Sustentabilidad y responsabilidad social: propuesta de un modelo de diagnóstico socio-ambiental basada en investigación empírica
Marlete Beatriz Maçaneiro, Christiane Hiromi Tanabe Ogassawara y Débora Andrea Liessem Vigorena
Recibido: 16-04-09 - Aprobado: 13-07-09
De acordo com Pessali e Fernández (2006), as decisões a respeito do desenvolvimento e das escolhas de tecnologias alternativas têm forte caráter de irreversibilidade e cumulatividade, onde a herança das decisões passadas influencia as decisões presentes. As tecnologias perduram e são difundidas por vários meios, sendo que o sucesso individual de uma tecnologia constitui, em geral, uma condição necessária para que possa sobreviver. Nesse sentido, há três aspectos importantes:
Segundo Nelson (1990), na abordagem schumpeteriana, as empresas detêm privadamente, por certo período de tempo, a nova tecnologia que elas criam, em detrimento ao conhecimento científico público. As leis e a ética do capitalismo permitem que as firmas lucrem quando sua P&D cria algo que o mercado valoriza, induzindo os seus rivais a investirem em P&D. Ao mercado cabe as tarefas ex post de seleção das inovações oferecidas, assim como de seleção das próprias empresas. É nesse sentido que ocorrem os processos evolutivos, demonstrando um notável poder de aumentar as capacitações das pessoas e criando novas e eficientes tecnologias.
Assim, as escolhas tecnológicas por empresas, em uma economia capitalista, são seletivas, onde as tecnologias são selecionadas tanto de forma discricionária, quanto espontânea.
De forma discricionária, uma empresa pode adotar uma tecnologia em detrimento de outras sem que muitas pessoas estejam envolvidas no processo de escolha. [...]
De forma espontânea ou não-intencional, um mercado com vários participantes pode sancionar ou não certas tecnologias através da soma de escolhas individuais. (PESSALI; FERNÁNDEZ, 2006, p. 97).
Na compreensão do desenvolvimento de paradigmas tecnológicos, tornou-se importante estudar e entender os efeitos dos fatores push e pull. Nesse contexto, duas abordagens de análise do processo de inovação se destacam: o modelo linear de inovação, por meio da abordagem technology-push (ou science-push); e a hipótese da demanda de mercado denominada demand-pull (ou market-pull); seguidos de modelos que fazem junção dessas abordagens, buscando a interação com outros fatores intra e extra-firma.
Nesse sentido, a abordagem science-push baseada no modelo linear de inovação representa o processo de inovação a partir da criação de novas idéias e teorias, cujo conhecimento decorre da pesquisa científica de caráter básico. “Como essas idéias relacionadas à pesquisa básica fundamentariam o conhecimento aplicado e o desenvolvimento tecnológico, elas seriam transferidas para a economia seguindo esta seqüência: pesquisa básica – pesquisa aplicada – desenvolvimento tecnológico.” (CAMPOS, 2006, p. 143). A pesquisa básica se constitui no trabalho científico de caráter teórico ou experimental, apresentando uma aplicação genérica que é refinada pela aplicada. Esta tem por objetivo a obtenção de resultados com finalidades práticas e específicas, onde o desenvolvimento tecnológico inclui o teste de tais idéias e teorias. Assim, o modelo linear é completado com a comercialização das inovações em grande escala.
Seguindo essa linha, alguns autores visualizam a tecnologia ou a demanda em vez da ciência como o início da inovação e substituem a pesquisa básica por descoberta tecnológica ou demanda de mercado. Assim, o modelo science-push é transferido para dentro do modelo technology-push ou do market-pull. (SCHMOCH, 2007).
De acordo com Rothwell (1994), as inovações se enquadram em cinco diferentes gerações, onde a primeira foi a geração do technology-push, que assumiu que um maior P&D interno resulta em sucessos dos novos produtos, ou seja, a inovação seria empurrada pela tecnologia desenvolvida internamente pela firma, conforme pode ser verificado na Figura 1.
A diferenciação entre esses modelos ocorre devido ao papel atribuído às forças anteriores de mercado que moldam a direção do progresso técnico, relativo ao avanço da ciência e da tecnologia. O modelo technology-push enfatiza a oferta do processo de desenvolvimento técnico-científico como mecanismo básico, ou seja, como produto de programas de investimento relacionados à P&D. Dessa forma, ciência e tecnologia são relatadas como tendo caráter neutro, possuindo desempenho independente das forças de mercado. (GUIMARÃES; VIANA, 2001).
Já no modelo de demand-pull a inovação é representada como uma escolha dentre as possibilidades técnicas da organização, de acordo com os sinais emitidos pelo mercado (GUIMARÃES; VIANA, 2001). Para Rothwell (1994), esse modelo é considerado a segunda geração de inovação, no qual o mercado era a fonte de idéias, direcionando a P&D que tinha um mero papel reativo no processo. A figura 2 apresenta a estrutura desse modelo.
Mowery e Rosenberg (1979) realizaram uma análise de estudos empíricos de mudança técnica ao nível da empresa individual, os quais concluíram que a demanda de mercado é a influência dominante no processo de inovação, “estimulando” inovações em economias de mercado (abordagem demand-pull). Esses estudos enfatizaram que a demanda de mercado está mais associada a inovações bem-sucedidas do que às fontes de conhecimento externo advindas da pesquisa básica.
[...] a abordagem demand-pull simplesmente ignora, ou nega, a operação de um complexo e diverso conjunto de mecanismos secundários de oferta e demanda que estão alterando continuamente a estrutura de custos de produção (como também introduzindo produtos completamente novos) e que são então fundamentais à explicação do processo de inovação. (MOWERY; ROSENBERG, 1979, p. 142, tradução nossa).
O destaque é para a importância do fator da demanda de mercado sobre esse processo, o que não equivale ignorar a influência de fatores como a base científica e as condições tecnológicas internas e externas à firma sobre a inovação. Assim, o modelo demand-pull apresenta um indicativo importante de que a demanda é um fator adicional, além do conhecimento básico, a direcionar o processo de inovação. (CAMPOS, 2006).
Na Tabela 1, podem ser verificadas algumas diferenças entre esses modelos. No modelo technology-push, tanto a incerteza tecnológica como as despesas com P&D e a questão tempo são maiores em relação ao demand-pull. O primeiro modelo também pode ser caracterizado como de uma inovação radical, bem como um processo inovativo de aprendizado, enquanto o segundo tem como característica a adaptação.
Shikida e Lopez (1997) salientam que as principais críticas direcionadas ao modelo technology-push se referem à falta de explicação de como os fatores de produção afetam a ciência que, por sua vez, afetam a tecnologia; e ao reducionismo da visão linear verificada no modelo ciência-tecnologia-produção. Ainda segundo Guimarães e Viana (2001), embora esse modelo possa descrever a evolução ocorrida na indústria em áreas como a biotecnologia e engenharia genética, com conhecimentos específicos; ele tem baixa capacidade em explicar essa evolução para indústrias maduras. Isso ocorre por ignorar fatores econômicos que são importantes na definição da direção e da taxa do progresso técnico.
De acordo com Dosi (1984), apud Carvalho (2005), o modelo de demand-pull também apresenta fraquezas, tais como: a) falta de capacidade em definir o momento e as razões adequadas para a escolha de um avanço tecnológico em detrimento a outros; b) as mudanças nas capacidades inovadoras que ocorrem com o passar do tempo são negligenciadas, não havendo relação direta com as mudanças das condições do mercado; e c) falta de evidencias empíricas de que o mercado é o propulsor da atividade inovativa. Segundo Mowery e Rosenberg (1979), deve-se considerar tanto a demanda de mercado como a oportunidade tecnológica como condição necessária, mas não suficiente, para a inovação acontecer. Ambos têm que existir simultaneamente, além da existência de uma gama de estímulos importantes no processo de inovação. “Inovações que não são altamente sensíveis a ambos os conjuntos de forças são muito improváveis de alcançar o estado de sucesso comercial.” (MOWERY; ROSENBERG, 1979, p. 143, tradução nossa).
Da mesma forma, Nag, Corley e Gioia (2003) salientam que um foco único no modelo technology-push geraria processos criativos internos centrados no desenvolvimento pioneiro de tecnologia, tendo como base o avanço e melhorias tecnológicas. Nesse caso a organização estaria empurrando tecnologia no mercado sem identificar, primeiramente, o que o mercado necessita. Por outro lado, um foco apenas no demand-pull geraria menor pioneirismo em relação a tecnologia por ela mesma, direcionando-a para o atendimento às necessidades do mercado que gerará resultados em vendas. Mowery e Rosenberg (1979) salientam que as influências secundárias de demanda e oferta são cruciais para entender o processo de inovação e é a preocupação exclusiva com somente um desses modelos que é criticada por esses autores.
Tanto o modelo demand-pull quanto o technology-push reduz o progresso técnico a uma questão de demanda ou oferta, ausentando questões sobre outros determinantes da mudança tecnológica, tais como: o estado da arte da tecnologia, o processo de aprendizado, o dinamismo concorrencial de cada mercado em específico (SHIKIDA; LOPEZ, 1997). A interação entre os modelos technology-push e demand-pull é considerada importante para o processo inovativo. Sendo assim, o modelo chain linked (elo da corrente), proposto por Kline e Rosenberg (1986), apud OECD (2007), busca revelar como a inovação é gerada dentro das empresas e como ela é influenciada pelo que ocorre fora delas.
A inovação, para esse modelo, estaria na interação entre oportunidade de mercado e os conhecimentos e capacidade da empresa. Na interligação entre as funções, estariam envolvidos sub-processos cujos resultados são incertos, não havendo uma progressão linear. Assim, necessita de um retorno aos estágios anteriores para superar dificuldades encontradas no desenvolvimento, havendo um feedback entre todas as partes envolvidas no processo. O elemento de sucesso ou fracasso de um projeto de inovação estaria na capacidade das empresas em manter elos eficazes entre as diversas fases do processo de inovação. (OECD, 2007).
No modelo chain linked, a pesquisa é visualizada como uma forma de soluções de problemas, não apenas como fonte de idéias inventivas. Quando surgem problemas no processo de inovação, uma empresa usa sua base de conhecimentos (pesquisas anteriores, experiência prática e técnica). As dificuldades não resolvidas na base de conhecimentos são então repassadas para o sistema de pesquisas. (OECD, 2007).
A esse modelo Rothwell (1994) definiu como a terceira geração, caracterizada pelo “coupling model of innovation”, uma combinação entre os dois modelos anteriores, com uma forte ligação das áreas de marketing e de P&D (Figura 3). O autor salienta que os modelos de inovação technology-push e demand-pull foram considerados exemplos extremos e atípicos de um processo mais geral de interação entre as capacidades tecnológicas e as necessidades do mercado.
A quarta geração é representada pelo modelo integrado (integrated innovation process), baseado nas características de inovação em companhias japonesas principais. O modelo é caracterizado pela integração e desenvolvimento paralelo, onde as companhias integram os fornecedores no processo de desenvolvimento de novo produto, ao mesmo tempo em que integram as atividades dos diferentes departamentos. Ou seja, os departamentos trabalham simultaneamente no projeto (em paralelo), em lugar de consecutivamente (em série). (ROTHWELL, 1994).
A última geração de inovação é caracterizada pelo modelo de sistemas e redes, cuja base é o modelo integrado, caracterizada por uma variedade de práticas que possibilitam uma maior eficiência na produção. “Estas práticas incluem características organizacionais internas, fortes sistemas verticais articulados inter-firmas, sistemas horizontais externos e, mais radicalmente, o uso de sistema eletrônico sofisticado.” (ROTHWELL, 1994, p. 15, tradução nossa). Essa quinta geração do modelo do processo de inovação é composta por grandes redes integradas tanto horizontalmente quanto verticalmente, por associações entre firmas fornecedoras e consumidoras.
Portanto, este tópico desenvolvido relatou o que existe na literatura sobre modelos de inovação tecnológica, tendo como objetivo não limitar a visão apenas aos modelos technology-push e demand-pull. Entretanto, neste estudo será dada ênfase a esses dois modelos e a possibilidade de integração, pois têm aderência com os dados em estudo, os quais são apresentados e discutidos na seção 5 deste trabalho.
A pesquisa é caracterizada como estudo de dados secundários, com tratamento qualitativo, em que foram realizadas pesquisas bibliográficas, documentais e dos dados primários apresentados pela PINTEC 2003/2005, especificamente do Estado do Paraná.
A pesquisa bibliográfica foi utilizada principalmente no levantamento do aparato teórico, em que foram abordados os estudos de autores que trataram do processo de adoção de novas tecnologias. O objetivo foi o de traçar uma base teórica dos modelos de mudança técnica, os quais se constituem nos impulsionares do processo inovativo.
Os dados secundários foram utilizados os extraídos da PINTEC – Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (IBGE, 2008). Essa pesquisa é de cunho nacional, realizada pelo IBGE junto às empresas industriais brasileiras, de levantamento de dados sobre as atividades inovativas. Os setores de atividades são os enquadrados na Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE.
A utilização desses dados teve o propósito de realizar a análise do processo inovativo na indústria alimentícia paranaense, com ênfase nos modelos technology-push e demand-pull para adoção da inovação. A seleção desse setor foi intencional, tendo como norteador o fato de ele ser um dos que mais inovam, dentre os setores da indústria extrativa e de transformação do Paraná. Nesse sentido, para a análise pertinente ao estudo, optou-se por uma seleção intencional das Tabelas 2.1, 2.7 e 2.15, da PINTEC 2003/2005, relativas ao estado do Paraná (numeração utilizada pela PINTEC e mencionada neste trabalho de forma ilustrativa). Essas tabelas contemplam empresas que implementaram inovações e com dados importantes para caracterizar a amostra e prover a análise proposta. Segue-se então com essa análise no capítulo precedente.
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