Miguel de T. e Argollo Junior, Alfredo N. Tsukumo, Amândio F. Balcão Filho, Ana Lúcia de S. Sampaio, Angela Maria Alves, Francisco F. Primo, Marcos A. C. Cruz, Antonio Montes Filho, Thais T. Maciel, Wagner R. de Martino
Embora a fase de acompanhamento do fornecimento não tenha sido iniciada na época da preparação deste artigo, esta seção apresenta como ela deverá ser realizada.
As exigências do Edital e as questões técnicas e de processo solicitadas na proposta delinearão as atividades de acompanhamento de projeto que deverão ser efetuadas, dando respaldo ao CenPRA para acompanhar e agir ao longo do desenvolvimento do projeto.
O Edital colocou como exigência que “o processo de desenvolvimento deverá ser compatível com os processos de gerência de projeto, gerência de requisitos, gerência de configuração e garantia da qualidade do MPS.BR” [CenPRA 2005]. Além disso, as exigências relativas à experiência da equipe e da empresa e as respostas sobre aspectos técnicos e de processos servirão como base para a definição e execução do acompanhamento do projeto de desenvolvimento.
As atividades de acompanhamento serão definidas a partir da aprovação do plano de projeto, a ser elaborado pela empresa fornecedora, que definirá as formas de comunicação e acompanhamento e as ações da garantia da qualidade, executadas pelos responsáveis da empresa e verificadas pelo CenPRA. Do acompanhamento participarão especialistas do CenPRA em gerência de requisitos, garantia da qualidade, gerência de configuração, testes e segurança de dados, além dos responsáveis pelo atual SIGTEC.
O objetivo de selecionar uma empresa com a experiência, capacidade técnica e de processos necessários e obter preços compatíveis com a complexidade do trabalho e dentro da limitação orçamentária foi plenamente atingido. Algumas evidências reforçam esta conclusão:
Pelo valor da licitação e não especialização do tipo de aplicação esperava-se um grande número de propostas. No entanto, apenas nove empresas se apresentaram. A hipótese que fazemos é de que as exigências do Edital inibiram empresas que não tivessem um mínimo de confiança na sua capacidade técnica e de processo. Um destaque neste aspecto é que das nove empresas, quatro são avaliadas em CMM ou CMMI em níveis 2 ou 3 e uma é certificada pela ISO 9001.
A pontuação técnica destacou duas empresas das demais. Essas duas empresas são avaliadas em CMM ou CMMI e apresentaram evidências consistentes sobre a experiência, as técnicas e os processos que utilizam (Figura 2).
A empresa vencedora apresentou o segundo menor preço, dentre todas as propostas apresentadas e válidas tecnicamente.
Deve-se destacar que o requisito colocado no edital, que exigia a fundamentação das respostas aos questionários técnicos e de processos com referências reconhecidas causou um impacto inesperado nos resultados da licitação. Tal requisito tinha como objetivo exclusivo eliminar propostas sem embasamento adequado. Entretanto, dentre as empresas que não indicaram referências, há evidências nas propostas de três delas de que elas possuíam processos bem embasados. Este fato impediu que suas respostas fossem consideradas, o que impactou em seu posicionamento classificatório.
Outro aspecto importante foi a tranqüilidade observada no processo licitatório: não houve qualquer questionamento das condições do edital e os recursos apresentados foram resolvidos sem maiores problemas, inclusive com uma situação de acatamento e revisão de pontuação técnica. Esse comportamento dos licitantes pode ser atribuído à transparência, eqüidade, justeza e eficácia do edital, ou seja, tudo que se exigia era claro, possível, necessário e suficiente para os objetivos da contratação.
Em geral, constatou-se a possibilidade de conciliar a busca de informações mais detalhadas sobre o processo de desenvolvimento das empresas com uma avaliação objetiva.
Este artigo relata uma experiência de sucesso do emprego de um processo de aquisição que por causa de sua ênfase na obtenção de detalhes técnicos, oferece vantagens aos dois lados envolvidos no relacionamento. Por um lado propicia ao comprador maior probabilidade de obter um produto que atenda às suas expectativas e, por outro, possibilita ao fornecedor, ao ser estimulado a prover mais detalhes, uma melhor visualização antecipada do trabalho a ser efetivamente realizado, com isso permitindo condições de apresentar uma proposta com os riscos melhor dimensionados.
Entre as metas importantes atingidas pelo projeto podem ser citadas: a) a eliminação de empresas com um perfil de processos distinto do esperado pela organização adquirente, b) a participação de empresas que apresentassem processos de desenvolvimento bem organizados, independentemente de possuírem certificações formais de capacidade e c) um bom balanceamento entre os aspectos técnicos e de preço.
Por fim, ressalte-se a importância da participação de especialistas em processo de software do CenPRA (tanto de processos de desenvolvimento como de aquisição) que tornou possível a concretização das metas acima indicadas, ratificando os preceitos da engenharia de software. Este ponto parece indicar que um caminho para uma empresa que queira ter sucesso na contratação de sistema e serviços de software passa pela criação e investimento em uma equipe especialista em engenharia de software que tenha condições de manter sob controle os diversos projetos contratados.
O projeto apresentado não teria alcançado suas metas sem a percepção da comissão de licitações do CenPRA que possibilitou a abertura necessária à criação e atuação do GTA.