Espacios. Vol. 36 (Nº 09) Año 2015. Pág. 15
Liz ONOFRI Cangussu 1; Ariel Orlei MICHALOSKI 2
Recibido: 16/12/2014 • Aprobado: 30/03/2015
2. Segurança na atividade leiteira
RESUMO: |
ABSTRACT: |
A pecuária leiteira é um setor em ampla ascensão no Brasil. O setor abrange produtores dos mais diversos níveis tecnológicos; envolvendo desde quem não utiliza nenhuma tecnologia (ordenhando manualmente os animais e com volume apenas para consumo próprio), até os grandes produtores, que empregam maquinário sofisticadíssimo.
O uso de métodos que garantem a Saúde e Segurança do Trabalho na Atividade Rural é pouco difundido no Brasil. Apesar da atividade rural ser antiga, presente no país desde os tempos de colônia, sua regulamentação é recente. A Norma Regulamentadora nº 31 (Saúde e Segurança no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura) que normatiza a atividade rural foi publicada apenas em 2005, pela portaria nº 86 do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego).
O trabalho desenvolvido nas propriedades rurais apresenta diversos riscos para a saúde dos trabalhadores, seja pela exposição a perigos iminentes como as intempéries, animais peçonhentos, agrotóxicos, máquinas e implementos agrícolas ou pelo excessivo desgaste físico para a realização das atividades.
Os trabalhadores rurais são expostos a riscos físicos, químicos, ambientais, biológicos, ergonômicos e acidentes. Esses indivíduos são dependentes de ações protetivas, a partir de programas para a saúde, segurança e qualidade de vida no trabalho.
Mostra-se relevante considerar que os empregadores que estão interessados na saúde e segurança dos trabalhadores é que permanecem no mercado, isto por que:
[...] aquelas que comprometem a segurança do trabalhador ou, em outras palavras, as falhas, defeitos, irregularidades técnicas, carência de dispositivos de segurança, etc., que põem em risco a integridade física e/ou a saúde de pessoas, e a própria segurança das instalações e dos equipamentos (VIANNA; SANTOS, 1976, p. 36-37).
Ao ordenhar as vacas, que são mantidas em celeiros, os trabalhadores ficam em posturas e movimentos de funcionamento que envolve andar, sentar-se, levantar-se, ajoelhar-se, inclinar-se, dobrar-se, torcer-se e esticar-se (REINEMANN, 2005).
Já as condições de trabalho em países de clima frio, a situação é diferente. Lundqvist et al. (2003), apontam que somente cinco por cento das dezessete mil fazendas de produção leiteira na Suécia têm algum tipo de sistema auxiliar na sala de ordenha, o que reduz o estresse ergonômico. Faz-se necessária pesquisa adicional para planejar instalações mais seguras.
Os riscos físicos são formas de energia com potencial de causar danos à saúde do trabalhador. As máquinas e equipamentos geram ruídos e vibrações que causam danos, dependendo do tempo de exposição, intensidade sonora e sensibilidade individual. Características do local de trabalho também podem causar prejuízos à saúde do trabalhador, pela umidade e radiações não ionizantes (proveniente da exposição à luz solar).
Na atividade leiteira, o trabalhador, dentro de sua rotina, está exposto aos diversos riscos físicos. O trator, utilizado para produção e fornecimento de alimentos aos animais, gera ruído e vibração que, dependendo dos níveis avaliados e sem dispositivos de proteção coletiva ou individual e nem tampouco medidas administrativas, pode causar danos ao trabalhador. Na sala de ordenha, o risco físico é oriundo da ordenhadeira. Ela gera ruídos, que devem ser mensurados, a fim de se designar a medida protetiva adequada. Outros riscos físicos são relacionados à umidade do ambiente e à exposição solar (radiação não ionizante): o contato direto deve ser evitado, através de dispositivos de proteção individual de acordo com cada risco.
Estes riscos são representados pelas substâncias químicas que se apresentam como particulados ou aerodispersoides (em forma de poeiras, gases, fumos, vapores, névoas e neblinas). Quando absorvidas pelo organismo, podem produzir reações tóxicas e danos à saúde.
Há quatro vias de penetração no organismo:
a) Vias aéreas: inalação nasal e pulmonar;
b) Via dérmica: absorção pela pele;
c) Via oral: ingestão;
d) Via ocular: contato com os olhos.
O principal contato com produtos químicos ocorre durante a limpeza da máquina de ordenha (ordenhadeira). O trabalhador manuseia detergente alcalino clorado e detergente ácido, dosando-os durante o processo de limpeza CIP (Clean In Place).
O detergente alcalino clorado da Empresa D (principal fabricante de produtos químicos para uso em ordenhadeiras) é composto por hidróxido de sódio (NaOH) e hipoclorito de sódio (NaClO). Segundo a FISPQ do produto, a sua classificação de perigo está relacionada com:
a) Toxicidade aguda – Dérmica – Categoria 5
b) Corrosão/irritação à pele – Categoria 1C
c) Lesões oculares graves/irritação ocular – Categoria 1
d) Toxicidade para órgãos-alvo específicos-Exposição única – Categoria 3
e) Perigoso ao ambiente aquático – Agudo – Categoria 1
Sendo assim, o manuseio incorreto do detergente alcalino clorado pode provocar queimadura severa à pele e danos aos olhos como vermelhidão; lesões oculares graves como ulceração da córnea, lacrimejamento e dor; e, irritação das vias respiratórias podendo ocasionar tosse e espirros.
O detergente ácido, da mesma Empresa D, é composto por ácido fosfórico (H3PO4) e ácido sulfúrico (H2SO4). De acordo com sua FISPQ, a classificação de perigo é:
a) Corrosão/irritação à pele – Categoria 1
b) Lesões oculares graves/irritação ocular – Categoria 1
c) Perigoso ao ambiente aquático – Agudo – Categoria 3
Desta forma, o detergente ácido, caso não seja manuseado corretamente, pode provocar queimadura severa à pele e dano aos olhos com queimadura, vermelhidão e dor; e, lesões oculares graves com queimaduras, lacrimejamento e dor.
Parasitas, bactérias, fungos, vírus e outros microorganismos são considerados riscos biológicos. Sendo capazes de desencadear doenças no trabalhador pelo contato, devido à contaminação e pela própria natureza do trabalho.
Segundo a Norma Regulamentadora nº 15 (Atividades e Operações Insalubres), no Anexo nº14 (Riscos Biológicos), PT 3.214 de 1978 do Ministério do Trabalho e Emprego, a atividade é considerada insalubre em grau máximo no contato com pelos e dejeções de animais portadores de doenças infectocontagiosas (Brucelose e Tuberculose); e, insalubre em grau médio pelo trabalho e operações em contato permanente com animais em estábulos.
No manejo dos bovinos leiteiros, o trabalhador pode estar exposto aos possíveis animais contaminados por doenças animais, que também afetam o homem: as zoonoses.
Segundo Acha & Szyfres (2001), zoonoses são enfermidades transmissíveis, comuns aos homens e aos animais e se apresentam em dois grupos, onde no primeiro grupo, os animais desempenham um papel essencial na presença da infecção na natureza, ficando o homem como um hospedeiro acidental. No segundo grupo, tanto os animais como o homem contraem a infecção a partir das mesmas fontes de contaminação, tais como solo, água, animais invertebrados e plantas. No entanto, animais não desempenham um papel essencial no ciclo de vida do agente etiológico, mas podem contribuir em graus variados para a distribuição e transmissão real de infecções. O agente patogênico pode ser uma bactéria, um vírus, um fungo ou outro agente de doença transmissível.
Algumas zoonoses apresentam-se como doenças ocupacionais, despertando nos profissionais grande preocupação, por estarem, por diversas vezes, expostos ao risco de contrair várias doenças.
Para Dias (2012), os profissionais mais suscetíveis a esses riscos são os médicos veterinários, proprietários e tratadores de animais, magarefes e funcionários de abatedouros e frigoríficos, que constantemente se expõem ao contato direto ou indireto com animais e/ou suas secreções, sendo os abatedouros, os pontos mais críticos, onde essa exposição é mais constante ainda.
3.3.1.1. Brucelose
2.3.1.1.1. Definição
A brucelose é uma zoonose que acomete primariamente várias espécies de animais domésticos e silvestres, podendo infectar o homem. De todas as espécies de bactérias do gênero Brucella, quatro podem transmir-se dos animais ao homem, sendo raríssima a transmissão entre pessoas (POESTER, 2009).
A brucelose é uma doença de rebanho e dissemina-se primariamente pela ingestão de materiais contaminados. Infecções venéreas podem ocorrer, mas são mais comuns com a B.suis. Infecções congênitas (in útero) ou perinatais podem ocorrer, originando infecções latentes. A disseminação da doença entre rebanhos ocorre usualmente pela introdução de animais assintomáticos cronicamente infectados (POESTER, 2009).
2.3.1.1.2. Transmissão
Poester (2009) informa que as brucelas são transmitidas entre os animais por contato com placentas, fetos, fluidos fetais e descargas vaginais de animais infectados. Animais podem transmitir a bactéria seja através do aborto ou do parto a termo. Após o primeiro aborto, as fêmeas são assintomáticas.
Apesar disso, tornam-se portadoras crônicas e continuam a eliminar Brucella no leite e descargas uterinas durante os partos subsequentes, quando poderão abortar ou não. A partir da terceira gestação após a infecção, o aborto já não ocorre, devido a uma resposta imune celular e também porque o número de placentomas necrosados diminui consideravelmente, permitindo o nascimento a termo (POESTER, 2009).
O autor afirma que a entrada da bactéria no organismo ocorre principalmente por ingestão, através das mucosas ou da pele. A maioria das espécies de Brucella é encontrada no sêmen, já que os machos podem eliminá-la por esta via por longos períodos.
Seres humanos: Por contato direto com materiais contaminados (fetos abortados, restos placentários) ou indiretamente por ingestão de produtos contaminados (lácteos não pasteurizados).
Animais: Contato com a bactéria em restos placentários (via oral, conjuntival, pele), inseminação artificial ou monta natural.
2.3.1.1.3. Patologia no homem
A infecção em humanos é caracterizada por um período de incubação variável (de poucos dias a meses), ao que se seguem os sinais clínicos de febre irregular ou intermitente por períodos variáveis, acompanhados de dores de cabeça, suores profusos, depressão e perda de peso. Em pessoas não tratadas, o curso da doença pode ter uma duração variável com tendência à cronicidade. Em função dos sintomas difusos da brucelose tanto em humanos como em animais, a suspeita clínica deve ser confirmada por testes sorológicos e de preferência confirmados pelo isolamento e identificação do agente (POESTER, 2009).
Sintomas: Febre aguda ou insidiosa, suores noturnos, fadiga, anorexia, perda de peso, dor de cabeça e artralgia.
2.3.1.1.4. Controle
Para Poester (2009), A eliminação da doença no homem depende fundamentalmente da eliminação da enfermidade nos animais. A fonte mais importante de contaminação para humanos é o contato com animais infectados ou os seus produtos. Logo, a prevenção deve ser baseada na eliminação destas fontes. Torna-se, portanto, fundamental a adoção de medidas que reduzam o risco de infecção pelas diferentes atividades profissionais (proteção individual ao manipular fetos ou produtos de abortos) associadas à higiene alimentar (pasteurização de produtos lácteos).
A brucelose é usualmente introduzida num rebanho por meio de animais infectados. Portanto, animais só devem ser adquiridos de outros rebanhos ou áreas livres. Animais de outras fontes devem ser isolados e testados antes de serem adicionados ao plantel (POESTER, 2009).
2.3.1.2. Tuberculose
2.3.1.2.1. Definição
De acordo com Almeida (2009), a Tuberculose causada pelo Mycobacterium bovis é uma zoonose de evolução crônica que acomete principalmente bovinos e bubalinos. Caracterizam-se pelo desenvolvimento progressivo de lesões nodulares denominadas tubérculos, que podem se localizar em qualquer órgão ou tecido. As bactérias causadoras da tuberculose pertencem à família Mycobacteraceae, gênero Mycobacterium. O Mycobacterium bovis tem grande patogenicidade para os bovinos e bubalinos, O M. avium é causador de tuberculose em várias espécies animais, mas não é patogênico para bovinos e bubalinos; entretanto, provoca reações inespecíficas à tuberculinização, dificultando o diagnóstico da Tuberculose nestas espécies.
2.3.1.2.2. Transmissão
A mais significativa fonte de infecção para os rebanhos é o bovino ou o bubalino infectado. A principal forma de introdução da Tuberculose em um rebanho é a aquisição de animais infectados (ALMEIDA, 2009).
Almeida (2009) ainda afirma que outras espécies de animais podem assumir papel importante como reservatório do M.bovis, em condições de introduzir ou reintroduzir a doença em rebanhos bovinos.
É raro que vacas com Tuberculose Genital transmitam a doença ao feto pela via transplacentária. Pode ocorrer transmissão sexual nos casos de epididimite e metrite tuberculosa. Poderá ocorrer infecção cutânea por contato com objetos contaminados. Esses três últimos mecanismos de transmissão são pouco frequentes (ALMEIDA, 2009).
Almeida (2009) observa que a doença é mais frequente em rebanhos leiteiros do que em rebanhos de corte. Contudo, quando bovinos de corte e bubalinos são mantidos em confinamento ou submetidos a condições naturais de aglomeração – em torno de bebedouros durante a seca ou nas partes mais altas das pastagens durante as enchentes – ficam submetidos às mesmas condições de risco. O bovino, o homem e as aves em geral, contribuíram para a perpetuação da tuberculose através dos séculos.
Seres humanos: por contato direto com materiais contaminados (tratadores de animais e trabalhadores de frigoríficos) ou indiretamente, por ingestão de alimentos. Todos os mamíferos são suscetíveis.
Animais: principalmente pela via respiratória, por meio da inalação de aerossóis contaminados com o microrganismo, água, pastagem e alimentos contaminados.
2.3.1.2.3. Patologia no homem
Os sintomas nos seres humanos são tosse, febre e escarro; em fase adiantada, a doença pode apresentar sangue, dificuldade respiratória e emagrecimento progressivo (ALMEIDA, 2009).
3.3.1.2.4. Controle
De acordo com Almeida (2009), o controle da Tuberculose se fundamenta no bloqueio de pontos críticos da cadeia de transmissão da doença.
Mostra-se imprescindível conhecer a situação sanitária do rebanho. A identificação da origem da infecção é feita por meio da implantação de uma rotina de testes tuberculínicos; caso haja diagnótico positivo, é obrigatório o abate dos animais diagnoticados. O exame clínico pode ser útil nos casos de anergia. Assim, no momento da compra de animais, eles devem ser testados na origem e testá-los de novo, logo após a entrada no quarentenário da unidade de criação, respeitando-se o intervalo mínimo de 60 dias entre os testes.
É importante que a saúde dos trabalhadores da propriedade seja rotineiramente monitorada. Ações sobre possíveis reservatórios domésticos, sinantrópicos ou silvestres devem ser consideradas (ALMEIDA, 2009).
Almeida (2009) considera que as instalações adequadas, que permitem boa ventilação e exposição direta à luz solar, contribuem para prevenir a contaminação do ambiente. É recomendada a higienização e desinfecção periódica de todas as instalações, especialmente os bebedouros e os cochos.
Não pode se utilizar leite de vacas reagentes positivas para qualquer finalidade. São medidas importantes: o monitoramento dos rebanhos pela detecção de lesões tuberculosas, realizada pelo serviço de inspeção de carcaças quando do abate dos animais, e o controle de trânsito e de participação em exposições, feiras e leilões de animais (ALMEIDA, 2009).
São considerados riscos ergonômicos aqueles que podem interferir na integridade física e/ou psicológica do trabalhador. Através de esforços físicos, postura inadequada, jornada de trabalho prolongada e/ou intensa e repetitividade na execução de suas atividades.
Durante a jornada de trabalho, o trabalhor executa suas atividades, na maior parte do período, na postura de pé, com transporte manual de cargas (para fornecimento de alimentos, carga e descarga de insumos, etc), postura inadequada para acessar os tetos (durante o processo de ordenha dos animais) com agachamento, jornada de trabalho prolongada (devido à necessidade de intervalo entre as ordenhas diárias de aproximadamente 12 horas, de forma habitual) e ambientes mal iluminados.
As atividades anteriores podem contribuir para o surgimento de cansaço físico, dores musculares e problemas na coluna vertebral.
Os fatores que comprometem a integridade física e colocam em perigo o trabalhador são denominados riscos de acidentes. São provenientes de máquinas e equipamentos sem proteção, ferramentas manuais inadequadas, descargas/choques elétricos, animais peçonhentos e acidentes oriundos de revide dos animais ao desrespeito do comportamento natural do bovino.
Os acidentes provocam lesões como: cortes, lacerações, fraturas, traumas, queimaduras, contusões, escoriações, amputações de membros superiores e inferiores, dentre outros danos ao corpo, podendo levar a óbito.
Com o proposito de minimizar os acidentes, o trabalhador deve agir com muita prudência e cautela durante a realização de suas atividades. Para garantir a integridade do trabalhador, o empregador deve fornecer treinamentos, capacitação, periodicidade das manutenções preventivas e corretivas de máquinas e equipamentos, organização do layout do ambiente, eliminação de improvisações elétricas e descarte de materiais e ferramentas inutilizados e ociosos.
As pressões pela busca de produtividade e lucros a todo custo deixam as questões de segurança como um mero coadjuvante dos meios produtivos. A mão-de-obra neste segmento é primordial, visto que, a maior parte das atividades depende do fator humano.
A garantia da Saúde e Segurança do trabalhador rural na atividade leiteira não é prioridade em seu processo de produção. Porém, é de suma importância a prevenção dos riscos ambientais apresentados anteriormente.
Os acidentes de trabalho inerentes à atividade, não devem ser tratados como extraordinariedade. Deve haver um sistema de gestão de melhoria continua na qualidade do ambiente do trabalho e seus recursos, a fim de garantir a integridade e qualidade de vida do trabalhador.
Para prevenção dos riscos físicos é indispensável o uso de protetores auditivos (indicado após mensuração prévia do nível de ruído exposto), botas e luvas de PVC impermeável e protetor solar. Além disso, é necessária a adoção de medidas administrativas (redução do tempo de exposição) ao agente vibração.
Para atendimento à uma emergência com exposição aguda aos agentes químicos, é indicado no local, a instalação de chuveiros de emergência e de dispositivos lava olhos. Quando houver manipulação de produtos químicos, para dosagem da limpeza em CIP, é imprescindível que o trabalhador utilize vestimenta impermeável (do tipo avental), luvas nitrílicas ¾, óculos de ampla visão transparente e respirador semi facial de acordo com os produtos utilizados. É indicado, além do uso dos dispositivos de proteção, a higienização pessoal após a manipulação de produtos químicos.
Com o propósito de minimizar e/ou eliminar a exposição ao risco biológico faz-se necessário respeitar as vacinações obrigatórias no rebanho, principalmente de brucelose e tuberculose. Além disso, é indispensável a realização de exames probatórios de não incidência das patologias mencionadas. Para prevenção de inserção destas doenças no plantel por meio de animais comprados, faz-se obrigatória a quarentena destes e exames negativos para a enfermidade.
Independente desta medida preventiva, o trabalhador deve fazer uso contínuo de botas e luvas de PVC impermeáveis; assegurando sua saúde ao manejar os animais no estábulo, seu ambiente de trabalho.
Como medida preventiva aos riscos ergonômicos, devem ser promovidas atividades de conscientização por meio de treinamentos e avaliações ergonômicas por profissional habilitado. Ademais, é fundamental a manutenção nos níveis de iluminância no ambiente de trabalho e respeitar a jornada de trabalho estabelecida pela legislação vigente.
Um dos principais riscos ambientais é o de acidentes. Para promoção da segurança do trabalhador, é essencial que o empregador adote medidas de proteção coletiva nos locais onde o risco é iminente. Protegendo polias, correrias, engrenagens e diferenças de níveis; realizando manutenções periódicas de máquinas, equipamentos e implementos agrícolas; mantendo as instalações elétricas de forma íntegra e segura. Como medida de proteção individual, devem ser fornecidos equipamentos básicos como botinas com biqueiras e luvas de raspa de couro em função da utilização de ferramentas manuais e atividades de campo.
Vale salientar que todos os Equipamentos de Proteção Individuais (EPI) devem seguir os critérios estabelecidos pela Norma Regulamentadora nº 6 (Equipamento de Proteção Individual) do MTE. Deve ser verificado se os equipamentos fornecidos possuem o CA (Certificado de Aprovação), expedido pelo MTE. A integridade do EPI deve ser verificada antes e após o fornecimento, para reposição imediata pelo empregador. Bem como, treinamentos e orientação ao trabalhador para solicitar a reposição em caso de ocorrência de danos, saturação ou validade.
Apesar de todos os métodos de segurança serem garantidos pela legislação vigente, o mais importante para a aplicação e manutenção das medidas preventivas, quanto à exposição aos riscos, é a conscientização dos gestores e proprietários. Tornando o ambiente de trabalho e as atividades laborais consistentes e agradáveis.
ACHA, P. N.; SZYFRES B. (2001); Zoonosis y Enfermedades Transmisibles Comunes al Hombre y a los Animales. E Edita: Organización Panamericana de la Salud Vol.1.
ALMEIDA, A. Z. (2009); Tuberculose. Instituto de Pesquisas Veterinárias Desiderio Finamor Da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul.
BRASIL (1978); Norma regulamentadora 6 – Equipamento de Proteção Individual. Ministério do Trabalho e Emprego, Portaria n° 3.214 de 8 de Junho de 1978.
BRASIL (1978); Norma regulamentadora 15 – Atividades e Operações Insalubres. Ministério do Trabalho e Emprego, Portaria n° 3.214 de 8 de Junho de 1978.
BRASIL (2005); Norma regulamentadora 31 – Saúde e Segurança no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura. Ministério do Trabalho e Emprego, Portaria n° 86 de 3 de Março de 2005.
DIAS, I. C. L. (2012); Prevenção de Zoonoses Ocupacionais em Abatedouros de Bovinos. Revista Vivências. Vol. 8, n. 15, p. 89-98.
LUNDQVIST, P.; STAL, M.; PINZKE, S. (2003); Working Conditions & Ergonomics when milking cows. In: Conference Fort Worth, Texas, USA, ASAE, Publication, p.1-5.
POESTER, F. P. (2009); Brucelose.Comitê Científico Consultivo do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose (MAPA).
REINEMANN, D. J. (2005); A Review of studies on the ergonomics of milking. Universitiy of Wisconsin Milking and research and Instruction Lab Wisconsin.
VIANNA, J. S.; SANTOS, N. T. (1976) Manual de prevenção de acidentes. Rio de Janeiro, Freitas Bastos.
1. (UTFPR) lizonofri@hotmail.com
2. (UTFPR) ariel@utfpr.edu.br