Espacios. Vol. 36 (Nº 10) Año 2015. Pág. 17
Diego de Castro FETTERMANN 1; Márcia Elisa Soares ECHEVESTE 2; Guilherme Luz TORTORELLA 3; Giuliano Almeida MARODIN 4
Recibido: 08/02/15 • Aprobado: 22/03/2015
2 O Setor Calçadista do Rio Grande do Sul
3 Fatores de Sucesso e os Benefícios da Relação Cooperativa com o Fornecedor durante o PDP
RESUMO: |
ABSTRACT: |
A eficiente integração das competências e dos recursos entre as empresas se torna um requisito para competir em uma economia globalizada (Bititci et al., 2007). Inicialmente, estas atividades de integração estavam centradas na agilidade de entrega dos produtos, na garantia de qualidade durante a produção, na logística e na redução de custos. Entretanto, com a tendência destas questões se tornarem padronizadas, o foco passa a ser direcionado também para o Processo de Desenvolvimento de Produto (PDP), principalmente para as relações que a empresa estabelece com os seus fornecedores (Twigg, 1998). Para Mikkola e Skjoett-Larsen (2003), a redução do ciclo de vida dos produtos e as pressões competitivas exercidas pela atualização da tecnologia também pressionam a empresa a integrar tanto clientes quanto fornecedores, principalmente como forma de agregar valor à sua cadeia de suprimentos.
Ainda se verifica uma crescente participação dos fornecedores no resultado das empresas, muito em razão de que a compra de insumos para o produto determina cerca de 50% do seu custo (Hanfield et al., 1999; Ragatz et al., 1997), sendo que Quesada et al. (2006), identificam que na indústria automobilística mundial, mais de 70% do custo do produto final é criado pelos fornecedores. Além das pressões por redução de custos exercida pelos fabricantes sobre os seus fornecedores, cerca de 5 a 8% por ano, a contínua melhora na qualidade do produto e a redução do tempo de desenvolvimento, exigem do fornecedor uma constante atualização e uma crescente influência no resultado da empresa cliente (Monzca, Trent (1997).
A participação dos fornecedores junto ao PDP passa a ser uma importante contribuição para a solução de problemas, tornando o processo mais rápido e produtivo. Entretanto, ainda não está claro como e quando é apropriado cooperar com os fornecedores durante o processo de desenvolvimento (Fettermann, Echeveste, 2011), sendo que esta questão se trata de umas das importantes áreas a serem desenvolvidas dentro da compreensão do PDP (Brown, Eisenhardt, 1995). Estudos recentes pouco contribuem para a compreensão de como os fornecedores devem contribuir para o processo, assim como quais são os aspectos que asseguram resultados positivos para a relação (Lau, 2011); (Zhao et al., 2014).
Desta forma, este estudo visa compreender a integração do fornecedor no PDP das empresas. Esta contribuição parte da identificação e mensuração da importância dos benefícios e dos fatores de sucesso que influenciam o desempenho de uma relação cooperativa com o fornecedor durante o PDP. Para este estudo, foram selecionadas três empresas do setor calçadista do Rio Grande do Sul, assim como seus fornecedores mais estratégicos para o estabelecimento desta parceria.
A indústria calçadista nacional é um das importantes atividades manufatureiras do país, muito em razão do seu significativo volume de produção, da expressiva participação na pauta de exportações e da grande capacidade de geração de empregos (Fensterseifer, 1995); (Tristão et al., 2011). A produção calçadista do Rio Grande do Sul, principalmente no Vale dos Sinos, possui destaque internacional não somente pelo volume de produção de calçados, mas também pela forma como se desenvolveu até atingir este volume. Nos últimos 30 anos, a região se transformou de uma pequena concentração de empresas com baixo volume de produção para a maior exportadora de calçados para os Estados Unidos e Europa. A partir de 1970, mas principalmente depois de 1980, o setor calçadista nacional aumentou a sua participação no mercado internacional de 0,5%, em 1970, para 12,3%, em 1990. A forma como este crescimento foi alcançado não está baseada somente no uso de mão de obra barata, mas também na profundidade das relações entre as empresas e seus fornecedores (Schmitz, 1999);(Bazan, Navas-Alemán, 2001).
Além de dependentes das melhorias dos fornecedores, as empresas calçadistas do Vale dos Sinos recebem uma grande influência dos compradores mundiais, principalmente quando seus produtos são destinados para o mercado americano e europeu. Segundo Schmitz (1999); Humphrey e Schmitz (2000) e Bazan e Navas-Alemán (2001), verifica-se uma relação coordenada pelos agentes de exportação quando o destino dos produtos são estes mercados. Esta dependência acontece muito em razão do fraco desempenho das empresas em relação ao design inovativo, visto que as empresas calçadistas do Vale dos Sinos são reconhecidas mundialmente como de excelência em parâmetros de produção, tais como: qualidade, rapidez, pontualidade e flexibilidade de produção, inclusive com um desempenho superior ao de seus concorrentes italianos, chineses ou indianos (Schmitz, Knoringa, 1999); (Humphrey, Schmitz, 2000). Desta forma, a aplicação da cooperação com os fornecedores durante o processo de desenvolvimento trata-se de uma alternativa para o aporte de tecnologia para os produtos nacionais, além de se constituir em uma possibilidade que pode contribuir para o setor superar a severa crise em que se encontra (Castilhos, 2004); (Sampaio, 2006).
Com o objetivo de proporcionar um melhor desempenho do PDP cooperativo entre empresa e seus fornecedores, foram pesquisados na bibliografia, os benefícios e os fatores de sucesso que possuem correspondência com o desempenho do processo cooperativo. Estes foram classificados conforme os subsistemas que compõem o sistema sociotécnico (tecnológico, pessoal, ambiente externo e projeto do trabalho) (Hendrik, Kleiner, 2001). Neste estudo, a abordagem do sistema sociotécnico é utilizada para classificar as questões relacionadas ao sistema de trabalho entre a empresa e os seus fornecedores, mais precisamente na relação cooperativa durante o PDP.
Entre os subsistemas que compõem o sistema sociotécnico, o tecnológico procura identificar a forma com que a tecnologia influencia o sistema de trabalho das organizações (Hendrik, Kleiner, 2001). Nesta pesquisa, são classificadas neste subsistema as questões relacionadas ao desenvolvimento tecnológico assim como as ferramentas utilizadas durante a relação cooperativa com o fornecedor no PDP (Figura 01).
Benefícios |
Autores |
Aumentar a quantidade de patentes (1) |
Chung e Kim (2003) |
Melhor qualidade dos produtos (2) |
Clark (1989), Clark e Fujimoto (1991), Helper (1991), Womack et al. (1991), Birou e Fawcet (1994), Dyer (1996), Liker et al. (1996), Ragatz et al. (1997), Bidault et al. (1998), Hanfield et al. (1999), Sobek II et al. (1999), Wynstra e Ten Pierick (2000), De Toni e Nassimbeni (2001), Primo e Amundson (2002), Spina et al. (2002), Mikkola e Skjoett-Larsen (2003), Liker e Choi (2004), Perona e Saccani (2004), Quesada et al. (2006) |
Desenvolver uma melhor manufatura (3) |
Wasti e Liker (1997), Wynstra e Ten Pierick (2000) |
Redução de custos do produto ou do processo (4/5) |
Womack et al. (1991), Liker et al. (1996), Ragatz et al. (1997), Hanfield et al. (1999), Sobek II et al. (1999), Wynstra e Pierick (2000), De Toni e Nassimbeni (2001), Spina et al. (2002), Liker e Choi (2004), Perona e Saccani (2004), Ballé e Ballé (2005), Quesada et al. (2006) |
Fatores de sucesso |
Autores |
Custo dos componentes do fornecedor no valor final do produto (16) |
Spina et al. (2002) |
A maior complexidade do produto (17) |
Maffin e Braiden (2001), Primo e Amundson (2002); Mikkola e Skjoett-Larsen (2003) |
Utilização do FMEA e QFD com fornecedor (18) |
De Toni e Nassimbeni (2001), Maffin e Braiden (2001) |
Utilização de DFM e DFA com o fornecedor (19) |
De Toni e Nassimbeni (2001), Maffin e Braiden (2001) |
Utilização de sistema de seleção/ranking de fornecedores (20) |
Clark e Fujimoto (1991), Helper (1991), Kamath e Liker (1994), Ragatz et al. (1997) Wysnstra e Ten Pierick (2000), Di Toni e Nassimbini (2001), Harbi et al. (2002) |
Sistemas compatíveis de CAD/CAE (21) |
Ragatz et al. (1997), Wynstra et al. (2001), Twigg (2002), Spina et al. (2002) |
Figura 1 - Benefícios e fatores de sucesso classificados no subsistema tecnológico
Este subsistema enfoca as influências com que as características e a qualificação das pessoas que participam do sistema de trabalho determinam o resultado do projeto. Para Pasmore (1988), é o subsistema que possibilita a criação, a modificação e os melhoramentos na organização, pois os seres humanos são as fontes de adaptação, inovação, idealização e inspiração dentro da organização. Desta forma, estão agrupadas no subsistema pessoal as questões mais direcionadas à qualificação e ao conhecimento dos agentes que participam da relação (Figura 02).
Benefícios da relação |
Autores |
Possibilidade de aprendizado na relação (6) |
Sobrero e Roberts (2001) |
Aumenta a motivação do fornecedor (7) |
De Toni e Nassimbeni (2001) |
Acesso a competências e conhecimentos (8) |
Teece (1986), Jorde e Teece (1989), Helper (1991), Wheelwright e Clark (1995), Bidault et al. (1998), Hanfield et al. (1999), Wynstra e Pierick (2000), De Toni e Nassimbeni (2001), Maffin e Braiden (2001), Sobrero e Roberts (2001), Becker e Zirpoli (2003), Møller et al. (2003), Liboni e Takahashi (2004), Perona e Saccani (2004), Fowles e Clark (2005), Moreira (2005), Tidd et al. (2005), Silva e Zawislak (2006), Quesada et al. (2006) |
Fonte de inovação (9) |
Bidault et al. (1998), Jorde e Teece (1989), Hanfield et al. (1999), Sobrero e Roberts (2001), Spina et al. (2002), Perona e Saccani (2004), Fowles e Clark (2005), Tidd et al. (2005), Silva e Zawislak (2006) |
Redução do tempo de desenvolvimento (10) |
Clark (1989), Clark e Fujimoto (1991), Womack et al. (1991), Ward et al. (1995), Dyer (1996), Liker et al. (1996), Bidault et al. (1998), Hanfield et al. (1999), Sobek II et al. (1999), De Toni e Nassimbeni (2001), Primo e Amundson (2002), Spina et al. (2002), Liker e Choi (2004), Perona e Saccani (2004), Ballé e Ballé (2005), Fowles e Clark (2005), Tidd et al. (2005) |
Fatores de sucesso |
Autores |
Conhecimento/tecnologia dos fornecedores (22) |
Clark e Fujimoto (1991), Kamath e Liker (1994), Hanfield et al. (1999), Petersen, Hanfield e Ragatz (2003) |
Semelhança cultural (24) |
Clark (1989), Clark e Fujimoto(1991), Kamath e Liker (1994), Bidault et al. (1998), Nellore (2001) |
Informação/controle das operações do fornecedor (25) |
Liker e Choi (2004), Fowles e Clark (2005) |
Engenheiros visitantes (26) |
Clark e Fujimoto (1991), Twigg (1998), Liker e Choi (2004) |
Assimetria de informação entre as empresas (27) |
Becker e Zirpoli (2003), Møller et al. (2003) |
Figura 2 - Benefícios e fatores de sucesso classificados no subsistema pessoal
O sistema sociotécnico, por se tratar de um sistema aberto, possui uma relação íntima com o ambiente no qual está inserido, por meio de uma constante troca de informações e influências. Assim, a organização depende da sua capacidade em se adaptar constantemente ao contexto externo, além do monitoramento das alterações do ambiente a fim de proporcionar os ajustes necessários a estas modificações (Hendrik, Kleiner, 2001). Para Pasmore (1988), as influências que a organização recebe do meio externo podem ser classificadas no subsistema do ambiente externo, tais como: estatais, regulatórias, ecológicas, de logística, de comércio, financeiros entre outros (Figura 03).
Benefícios |
Autores |
Investimentos conjuntos em P&D (11) |
Helper (1991), Perona e Saccani (2004) |
Cumprimento de regulamentações ambientais e governamentais (12) |
Hanfield et al. (1999) |
Redução do risco/incerteza no PDP (13) |
Teece (1986), Jorde e Teece (1989), Helper (1991), Littler et al. (1995), Hanfield et al. (1999), Wynstra e Pierick (2000), Perona e Saccani (2004), Fowles e Clark (2005) |
Fatores de sucesso |
Autores |
Diferenças entre o tamanho das empresas (28) |
Spina et al. (2002) |
A incerteza do ambiente (29) |
Helper (1991), Hanfield et al. (1999), Wynstra e Pierick (2000), Becker e Zirpoli (2003), Petersen et al. (2003) |
Tipo de governança da relação (30) |
Helper (1991), Williamson (1985), Sobrero e Roberts (2001) |
Grau de integração da cadeia produtiva (31) |
Spina et al. (2002) |
Confiança no desempenho do fornecedor (32) |
Hanfield et al. (1999), Wynstra e Pierick (2000) |
Perda dos direitos autorais (33) |
Fowles e Clark (2005) |
Pressão por redução de custos (34) |
Helper (1991), Dyer(1996), Humphreys et al. (2001), Womack et al. (1991), Liboni e Takahashi (2004), Liker e Choi (2004) |
Figura 3 - Benefícios e fatores de sucesso classificados no subsistema ambiente externo
Segundo Guimarães (2004), as variáveis contidas nos outros três subsistemas (tecnológico, pessoal e ambiente externo) exercem influências entre si e sobre à estrutura do trabalho, sendo que o subsistema projeto do trabalho deve ser capaz de interagir com as variáveis contidas nos outros subsistemas de modo a atingir um melhor resultado para a empresa. Nesta pesquisa, as questões relacionadas aos procedimentos utilizados durante a relação com o fornecedor durante o PDP são agrupadas no subsistema projeto do trabalho (Figura 04).
Benefícios |
Autores |
Diminuição da carga de trabalho no DP (14) |
Clark e Fujimoto (1991), Ward et al. (1995), Sobek II et al. (1999), Quesada et al. (2006) |
Flexibilidade no PDP (15) |
Clark (1989), Clark e Fujimoto (1991), Hanfield et al. (1999) |
Fatores de sucesso |
Autores |
Proximidade física (35) |
Dyer (1996), Spina et al. (2002) |
Relacionamento com poucos fornecedores (36) |
Womack et al. (1991), Helper (1991), Kamath e Liker (1994), Bidault et al. (1998), Twigg (1998)Hanfield et al. (1999), Humphreys et al. (2001), Sobrero e Roberts (2001), Becker e Zirpoli (2003) |
Relacionamento duradouro com o fornecedor (37) |
Helper (1991), Womack et al. (1991), Ward et al.(1995), Dyer (1996), Bidault et al. (1998), Hanfield et al. (1999), Humphreys et al. (2001), Sobrero e Roberts (2001), Møller et al. (2003), Moreira (2005) |
Troca de informação (38) |
Helper (1991), Ward et al. (1995), Liker et al. (1996), Wynstra e Pierick (2000), Spina et al. (2002), Petersen et al. (2003), Mikkola e Skjoett-Larsen (2003), Liker e Choi (2004), Fowles e Clark (2005) |
Comunicação com contatos diretos (39) |
Dyer (1996), Fowles e Clark (2005), Silva e Zawislak (2006) |
Encontros informais para troca de informações (40) |
Helper (1991), Dyer e Hatch (2004) |
Administração da relação entre cliente e fornecedor (41) |
Birou e Fawcet (1994), Ragatz et al. (1997), Perona e Saccani (2004) |
Equipe de projeto (42) |
Clark e Fujimoto (1991), Helper (1991), Wheelwright e Clark (1992), Birou e Fawcet (1994), Ward et al. (1995), Cusumano e Nobeoka (1998), Liker et al. (1996), Liker et al. (1996), Karlsson e Ahlstron (1996), Ragatz et al. (1997), Maffin e Braiden (2001), Spina et al. (2002), Petersen et al. (2003), Perona e Saccani(2004), Ballé e Ballé (2005) |
Articular metas e objetivos comuns (43) |
Hanfield et al. (1999), Wynstra et al. (2001), Hillebrand e Biemans (2004), Fowles e Clark (2005) |
Momento em que o fornecedor deve cooperar no PDP (44) |
Clark (1989), Kamath e Liker (1994), Brown e Eisenhartd (1995), Hanfield et al (1999) |
Integração interna da empresa (45) |
Hillebrand e Biemans (2004) |
Comunicação Pobre (46) |
Dyer (1996), Liker et al. (1996), Fowles e Clark (2005) |
Comunicação freqüente (47) |
Clark (1989), Wasti e Liker (1997) |
Engenharia simultânea (48) |
De Toni e Nassimbeni (2001), Liker et al. (1996) |
Aumento da complexidade do PDP (49) |
Liker et al. (1996), Wynstra e Pierick (2000) |
Possibilidade de ineficiência da cooperação (50) |
Littler et al. (1995), Chung e Kim (2003) |
Dispersão da informação (51) |
Liker et al. (1996), Becker e Zirpoli (2003); |
Figura 4 - Benefícios e fatores de sucesso classificados no subsistema projeto do trabalho
Os benefícios e os fatores de sucesso mencionados na bibliografia são utilizados para o desenvolvimento de um questionário fechado que é utilizado para identificar a percepção de importância em relação a cada benefício e fator de sucesso por parte da empresa e de seus fornecedores estratégicos. A classificação destas questões nos subsistemas do sistema sociotécnico ainda permite identificar, de forma mais abrangente, quais subsistemas mais impactam no desempenho do PDP cooperativo entre empresa e fornecedores.
Foi utilizado o método de estudo de múltiplos casos com uma replicação teórica (Yin, 2001), em razão da diversidade das empresas calçadistas no Rio Grande do Sul e pela ausência de estudos semelhantes no setor. Foram selecionadas três empresas, sendo o seu porte o critério utilizado para diferenciação entre as empresas. Para o estudo de caso na empresa foi utilizado um roteiro de entrevista (Fettermann, 2008), que também identifica quais fornecedores já desenvolvem algum tipo de relação de cooperação com a empresa durante o seu PDP. Posteriormente, parte da análise desenvolvida na empresa também é replicada nos fornecedores identificados, completando o estudo da empresa. A formação dos estudos de caso na empresa e nos seus respectivos fornecedores é apresentada na Figura 5.
Figura 5 - Demonstrativo da amplitude da pesquisa
Como forma de mensurar a importância dos benefícios e dos fatores de sucesso para a relação cooperativa entre cliente e fornecedor durante o PDP, foi aplicado um questionário fechado (Fettermann, 2008), relacionando cada benefício e fator de sucesso identificado na literatura consultada (Figuras 1,2,3,4).
A análise dos dados obtidos por meio do questionário fechado segue três etapas: (i) confiabilidade do questionário, (ii) análise intra-grupos e (iii) desempenho dos subsistemas.
Na primeira etapa, a análise da confiabilidade do questionário, foi utilizada a medida alfa de Cronbach (Cronbach, 1951), com a intenção de avaliar a consistência interna do questionário.
Como forma de identificar a tendência à diferença ou à semelhança entre as respostas da empresa e de seus fornecedores, a análise intra-grupos, foi desenvolvido um método estatístico descritivo que consiste em três etapas: i) calcular a média geométrica entre os fornecedores de cada empresa; ii) comparar, para cada questão, a diferença em módulo entre a média geométrica dos fornecedores e a resposta da empresa; iii) calcular os quartis (Ribeiro, Ten Caten, 2000) para o resultado da diferença em módulo das respostas da empresa e da média geométrica dos fornecedores para as questões. O resultado é a identificação de 25% das maiores e menores diferenças entre as respostas, para cada questão, da empresa e da média geométrica dos fornecedores, ou seja, as questões em que se identifica uma maior tendência de concordância e discordância entre a opinião da empresa e de seus fornecedores.
A terceira etapa, o desempenho dos subsistemas (tecnológico, pessoal, ambiente externo e projeto do trabalho), procura identificar quais os subsistemas com maior influência no desempenho da relação cooperativa entre empresa e fornecedor durante o PDP. Como forma de identificar as diferenças significativas na importância das questões abrigadas em cada subsistema, utiliza-se a análise de variância (ANOVA). Caso seja verificado que existe a tendência à diferença da influência dos subsistemas nos benefícios ou nos fatores de sucesso da relação, é executado o teste de comparações múltiplas (LSD) para identificar quais subsistemas tendem a influenciar mais os benefícios e os fatores de sucesso.
A Empresa A (pequeno porte) e a C (grande porte) produzem exclusivamente calçado do tipo feminino, enquanto que a Empresa B (médio porte), principalmente, calçado do tipo infantil, mas também em menor quantidade do tipo feminino e esportivo. Todas as empresas somente comercializam os seus produtos com marcas próprias, sendo que a Empresa A (pequeno porte) e a C (grande porte) possuem somente uma marca. A Empresa B (médio porte) possui sete marcas distintas, sendo que isto acontece em razão da empresa ser filial de um grupo maior e mais antigo, atuante no setor têxtil, que possui os direitos sobre as marcas. A caracterização das empresas estudadas é apresentada na Figura 6.
|
Empresa A (pequeno porte) |
Empresa B (médio porte) |
Empresa C (grande porte) |
Produção diária |
1300 pares/dia |
9.500 pares/dia |
45.000 pares/dia |
Localização |
Vale do Paranhana |
Vale dos Sinos |
Vale do Paranhana |
Quantidade de funcionários |
40 funcionários |
984 funcionários |
2.500 funcionários |
Início das atividades |
1998 |
2000 |
1955 |
Principal tipo produzido |
Feminino |
Infantil (principalmente) |
Feminino |
Materiais utilizados no cabedal |
Couro, PU e PVC |
PVC e tecido |
PU |
Materiais utilizados no solado |
PU e TR e PVC |
TR, PU e SBR |
PU e TR |
Figura 6 - Caracterização das empresas estudadas
A Empresa A (pequeno porte) identificou três fornecedores como potenciais parceiros para o estabelecimento de uma relação cooperativa durante o PDP, sendo que estes fornecedores se relacionam com a empresa desde o início das suas atividades. Estão localizados próximos à empresa e possuem uma quantidade de funcionários similares à da empresa. A Empresa B (médio porte) selecionou quatro fornecedores para participarem da pesquisa, sendo que estes também se relacionam com a empresa desde o início de suas atividades. Os fornecedores selecionados estão localizados no próprio Vale dos Sinos e possuem uma menor quantidade de funcionários que a empresa. A Empresa C (grande porte) selecionou três fornecedores, sendo que estes se localizam no Vale dos Sinos e Paranhana e possuem quantidade de funcionários variada, sendo que em um caso supera a própria empresa. A descrição do insumo entregue pelos fornecedores selecionados assim como o início das atividades com a empresa está representada na Figura 7.
Figura 7- Fornecedores selecionados pelas empresas para participarem do estudo
As respostas das questões contidas no quarto bloco do questionário foram submetidas à um teste de consistência que demonstrou terem sido bem interpretadas pelas três empresas estudadas, assim como pelos seus respectivos fornecedores. Isto pode ser conferido pelos valores do alfa de Cronbach superiores a 0,6, que segundo Hair Jr. et al. (2005) é o valor aceitável para pesquisas exploratórias. Nesta análise não foi possível incluir as questões 18 (QFD e FMEA), 19 (DFA e DFM) e 48 (engenharia simultânea) em razão de que alguns dos respondentes assinalaram a alternativa que desconheciam a técnica, impossibilitando a avaliação da sua importância para a relação cooperativa com o fornecedor.
Tabela 1 - Valores de Alfa de Cronbach para questionário fechado
N (quantidade de respondentes) |
Benefícios |
Fatores de Sucesso |
Benefícios e Fatores de Sucesso (1-51 / 48 questões) |
13 |
0,932 |
0,699 |
0,865 |
O resultado do método estatístico descritivo proposto para a interpretação dos dados coletados a partir das respostas da empresa e dos seus fornecedores relacionadas à importância das questões levantadas na bibliografia é apresentado na Tabela 2. A diferença na quantidade de questões válidas entre as empresas acontece em razão do entrevistado na Empresa A (pequeno porte) assinalar desconhecer QFD/FMEA (24) e DFA/DFM (26), enquanto que os seus fornecedores afirmaram desconhecer engenharia simultânea (23), impossibilitando incluir estas perguntas na análise. O entrevistado da Empresa C (grande porte) também desconhece QFD/FMEA (24) e DFA/DFM (26), fazendo também por excluir estas questões.
Tabela 2 - Diferença entre as respostas da empresa e dos seus fornecedores separadas nos quartis
|
Questões válidas |
Quartis |
|||
|
Q1 (25%) |
Q2 (50%) |
Q3 (75%) |
Q3-Q1 |
|
Benefícios da relação |
|||||
Empresa A e fornecedores |
15 |
1,4807 |
3,3843 |
5,4240 |
3,9433 |
Empresa B e fornecedores |
15 |
1,2693 |
1,9436 |
2,3000 |
1,0307 |
Empresa C e fornecedores |
15 |
2,3243 |
2,9707 |
4,6875 |
2,3632 |
Fatores de sucesso da relação |
|||||
Empresa A e fornecedores |
33 |
0,9133 |
1,7865 |
3,3739 |
2,4606 |
Empresa B e fornecedores |
36 |
0,8066 |
2,7264 |
5,9337 |
5,1271 |
Empresa C e fornecedores |
34 |
0,9228 |
1,7923 |
4,6875 |
3,7647 |
A amplitude da diferença inter-quartílica entre as respostas da empresa e de seus fornecedores indicam, de uma forma mais geral, uma tendência de maior concordância ou discordância em relação à importância em relação aos benefícios e os fatores de sucesso da relação cooperativa. Neste sentido, Empresa B (médio porte) é a que apresenta uma maior tendência de concordância em relação à importância dos benefícios da relação cooperativa com o fornecedor durante o PDP (Figura 08), justamente a empresa na qual foi possível levantar mais indícios de uma relação cooperativa com seus fornecedores. Entretanto, em relação aos fatores de sucesso, esta medida indica que a Empresa B (médio porte) é a que mais tende a discordar de seus fornecedores, que aponta para uma maior diversidade na forma em se atingir o sucesso na relação, como pode ser observado no gráfico de dispersão apresentado na Figura 9.
Figura 8 - Diferença entre a resposta da Empresa B e a média geométrica da resposta dos fornecedores relacionada aos benefícios
Figura 9 - Diferença entre a resposta da Empresa B e a média geométrica da resposta dos fornecedores relacionada aos fatores de sucesso
Nos benefícios da relação, as questões em que se verifica a tendência à discordância entre empresa e fornecedor (Q3) contribuem como forma de diagnóstico do pensamento da empresa e de seus fornecedores. Para as questões que apresentam uma maior tendência à concordância (Q1) e que possuam qualificação maior que o score médio (7,5), recomenda-se que sejam utilizadas como potenciais benefícios para a empresa e seus fornecedores no estabelecimento da relação cooperativa durante o PDP. As tendências ao consenso e a discordância entre empresa e seus fornecedores para as questões relativas aos benefícios da relação são apresentadas na Tabela 3.
Tabela 3 – Diferença entre a opinião da empresa e seus fornecedores em relação aos benefícios da cooperação
Na Empresa A (pequeno porte), os fornecedores desenvolvem, quase que independentemente, todos os componentes/insumos para os produtos da empresa, sendo que o seu trabalho consiste mais em adaptar os produtos às tendências da moda. Este comportamento da empresa contribui para compreender a tendência à discordância em relação à diminuição da carga de trabalho no PDP (14) e na possibilidade de investimentos conjuntos em P&D (11). Entre as questões que tendem ao consenso, o desenvolvimento de patentes (1) e a redução do risco no PDP (13) são pontos que devem ser abordados como possibilidades de ganho na relação cooperativa. Entretanto, a possibilidade de flexibilidade no PDP (15), apesar de existir uma tendência à concordância entre empresa e fornecedores, sua qualificação não atingiu o score mínimo de 7,5 para ser incluída como um objetivo de consenso para a relação.
A Empresa B (médio porte) é, entre as estudadas, a que mais está aberta à inovação e ao desenvolvimento de tecnologias para os seus produtos, entretanto verifica-se que existe uma tendência a discordância com seus fornecedores em relação aos investimentos conjuntos em P&D (11), mesmo que seja uma oportunidade para o desenvolvimento de novos materiais e técnicas (Helper, 1991); (Perona, Saccani 2004). Entre as questões em que existe a tendência ao consenso entre empresa e fornecedor e podem ser consideradas como objetivos comuns estão a redução dos custos do processo (4) e do tempo de desenvolvimento (10)e fonte de inovação (9).
A Empresa C (grande porte), assim como a de pequeno porte, também está mais direcionada ao acompanhamento das tendências de moda, no entanto possui uma estrutura muito mais desenvolvida, capaz de realizar testes e o desenvolvimento de alguns componentes e insumos. Esta maior independência contribui para a compreensão da tendência à discordância com seus fornecedores relacionada às questões de redução dos custos do processo (4), do produto (5) e do risco no PDP (13). Entre as questões que devem ser abordadas como possibilidade de ganhos com a relação cooperativa com o fornecedor durante o PDP estão o desenvolvimento de uma melhor manufatura para os produtos (3), o acesso a conhecimentos (8), a redução do tempo de desenvolvimento (10) e a possibilidade de maior flexibilidade no PDP (15).
Em relação aos fatores de sucesso da relação, as questões em que existe maior discordância entre empresa e fornecedor também podem ser utilizadas como forma de diagnóstico da relação com os seus fornecedores, enquanto as que indicam uma maior tendência ao consenso, visto que todas possuem score médio superior a 7,5, podem ser utilizadas como oportunidades de melhoria da relação da empresa com seus fornecedores durante a cooperação no PDP. As tendências tanto à concordância quanto à discordância relacionadas aos fatores de sucesso são apresentadas na Tabela 4.
Tabela 4 – Diferença entre empresa e seus fornecedores em relação aos fatores de sucesso da cooperação
Na Empresa A (pequeno porte), a tendência ao consenso abriga, principalmente, questões relacionadas à comunicação (39, 40, 46, 47) e de forma indireta, o relacionamento duradouro com o fornecedor (37), que segundo Ward et al. (1995) contribui positivamente para a comunicação entre empresa e fornecedor durante o PDP. Desta forma, a Empresa A (pequeno porte) deve priorizar as melhorias relacionadas à comunicação com seus fornecedores a fim de melhorar o desempenho da sua relação com eles durante o PDP. Como a empresa não dispõe de mecanismos mais aprimorados para a troca de informações com os seus fornecedores, sendo que esta comunicação consiste, principalmente, nas visitas de representantes comerciais e nas solicitações de compra de insumos, a implantação de projetos direcionados ao estabelecimento de procedimentos durante os contatos entre as empresas, a periodicidade destes contatos, a sua qualidade além de uma maior fidelização dos fornecedores são potenciais possibilidades de melhoria para a relação que a empresa possui com seus fornecedores durante o PDP.
Na Empresa B (médio porte), existe uma maior variedade entre os fatores de sucesso que tendem ao consenso entre empresa e fornecedor. De forma geral, verifica-se uma maior predominância de questões relacionadas ao PDP (19,22,44,45). Apesar de a empresa já utilizar um sistema de qualificação de fornecedores, este sistema ainda não abriga questões relacionadas ao PDP, a inclusão destas questões poderia contribuir para melhorias na identificação do momento em que o fornecedor deve ser participar do processo e na identificação das tecnologias que o fornecedor dispõe para agregar valor ao produto. As questões relacionadas à comunicação também existe a tendência a existir concordância entre a empresa e seus fornecedores (40,47). Neste caso, a promoção do acesso dos fornecedores ao sistema existente de gestão da informação no PDP, além de projetos que possibilitem uma maior integração com seus parceiros, como treinamentos conjuntos para a equipe de desenvolvimento da empresa e dos fornecedores. As outras questões em que se verifica a tendência ao consenso estão direcionadas à redução do risco na relação (29,30), neste sentido o estabelecimento de contratos mais completos e a exposição do planejamento das atividades e dos objetivos da cooperação para o fornecedor contribuem para uma maior compreensão da relação e uma redução gradual do risco. O relacionamento mais duradouro com os fornecedores também se apresenta como uma alternativa para aumentar a confiança do fornecedor no prosseguimento da parceria (Helper, 1996).
Na Empresa C (grande porte), verifica-se uma tendência ao consenso com os fatores de sucesso relacionados ao PDP (17,21,22,48,50). Como o desenvolvimento de produto da empresa é um processo bastante restrito, inclusive para os próprios funcionários, e ainda mais para os fornecedores, a abertura deste processo para os fornecedores chave poderia oferecer a possibilidade de torna-lo mais participativo. O estabelecimento de um sistema de hierarquização e seleção dos fornecedores que inclua na avaliação a sua capacidade de cooperar durante o PDP contribuiria para a empresa considerar a tecnologia do fornecedor, assim como a utilização de mecanismos compatíveis, tais como CAD/CAE, além de reduzir a possibilidade de fracasso da relação. Os outros fatores de sucesso da relação em que existe a tendência à concordância estão direcionados à integração entre as empresas (26,31,35). Neste sentido, a capacidade da empresa em realizar grande parte das atividades internamente, reduz a possibilidade de participação dos fornecedores no processo. Entretanto, projetos que intensifiquem as relações entre as empresas, como a troca de informações técnicas, a própria prática de engenheiros visitantes, assim como a intensificação da relação com os fornecedores locais contribuiriam para o melhor desempenho da cooperação durante o PDP.
Para esta análise foram incluídas as respostas de todos respondentes do questionário fechado (N=13). Como o questionário é composto por 15 questões relacionadas aos benefícios e outras 36 relacionadas aos fatores de sucesso, excluindo-se as respostas inválidas, obteve-se para os benefícios da relação n=195 e para os fatores de sucesso n=447. O resultado da ANOVA indicou que existem diferenças significativas entre a influência dos subsistemas na relação, tanto nos benefícios quanto nos fatores de sucesso.
Em relação aos benefícios da relação cooperativa com o fornecedor, o teste de comparações múltiplas (LSD) verifica-se que as questões abrigadas no subsistema pessoal e tecnológico tendem a ser mais valorizadas pelas empresas e seus fornecedores (Tabela 5).
Tabela 5 - Teste de comparações múltiplas (LSD) para os benefícios da relação
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Diferenças entre as médias |
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Média |
PTR (projeto do trabalho) |
PES(pessoal) |
TEC(tecnológico) |
AEX(ambiente externo) |
PTR (projeto do trabalho) |
8,7038 |
─ |
-2,9576** |
-2,2976* |
-1,1246 |
PES (pessoal) |
11,6615 |
2,9557** |
─ |
0,6600 |
1,8333* |
TEC (tecnológico) |
11,0015 |
2,2976* |
-0,6600 |
─ |
1,1733* |
AEX (ambiente externo) |
9,8282 |
1,1246 |
-1,8333* |
-1,1733* |
─ |
total |
10,6805 |
|
|
|
|
* significante a 5%
**significante a 1%
Em relação aos fatores de sucesso da relação, identifica-se uma tendência de que as questões abrigadas no subsistema projeto do trabalho e tecnológico possuam uma maior influência sobre o resultado da relação cooperativa com o fornecedor durante o PDP (Tabela 06).
Tabela 6 - Teste de comparações múltiplas (LSD) para os fatores de sucesso da relação
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Diferenças entre as médias |
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|
Média |
PTR (projeto do trabalho) |
PES(pessoal) |
TEC(tecnológico) |
AEX(ambiente externo) |
PTR (projeto do trabalho) |
10,8700 |
─ |
2,2431** |
-0,2981 |
1,2502* |
PES (pessoal) |
8,6269 |
-2,2431** |
─ |
-2,5419** |
-0,9928 |
TEC (tecnológico) |
11,1689 |
0,2981 |
2,5419** |
─ |
1,5490* |
AEX (ambiente externo) |
9,6198 |
-1,2502* |
0,9928 |
-1,5490* |
─ |
total |
10,2349 |
|
|
|
|
* significante a 5%
**significante a 1%
Neste sentido, sugere-se que nos casos estudados, as empresas empenhem maior dedicação às questões abrigadas nestes subsistemas para atingirem seus objetivos durante a relação cooperativa com os seus fornecedores. O subsistema tecnológico é utilizado nesta pesquisa para abrigar as questões relacionadas à tecnologia e a utilização de ferramentas na relação com o fornecedor durante o PDP. O subsistema projeto do trabalho abriga as questões direcionadas aos procedimentos adotados durante a execução das atividades, ou seja, a estrutura do trabalho. Esta tendência de valorização das questões abrigadas nos subsistema tecnológico e projeto do trabalho não devem servir como forma de redução da importância dos outros subsistemas, visto que o resultado é atingido a partir da interação existente entre os quatro subsistemas, entretanto podem indicar uma priorização das questões abrigadas nestes subsistemas.
O método analítico utilizado se mostrou eficaz para as empresas identificarem as possibilidades de melhoria na relação que estabelecem com seus fornecedores durante o PDP, assim como para o estabelecimento de metas comuns durante o processo. Os benefícios em que as empresas tendem a concordar são apresentados como possibilidades de sinergia que devem ser utilizadas durante o PDP cooperativo, enquanto que os fatores de sucesso de consenso tendem a indicar as questões que possuem maior impacto no resultado da relação cooperativa durante o desenvolvimento de produto.
Verificou-se uma maior valorização das questões relacionadas à comunicação e ao PDP por parte das empresas e dos fornecedores estudados, indicando que estes pontos devem ser mais trabalhados para um melhor desempenho do PDP cooperativo das empresas analisadas. Também foi possível constatar uma maior valorização das questões abrigadas no subsistema projeto de trabalho e tecnológico, mais direcionadas aos procedimentos contidos no processo de desenvolvimento e nas ferramentas utilizadas durante o processo, respectivamente.
A aplicação do questionário e a análise dos dados obtidos permitiram às empresas estudadas um diagnóstico da relação que possuem com os seus fornecedores durante o processo de desenvolvimento de produto. Este método analítico também proporciona às empresas uma forma de monitoramento dos principais fatores que influenciam o PDP cooperativo com seus fornecedores, além de permitir a possibilidade do desenvolvimento de projetos que permitam melhorar o desempenho da relação existente com os seus fornecedores durante o PDP.
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2. PPGEP/UFRGS, Brasil Email: echeveste@producao.ufrgs.br
3. EPS/UFSC, Brasil Email: gluztortorella@gmail.com
4. PPGEP/UFRGS, Brasil Email: gamarodin@gmail.com