: Santos, C. A. dos e Quadros, A. F. de (Orgs.). Utopia em busca de possibilidade: abordagens interdisciplinares no ensino das ciências da natureza. Foz do Iguaçu: UNILA, 2011. Cap. 3, p. 51-62.
CAXIAS, R. S. Das tecnologias da informação à comunicação científica: críticas à nova cultura da pesquisa em educação. Em Questão, Porto Alegre, v. 14, n.2, p. 301-315, jul./dez. 2008. Disponível em: http://seer.ufrgs.br/index.php/EmQuestao/article/view/6470
INFANTE-MALACHIAS, M. E. (2011) Interdisciplinaridade e resolução de problemas: algumas questões para quem forma futuros professores de ciências. In: SANTOS, C. A. dos e QUADROS, A. F. de (Orgs.). Utopia em busca de possibilidade: abordagens interdisciplinares no ensino das ciências da natureza. Foz do Iguaçu: UNILA, 2011. Cap. 6, p. 93-104.
POMBO, O. (2011) Para um modelo reflexivo de formação de professores. In: SANTOS, C. A. dos e QUADROS, A. F. de (Orgs.). Utopia em busca de possibilidade: abordagens interdisciplinares no ensino das ciências da natureza. Foz do Iguaçu: UNILA. Cap. 1, p. 13-36.
PORTO, T. M. E. As tecnologias de comunicação e informação na escola; relações possíveis ... relações construídas. Revista Brasileira de Educação, v. 11, n. 31, p. 43-57, jan./abr. 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-24782006000100005&script=sci_arttext
VILLANI, A. e Melgaço, J. (2011) Revisitando experiências interdisciplinares no ensino de ciências. In: Santos, C. A. dos e Quadros, A. F. de (Orgs.). Utopia em busca de possibilidade: abordagens interdisciplinares no ensino das ciências da natureza. Foz do Iguaçu: UNILA. Cap. 4, p. 63-78.
1. Licenciado em Ciências – Química pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Brasil; Mestre em Engenharia dos Materiais pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), Brasil; Doutor em Ciência dos Materiais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Brasil; Professor no Departamento de Física e no Programa de Pós-Graduação em Esnino de Física – Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Brasil; rutz@uepg.br
2. Licenciada em Física pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Brasil; Mestranda em Ensino de Ciências e Tecnologia na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Brasil; patriciasattin@yahoo.com.br
3. Licenciada em Química pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Brasil; Mestranda em Ensino de Ciências na Universidade de São Paulo (USP), Brasil; jessigaudencio@hotmail.com.
4. Licenciada em Química pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Brasil; Mestranda em Química Aplicada na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Brasil; letypollig@hotmail.com
5. Licenciado em Ciências Biológicas na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Brasil; alanmainardes@hotmail.com.
6. Licenciado em Ciências Biológicas na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Brasil; daniela_mayerpg@hotmail.com