Espacios. Vol. 35 (Nº 10) Año 2014. Pág. 19


Efeito ergogênico da Erva Mate (Ilex paraguariensis ST. HIL.) em praticantes de Muay Thai

Ergogenic Effect Of Yerba Mate (Ilex paraguariensis ST. HIL.) In Muay Thai Practitioners

Kelyn Kris GONÇALVES 1, Caroline ALVARIZ 1, Simoní Marinéia BRAATZ-VALENGA 2, Damaris Beraldi Godoy LEITE 2, Angela CARDOZO 2, Lorene S. YASSIN 2, Antonio Carlos FRASSON 3

Recibido: 24/06/14 • Aprobado: 14/08/14


Contenido

RESUMO:
A Erva Mate (Ilex paraguariensis St. Hil) tem atraído pesquisadores em busca do conhecimento de suas aplicações na saúde. Além de ser considerada uma erva com potente atividade antioxidante se destaca por ter um conteúdo significativo de derivados da cafeína podendo ter ação na performance esportiva ao atuar na fadiga central. O objetivo da pesquisa foi averiguar o efeito no rendimento físico após a ingestão de extrato seco de erva mate em praticantes de muay thai. Participaram dezessete adultos praticantes de muay thai, com tempo mínimo de um ano dessa prática desportiva. Foi utilizada anamnese e avaliação antropométrica. Os praticantes foram submetidos aos teste de agilidade de Shuttle Run no tempo zero e sessenta dias e distribuídos em dois grupos: Grupo Erva Mate (recebeu 500 mg duas vezes ao dia do extrato seco de erva mate) e Grupo Placebo. Ambos foram observados durante sessenta dias de estudo. O Grupo Erva Mate apresentou maior redução do peso corporal e circunferência da cintura quando comparados ao Grupo Placebo. Foi observado o efeito possivelmente ergogênico do extrato seco de erva mate em praticantes de muay thai através dos resultados do teste de agilidade que teve tempo inferior no Grupo Erva Mate. Extrato seco de erva mate foi capaz de promover perda de peso e melhora na circunferência da cintura de praticantes de muay thai. O extrato seco de erva mate pode ser um ingrediente promissor em ergogênicos para indivíduos praticantes dessa modalidade desportiva.
Palavras-chave: Cafeína; ergogênico; Erva mate (Ilex paraguariensis St. Hil)

ABSTRACT:
Yerba Mate (Ilex paraguariensis St. Hil) has attracted researchers seeking knowledge of its applications for health . Besides being considered a herb with potent antioxidant activity stands out for having a significant content of caffeine derivatives may have action in sports performance by acting on central fatigue. The research objective was to examine the effect on physical performance after ingestion of dry extract of yerba mate in practicing muay thai. Seventeen adults participated practicing muay thai, with minimum of one year for this sport. History and anthropometric measurements was used. The practitioners were subjected to the Agility Shuttle Run test at time zero and sixty days and divided into two groups: Yerba Mate Group (which received 500 mg twice daily of the dried extract of yerba mate) and Placebo Group. Both were observed for sixty days of study. The Yerba Mate Group showed greater reduction in body weight and waist circumference compared to the placebo group. Possibly the ergogenic effect of dry extract of yerba mate in muay thai practitioners through the results of the agility test had less time in Yerba Mate Group was observed. Dry extract of yerba mate was able to promote weight loss and improvement in waist circumference of practitioners of muay thai. The dry extract of yerba mate may be a promising ingredient in ergogenic subjects for practicing this sport.
Keywords: Caffeine; ergogenic; Yerba mate (Ilex paraguariensis St. Hil )


1. Introdução

A Ilex paraguariensis Saint Hilaire (Aquifoliacea) é uma planta amplamente conhecida na América do Sul como erva mate. É uma erveira consumida tradicionalmente nas regiões sulinas do Brasil, na forma de infusão ou chimarrão, sendo muito apreciada pelo seu sabor característico que distingue das outras bebidas.

A erva mate apresenta composição química complexa, contém metilxantinas, saponinas, taninos, vitaminas, componentes minerais, substâncias aromáticas, ácidos graxos, terpenos, álcoois, cetonas, aldeídos, fenóis, entre outros. Possui em sua composição 11 glicosídeos e estão presentes também alcalóides como a cafeína, teofilina e teobromina, sendo estes os componentes mais interessantes sobre o ponto de vista farmacológico e terapêutico. São eles responsáveis pelas propriedades estimulantes do mate (Jacques, 2005).

O mate vem sendo explorado industrialmente devido sua capacidade de produção de bebidas estimulantes, destacando seu potencial no combate a oxidação lipídica celular, por ser considerado um extrato vegetal rico em antioxidantes.

Nessa amplitude, destacam-se os extratos secos e chás, os quais têm sido impreterivelmente empregados nas dietas alimentares devido ao seu alto teor de compostos fenólicos, ou seja, substâncias antioxidantes que minimizam a oxidação e envelhecimento das células, contribuindo na redução de comorbidades metabólicas associadas à gordura visceral e obesidade.

Comunidades científicas demonstram a questão do consumo do extrato de erva mate, como produto terapêutico, propiciando uma significativa redução no perfil lipídico, nas concentrações séricas de colesterol total e LDL- colesterol e pelo seu efeito hipoglicemiante, devido a sua alta capacidade antioxidante. Tais estudos postulam os diversos compostos bioativos encontrados na planta Ilex paraguariensis St. Hil., os quais auxiliam no combate ao processo de envelhecimento celular, protegendo o organismo contra diversas patologias associadas ao excesso de peso corpóreo (Ballus, 2008; Bracesco et al, 2010)

A erva-mate apresenta altos conteúdos de cafeína, porém é observada a ocorrência de grandes variações nos valores desse composto. Diversos fatores afetam o teor da cafeína como os aspectos genéticos, método e condições de cultivo, idade da planta, época de colheita, tipo de processamento e metodologia de análise.

Linhares e Lima (2006) afirmam que a cafeína é uma substância ergogênica muito utilizada por praticantes de atividades físicas, previamente à realização de exercícios físicos, com o objetivo de diminuir a fadiga muscular e, consequentemente, aprimorar o desempenho físico, sobretudo em atividades de longa duração. A cafeína tem efeito sobre sistema nervoso central, acelera a entrada de oxigênio nos pulmões, aumenta a velocidade do metabolismo e acelera o batimento cardíaco.

Recentemente, a cafeína tem sido muito utilizada de forma aguda, antes da prática de exercícios de natureza aeróbia e anaeróbia, com o objetivo de protelar a instalação do processo de fadiga e, consequentemente, aprimorar a performance atlética (Altimare et al., 2010).

Diante do conhecimento dessas informações, o principal objetivo geral da pesquisa foi averiguar o efeito no rendimento físico após a ingestão de erva mate (Ilex paraguariensis St. Hil.) em adultos fisicamente ativos.

2. Materiais e Metódos

2.1 Delineamento do Estudo

2.1.1. Método

Na presente pesquisa utilizou-se o método dedutivo, onde o raciocínio parte do geral para o específico. Contudo, do ponto de vista da natureza, a pesquisa é aplicada. Na forma de abordagem do problema, busca-se por dados quantitativos.

No entanto, em relação aos objetivos sugeridos, o estudo buscou por dados exploratórios.

2.1.2 População de estudo

Participaram da presente pesquisa, inicialmente, 20 indivíduos, de ambos os sexos, de qualquer etnia e nível socioeconômico, na faixa etária dos 18 a 50 anos de idade. No decorrer da pesquisa, houve a desistência de 04 participantes devido ao fato dos mesmos terem desistido dos treinos da academia.

2.1.3 Critérios de inclusão na amostra

Os critérios de inclusão foram:

  • Participantes com idade entre 18 e 50 anos;
  • Não tabagistas;
  • Não etilistas;
  • Disponibilidade para encontros com os pesquisadores;
  • Indivíduos que assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

2.1.4. Critérios de exclusão da amostra

Foram excluídos da amostra:

  • Indivíduos menores de 18 anos de idade;
  • Indivíduos tabagistas;
  • Indivíduos etilistas;
  • Portadores de hipertensão arterial;
  • Indivíduos intolerantes a Ilex paraguariensis;
  • Indivíduos intolerantes a cafeína e seus derivados;
  • Indivíduos com tratamento medicamentoso da obesidade;
  • Mulheres em período gestacional;
  • Indivíduos que se recusaram a assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

3. Coleta de Dados

3.1 Instrumento utilizado

Por ser considerado como um dos instrumentos comumente utilizados para coletar dados em um sistema de pesquisa, foi feito o uso de um questionário para a obtenção da coleta de dados no presente estudo.

O questionário está no formato de anamnese direcionado para atletas a qual se compõe de questões fechadas subdivididas quanto a dados pessoais, dados antropométricos e investigação dos hábitos alimentares do voluntário e dados a respeito do treinamento físico.

Avaliação do estado nutricional

A fim de avaliar o estado nutricional, bem como investigar os hábitos alimentares dos participantes da pesquisa, foi utilizada a anamnese adaptada ao atleta, considerando todos os achados clínicos que influenciam no quadro atual do indivíduo com o objetivo de estabelecer um diagnóstico nutricional conclusivo e personalizado.

Além disso, foram avaliadas as seguintes medidas antropométricas: peso corporal total, índice de massa corporal (IMC) e circunferência da cintura em centímetros.

O peso dos atletas foi verificado com uma balança digital, da marca Tanina modelo BC 554 Modelo Aironman e a circunferência de cintura foi aferida com fita métrica inelástica, três centímetros acima da cicatriz umbilical. Para a realização das medidas antropométricas os participantes usavam roupas leves, sem calçados ou outros adornos, a fim de que não houvesse interferência na avaliação.

      Para a análise dos resultados de medidas antropométricas e rendimento físico foram calculados média e desvio padrão. Os mesmos foram expressos em gráficos e tabelas.

Avaliação do rendimento físico

Com o objetivo de avaliar o rendimento físico e agilidade dos atletas, foi utilizado o Teste de Shuttle Run, com a utilização de dois blocos de madeira, um cronômetro e espaço livre de obstáculos. Para realizar o teste o atleta se posiciona com um dos pés, o pé anterior, mais próximo possível da linha de saída. O início do teste se dá com a voz de comando: "Atenção! Já!", sendo acionado ao mesmo tempo o cronômetro. O atleta inicia a prova, correndo à máxima velocidade até os blocos equidistantes da linha de saída que ficam à 9 metros e 14 centímetros, pega um deles e retorna ao ponto de onde partiu, depositando esse bloco atrás da linha de partida. Em seguida, continua correndo e vai em busca do segundo bloco, procedendo da mesma forma. O cronômetro é parado quando o atleta coloca o último bloco no solo e ultrapassa com pelo menos um dos pés a linha final. Ao pegar ou deixar o bloco, o atleta terá que transpor pelo menos um dos pés as linhas que limitam o espaço demarcado. O bloco não deve ser colocado ao solo e não jogado.

3.2 Erva mate utilizada nos suplementos

A erva mate (Ilex paraguariensis St. Hil) utilizada para a presente pesquisa foi gentilmente doada pela empresa Bitumirim – Indústria e comércio de erva mate LTDA do município de Ivaí, estado do Paraná na forma de extrato seco. O extrato foi encapsulado em cápsulas de 250 mg em uma farmácia de manipulação na cidade de Ponta Grossa-Pr.

Distribuição das cápsulas e orientações

As cápsulas foram distribuídas após a realização da avaliação antropométrica e dos testes de agilidade.

Os participantes da pesquisa foram divididos em dois grupos, o Grupo Placebo (n=8), para o qual foram distribuídas cápsulas sem princípio ativo e o Grupo Erva-Mate (n=8), que ingeriram as cápsulas de erva-mate (Ilex paraguariensis St. Hil).

Para o Grupo Placebo, foi entregue um frasco de polietileno atóxico, contendo 120 cápsulas de substância placebo com 250 mg. E para o Grupo Erva Mate também foi fornecido um frasco de polietileno atóxico, com 240 cápsulas de 250 mg do extrato seco da erva mate (Ilex paraguariensis St. Hil) acondicionadas com antiumectante (dióxido de silício).

Os participantes do Grupo Erva Mate foram orientados a ingerir regularmente a dose de 4 cápsulas de 250 mg do princípio ativo (Ilex paraguariensis St. Hil), sendo duas cápsulas 1 hora após o desjejum e duas cápsulas antes do exercício físico, totalizando 1000 mg/dia. Para os pacientes do Grupo Placebo, a orientação foi a mesma, porém com a única diferença de ingerirem 1 cápsula 1 hora após o desjejum e  1 cápsula antes do exercício físico, ao invés de duas cápsulas.

Durante os 60 dias, os participantes foram instruídos a manter uma alimentação equilibrada e receberam orientações de como montar um prato saudável. Além disso, foi fornecido um cardápio elaborado com base no Gasto Energético Total (GET) específica para cada atleta. A média do GET de todos os atletas participantes da pesquisa foi de 3.398,16 calorias.

O cardápio continha as seis refeições, subdivididas em desjejum, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia. Todos também receberam uma lista de substituições de alimentos baseada nos grupos alimentares.

3.3 Comitê de ética

Todos os participantes concordaram com o protocolo de pesquisa proposto, o qual foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais (CEP/CESCAGE) sob número de protocolo 1036/CEP.

4. Resultados e Discussão

Toda a análise e discussão dos resultados será apresentada dividida nos dois grupos participantes da pesquisa, os quais são denominados Grupo Placebo e Grupo Erva Mate.

As avaliações antropométricas e o teste de agilidade foram realizadas em duas etapas. A primeira foi no dia da entrega do suplemento e a segunda sessenta dias após os atletas ingerirem as cápsulas, em ambos os grupos.

4.1 Perfil da Amostra

Caracterização dos participantes

A pesquisa foi realizada em uma academia na cidade de Ponta Grossa/PR com atletas praticantes de Muay Thai.

O Muay Thai é uma luta originária da Tailândia, sendo que esta luta é o esporte nacional, tornando-a a maior potência desse esporte no mundo. O Muay Thai exige forte preparação física, agilidade, capacidade de realizar movimentos rápidos com mudança de direção em sentido. Ainda de acordo com os autores, os principais influenciadores na performance são a força, velocidade, flexibilidade e coordenação (Silva e Martins, 2011).

Os atletas participantes do estudo praticavam Muay Thai 3 ± 1,2 vezes em média por semana. Participaram da presente pesquisa, inicialmente, 20 indivíduos, de ambos os sexos, de qualquer etnia e nível socioeconômico, na faixa etária dos 18 a 44 anos de idade, sendo a idade média de 25 ± 7 anos. No decorrer da pesquisa, houve a desistência de 04 participantes devido ao fato dos mesmos terem desistido dos treinos da academia.

Os resultados apresentados se referem aos dados de 16 atletas, sendo dividido em dois grupos, o Grupo Placebo e Grupo Erva Mate.

No Grupo Placebo, dos oito participantes três são do sexo feminino e cinco do sexo masculino; no Grupo Erva Mate duas pessoas são do sexo feminino e seis do sexo masculino.

Variação do peso dos atletas

A média da variação de peso para os dois grupos (Placebo e Erva Mate) é apresentada no Gráfico 01.

GRÁFICO 01 – Variação do peso médio dos atletas

FONTE: Dados coletados em uma academia na cidade de Ponta Grossa/PR, 2012.

Com relação aos atletas do Grupo Controle, o peso médio inicial era de 75,2 kg, ± 16,55 kg, e após os sessenta dias o peso médio reduziu para 73,81 kg, ±15,80 kg, representando redução de 1,8% do peso corporal total. E o Grupo Experimental tinha peso médio inicial de 82,2 kg, ± 20,59 kg reduzindo para 80,4 kg, ±20,07 kg, o que representa redução de 2,22% do peso corporal total.

Como pode ser observado no Gráfico 01, a variação de peso entre os dois grupos foi similar, ocorrendo em termos percentuais uma redução um pouco maior de peso dos atletas que ingeriram a cápsula de erva mate.

Pedroso et al. (2010) conduziu um estudo com ratos, no qual o extrato aquoso da erva mate não interferiu significativamente na redução do peso corporal durante 8 semanas de intervenção. Entretanto, identificou-se um efeito redutor considerável na quantidade de gordura abdominal presentes nos animais da linhagem Wistar.

Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (2006) no artigo "Perda de Peso: Tratamentos Heterodoxos e Suplementos Nutricionais", o efeito da cafeína testada isoladamente não apresentou diferença significativa na redução de peso em relação ao placebo.

Por outro lado, Arçari (2009), em sua pesquisa com camundongos durante 8 semanas observou que a infusão de erva mate promoveu a redução de peso corpóreo, enfatizando que os animais tiveram significativas modificações sobre o peso corporal.

Circunferência de cintura

O Gráfico 2 demonstra a  variação da circunferência de cintura média dos atletas, em centímetros, no qual se constata uma sensível redução na circunferência de cintura, principalmente no grupo Erva Mate.

GRÁFICO 02 – Variação da circunferência de cintura média dos atletas (em centímetros)

FONTE: Dados coletados em uma academia na cidade de Ponta Grossa/PR, 2012.

A circunferência média de cintura do Grupo Placebo reduziu de 85,63 ± 12,37 cm para 82,88 ± 11,32 cm, correspondendo a uma redução de 3,21%. Por outro lado, os participantes do Grupo Erva Mate apresentaram uma maior redução em relação ao Grupo Placebo, a qual correspondeu a 4,90%, sendo que na avaliação inicial a circunferência média de cintura era de 88,06 ± 12,67 cm reduzindo para 83,75 ± 13,38 cm após sessenta dias ingerindo as cápsulas de erva mate.

Pedroso et al. (2010) encontrou resultados significativos na redução de gordura abdominal no estudo realizado com ratos da linhagem Wistar. Segundo esses autores, há basicamente quatro hipóteses para os resultados encontrados:

A primeira seria em relação à propriedade estimulante da erva-mate. Devido a sua composição de metilxantinas [...], há um possível aumento do gasto energético dos animais tratados, fazendo com que, assim, os ratos utilizem substratos lipídicos do tecido adiposo abdominal para gerar energia exigida pelo efeito estimulante das metilxantinas. A segunda hipótese concentra-se na capacidade lipolítica da cafeína, substância encontrada na erva-mate. A capacidade de lipólise da cafeína poderia ser uma das responsáveis pela diminuição da gordura abdominal dos animais tratados em relação ao grupo-controle. A terceira hipótese é de que os resultados foram obtidos por causa dos efeitos da saponina, que já foi relacionada anteriormente com a diminuição da absorção intestinal de lipídios, através da inibição da atividade da enzima lípase pancreática [...]. Com uma menor absorção intestinal dos lipídios ingeridos pela dieta, poderia promover uma maior mobilização de lipídios do tecido adiposo abdominal para gerar energia, por exemplo, o que diminuiria a quantidade de gordura abdominal. A quarta hipótese baseia-se nos dados encontrados por Pang et al. [...] de diminuição do volume dos adipócitos do tecido adiposo visceral. Neste trabalho, encontrou-se uma diminuição dos níveis séricos de leptina dos ratos tratados com Ilex paraguariensis. Essa diminuição do volume dos adipócitos foi considerada responsável pela alteração nos níveis de leptina.

Ainda, Pedroso et al. (2010) conclui que a diminuição significativa da quantidade de gordura abdominal estaria relacionada à presença de saponinas e metilxantinas no extrato de erva-mate.

Teste de Agilidade

Foi utilizado o Teste de Shuttle Run, teste de agilidade, aplicado com a finalidade de avaliar se houve melhora no rendimento físico e agilidade dos atletas após os sessentas dias de ingestão das cápsulas de erva mate (Ilex paraguariensis St. Hil). Os resultados obtidos são apresentados no Gráfico 03.

GRÁFICO 03 – Tempo do teste de agilidade (em segundos).

FONTE: Dados coletados em uma academia na cidade de Ponta Grossa/PR, 2012.

No Grupo Erva Mate houve a maior redução no tempo de duração do teste de agilidade, reduzindo o tempo médio de 11, 88 ± 1,41 segundos na primeira aferição para 9,39 ± 0,73 segundos após sessenta dias, correspondendo a redução de 20,95%.

Já no Grupo Placebo a redução foi menor, de apenas 12,30%, partindo de 11,69 ± 0,73 segundos para 10,25 ± 1,60 segundos após sessenta dias.

Estudos têm demonstrado que a ingestão de cafeína resulta num aumento da força muscular acompanhado de uma maior resistência à instalação do processo de fadiga muscular. Acredita-se que tal processo está relacionado a ação direta da cafeína no sistema nervoso central, acelerando a entrada de oxigênio nos pulmões, fazendo com que a velocidade do metabolismo aumente, bem como acelerando os batimentos cardíacos (Linhares e Lima, 2006). Acredita-se que a cafeína possua mecanismos de ação central e periférica, capaz de excitar ou restaurar as funções cerebrais e bulbares, além de desencadear alterações metabólicas e fisiológicas as quais melhoram o desempenho atlético (Altimare et al., 2006).

Nogueira et al (2011) conclui que o efeito da cafeína na performance dos exercícios se deve, provavelmente, à diferença na percepção do cansaço. A cafeína tem um papel ergogênico no desempenho do exercício alterando a percepção do esforço e da disponibilidade física. Os indivíduos que foram submetidos à cafeína relataram maior disposição para a prática de exercícios físicos e diminuição da sensação de esforço.

Os trabalhos encontrados apontam a cafeína como um eficiente agente ergogênico em exercícios de diferentes naturezas, tanto em exercícios aeróbios e anaeróbios, sendo utilizada com a finalidade de protelar a fadiga e, em consequência, melhorar o desempenho físico (Altimari, 2010).

5. Conclusão

Por meio dos resultados obtidos com este estudo, que teve como objetivo averiguar o efeito no rendimento físico após a ingestão de erva mate (Ilex paraguariensis St. Hil.) em adultos fisicamente ativos, foi possível concluir que após os sessenta dias utilizando cápsulas do extrato seco de erva mate, os atletas pesquisados apresentaram redução do peso corporal e cintura corporal maior quando comparados ao grupo que usou placebo. Além disso foi possível comprovar o efeito ergogênico do extrato seco de erva mate em atletas praticantes de Muay Thai.

Em relação a variação de peso entre o Grupo Erva Mate e o Grupo Placebo a variação foi similar, mas em termos percentuais observou-se maior redução de peso dos atletas que ingeriram a  cápsula de erva mate.

A avaliação da circunferência de cintura demonstrou que os indivíduos que ingeriram as cápsulas da erva mate tiveram maior redução em relação ao grupo placebo, possivelmente devido ao efeito termogênico da cafeína presente no extrato seco de erva mate.

Observou-se também que o maior benefício obtido com a ingestão da erva mate ocorreu na redução do tempo do teste de agilidade, constatando-se o eficiente efeito ergogênico da cafeína, que melhora a capacidade física protelando o processo de fadiga muscular e consequentemente melhorando o desempenho físico.

Enfim, constatou-se com este trabalho os efeitos favoráveis do consumo do extrato seco da erva mate em indivíduos fisicamente ativos (Ilex paraguariensis St. Hil).

Tais conclusões ressaltam que a fitoterapia tem uma afinidade com a área de nutrição, pois ambas se interrelacionam para promover a saúde e bem-estar das pessoas através de fontes naturais.

6. Referências

Altimari, L.R.; Cyrino, E.S.; Zucas, S.M.; Okano, A.H.; Burini, R.C. (2001); Cafeína: ergogênico nutricional no esporte; Revista Brasileira Ciência e Movimento, 57 p.

Altimari, L. R. (2010); Ingestão de cafeína como estratégia ergogênica no esporte: substância proibida ou permitida?; Niterói, Revista Brasileira de Medicina do Esporte, 314 p.

Altimari, L. R., Moraes, A. C., Tirapegui, J.,  Moreau, R. (2006); Caffeine and performance in anaerobic exercise; Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences, 17 p.

Arçari, D. P. (2009); Efeitos biológicos do consumo de chá-mate (Ilex paraguariensis) frente à obesidade em camundongos; São Paulo, Dissertação de mestrado Universidade de São Paulo, 74 f.

Ballus, C. A. (2008); Erva-mate: uma importante fonte de compostos bioativos; Porto Alegre, Informativo Conselho Regional de Química n. 106, 6 p.

Bracesco, N.; Sanchez, A.G.; Contreras, V.; Menini, T.; Gugliucci A. (2010); Recent advances on Ilex paraguariensis research: Minireview; Journal of Ethnopharmacology.

Da Silva, P. F.; Martins, A. C. da S. (2011); Muay Thai versus força, flexibilidade e agilidade. Uma análise da contribuição do Muay Thai na melhora das  valências físicas mais utilizadas na prática da modalidade; Buenos Aires, EFDeportes.com revista digital.

Jacques, R.A. (2005); Caracterização química da erva mate (Ilex paraguariensis): Aplicação de diferentes processos de extração e influência das condições de plantio sobre a composição química; Porto Alegre, Tese de Doutorado - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 139 f.

Linhares, T.C.; Lima, R.M. (2006); Prevalência do uso de suplementos alimentares por Praticantes de musculação nas academias de Campos dos Goytacazes/RJ, Brasil; Rio de Janeiro, Revista Vértices, 101 p.  

Nogueira, S. C. G.; Valentim, A. C. F. F.; Silva, J. R. V. (2011); Efeito da atividade física e cafeína no processo de emagrecimento: um estudo piloto; Buenos Aires, Revista Digital EFDeportes.com, 1 p.

Pedroso, G. L.; Mendes, R. H.; Persch, K.; Jahn, M. P.; Kucharski, L. C. (2010); Efeito do Extrato Aquoso de Ilex paraguariensis sobre o Metabolismo de Ratos Machos;  Revista HCPA; 241 p.

Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (2006); Perda de Peso: Tratamentos Heterodoxos e Suplementos Nutricionais. Projeto Diretrizes, Ed. Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina.


1. Acadêmica do Curso de Nutrição das Faculdades Integradas dos Campos Gerais - Brasil. kelyn.k17@hotmail.com
2  Docente do Curso de Nutrição da Faculdades Integradas dos Campos Gerais. Brasil. lorene@cescage.edu.br
3 Docente do Programa de Pós Graduação em Ensino de Ciências – UTFPR. Brasil. Brasil.  ancafra@gmail.com


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